Texto: Paulo Bloger  Fotos: Marcos Labanca/H2FOZ

Foz do Iguaçu ao extremo: calorão impacta trabalho, uso de ônibus e saúde

O que especialistas descrevem como impacto do calor no ser humano, os moradores da extrema Foz do Iguaçu sentem na pele e nas ruas todos os dias.

Sofrem muito os trabalhadores expostos ao sol , passageiros de ônibus nos horários mais quentes e até quem busca atendimento em saúde. A lista vai longe.

Imagine ficar o dia todo em uma plataforma elevada, com o Sol batendo de frente e manuseando materiais e equipamentos aquecidos.

É muito? Acrescente roupas especiais que elevam a temperatura do corpo, luvas, botinas, proteção de rosto e capacete.

São três profissionais, que para enfrentar o calor consomem 15 litros de água, com direito à reposição dos garrafões, elevando esse volume. “O cansaço é mais rápido, e a gente fica mais irritado”, contou. “Ao chegar em casa, é um banho demorado na água fria, ar condicionado e, não pode faltar, um tererê gelado”, receitou Max.

É a labuta de Max Delys (42) e da sua equipe, que prestam serviço à Copel em instalação de redes elétricas.

A cidade registrou a mais alta temperatura média para fevereiro desde 2018, de 26,9°C, conforme o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná).  O que está sendo chamado de onda de calor mantém as temperaturas da cidade altas nos próximos dias, com 34°C de máxima, até domingo, 9, com os picos de elevação entre 14h e 16h.

Aposentada, moradora em Três Lagoas, Valdice Moreira dos Santos (66) pega o ônibus duas vezes por semana para fazer tratamento odontológico no Morumbi, à tarde – mais quente.  Ela usa a linha Interbairros até a sua região e outra lotação para chegar a sua casa. São cerca de duas horas no trajeto: 40 minutos de espera no ponto e o restante dentro do coletivo.

Para retornar à residência, Valdice utiliza o ponto de ônibus com ar-condicionado da Avenida Mario Filho, o que é um alento parcial no calor.  Parcial porque, diz a passageira, depois das 15h, a temperatura é insuportável e não dá para sentar no banco de ferro, que aquece. “Eu fico esperando o ônibus atrás do ponto, que é mais fresco, porque tem árvores”, revelou.

“Não é fácil enfrentar esse sol todos os dias, o desgaste da gente é muito maior”, reclamou. “Uso o manguito, essa roupa de motocicleta e bebo uns oito litros de água”, disse o cearense, que há 18 anos veio para a fronteira em busca de trabalho e vida melhor.

Nem o clima semiárido de Campos Sales (CE), cidade natal, parecia ser tão quente como o de Foz, expõe o vendedor de porta em porta Francisco José dos Santos Filho (55).

Na tarde de quarta-feira, 5, a reportagem foi à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Morumbi. O ar-condicionado da recepção funcionava, mas a recepção estava lotada de pessoas.  Estudante de Medicina no Paraguai, jovem de 19 anos e moradora do Portal da Foz, que terá o nome preservado, reportou ser necessário um exercício de paciência.

“A irritação fica muito maior com a gente tendo de esperar o atendimento na saúde de Foz do Iguaçu”, ressaltou.  “Semana passada, precisei brigar com o médico para meu irmão ser atendido de forma adequada. Hoje, estou acompanhando a minha amiga, que está sentido dores abaixo do peito. É preciso ter paciência”, pontuou.