Enquanto não sai liberação de entrada no Brasil, argentinos recebem “golpe” do governo argentino, que quer evitar gastos no exterior.
As praias catarinenses provavelmente não vão ter o tanto de argentinos com que os setores de turismo sonhavam contar, na temporada de verão.
Agora, já não é mais culpa do Brasil, que até hoje ainda náo alterou a portaria que proíbe o ingresso no País de estrangeiros por via terrestre, sem atender à reciprocidade prevista nas relações exteriores, já que a Argentina e o Uruguai abriram as fronteiras aos brasileiros há quase um mês.
Desta vez, é o próprio governo argentino que põe um empecilho pras férias de argentinos fora do país: eles já não podem financiar em prestações, no cartão de crédito, a compra de passagens, estadia ou serviços no exterior.
Desde sexta-feira, 26, o argentino só poderá financiar uma viagem ao exterior por meio de empréstimos pessoais ou pagando juros elevados.
Com falta de dólares, o governo quer que o argentino não saia do país, para fortalecer o mercado interno, apesar das críticas da oposição e do mal-estar dos operadores turísticos argentinos.
O portal El Territorio ouviu o presidente da Associação Missioneira de Agências de Turismo, Héctor Dopaza, para quem a medida “impacta diretamente sobre o setor e golpeia especialmente as agências menores”.
A porta-voz do governo, Gabriela Cerruti, defende a medida, que disse ser momentânea, pontual e específica. “Estamos protegendo a reativação econômica, que é muito forte”, afirmou, dizendo que “estamos saindo da crise econômica dos quatro anos de macrismo (do governo do ex-presidente Mauricio Macri) e dois anos de pandemia”.
Pra quem viaja dentro do país, há programas de incentivo que permitem recuperar até 50% dos valores gastos. As viagens aéreas podem ser financiadas no cartão de crédito, enquanto para o exterior os serviços contratados pagos com cartão de crédito tèm que ser saldados num único pagamento ou financiados a 43%.
“MARRETADA”
Héctor Dopazo considera que é “uma medida supernegativa e contraditória”, que vai afetar os argentinos de classe média da província de Misiones, que têm como destino habitual as praias do Sul do Brasil ou o Chile, que “nem são grandes viagens”.
“A sensação é que o governo teima de alguma maneira em castigar nosso setor”, desabafou. “Quando começamos a retornar à atividade, com o Plano Previaje a nível nacional e com a esperança das aberturas da fronteira, ante a melhora na situação epidemiológica tanto em Misiones como nos países limítrofes, voltam a nos dar uma marretada com esta medida intempestiva, sem consultar o setor”.
As companhias aéreas estrangeiras também repudiaram a decisão do governo. Já a estatal Aerolíneas Argentinas disse que não será afetada.
O representante das agências de turismo de Misiones alerta que as empresas aéreas “acabarão restringindo as frequências de voos, para o caso dos que necessitam entrar no país. Com tudo isto, se destrói a previsibilidade tão necessária”.
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