Já há 98 milhões de moradores dos Estados Unidos totalmente imunizados contra a covid-19. E isso é bom para o Brasil e para Foz do Iguaçu: os vacinados já estão fazendo turismo pelo mundo.
No Parque Nacional do Iguaçu, os números ainda não são expressivos, mas já mostram uma tendência: depois dos paraguaios, os americanos são os turistas estrangeiros que mais vieram a Foz do Iguaçu, em 2021.
Historicamente, os argentinos sempre ficaram em segundo lugar, depois dos brasileiros, mas, com a fronteira fechada, agora poucas dezenas deles vêm às Cataratas do lado de cá.
VISITANTES DE 2021
Nestes primeiros quatro meses do ano (até 27 de abril), o Parque Nacional do Iguaçu recebeu 154.481 visitantes, dos quais 142.369 são brasileiros, 7.586 paraguaios e os 4.526 restantes são turistas de todos os continentes, entre os quais 677 americanos. Veja no quadro, com dados do Parque Nacional do Iguaçu:
Para ter uma ideia do que representou a queda do turismo em Foz, nos primeiros quatro meses de 2019, também até 27 de abril, as Cataratas do lado brasileiro foram visitadas por 662.074 turistas. Descontando-se brasileiros, argentinos e paraguaios, o total de estrangeiros somou 169.951 visitantes, 10% dos quais (16.960) vindos dos Estados Unidos.
Os 4.526 estrangeiros de janeiro a 27 de abril deste ano representam apenas 2,6% do total de visitantes de outros países (excluindo-se argentinos e paraguaios) que estiveram em Foz, no mesmo período de 2019 (2020 não conta, porque já no dia 18 de março o parque foi fechado à visitação).
Mesmo a visita de brasileiros sofreu uma queda muito forte. Os 142.369 visitantes deste ano representam 42% do total registrado nos primeiros quatro meses de 2019.
DESTINOS SEGUROS
Mas onde está, então, a boa notícia? Ela vem de conversas de turistas americanos e também alemães que frequentam o restaurante Empório com Arte, na Avenida das Cataratas, procurado por estrangeiros que apreciam uma aproximação com sabores originais do país e com a cultura local. Ali tem isso.
Sérgio Teixeira, sócio do restaurante, conta que recebeu muitos clientes americanos e alemães, nos últimos tempos. E soube por eles duas coisas: a primeira é que, já vacinados, podem viajar pra qualquer lugar, mesmo pra um país onde a pandemia corre solta, como o Brasil. Mas que, mesmo assim, procuram destinos seguros, tanto em relação à covid-19 quanto na questão da violência urbana. Nos dois quesitos, ponto para Foz do Iguaçu.
Esses turistas, segundo Sérgio, estão na faixa dos 35 a 40 anos e “loucos pra viajar”, depois de um ano difícil, de lockdowns e restrições variadas.
Um desses turistas, alemão, chegou a dizer que discordava totalmente das proibições provocadas pela pandemia. Mas que se sente bem ao viajar para um destino em que há segurança sanitária, em que os estabelecimentos, como os restaurantes, cumprem os protocolos.
O Empório com Arte foi elogiado por manter as mesas e os cardápios esterilizados e, também, porque os garçons mantêm a distância necessária e sempre estão com máscaras. “Eles se sentem seguros”, disse Sérgio. Segurança que alguns deles não sentiram quando passaram pelo Rio de Janeiro e São Paulo.
AMPLIAÇÃO
Apesar da crise provocada pela pandemia, Sérgio Teixeira e o sócio, Luiz Carlos Siqueira, não demitiram ninguém do restaurante. E, agora, vão ter que admitir mais gente, porque a clientela voltou e até se ampliou.
Na pandemia, ambos resolveram investir num anexo ao Empório com Arte – a Casinha Laranja. Semelhante ao restaurante, a Casinha Laranja também ocupa uma antiga casa de madeira na Vila Yolanda, bem pertinho da Avenida das Cataratas. Ali virou um reduto de artistas de Foz, que podem expor e vender quadros, esculturas e outros trabalhos.
“A gente descobriu que Foz tem muitos artistas, que estão procurando um espaço”, conta Sérgio. “A Casinha Laranja é um coletivo de artistas, mas só locais”, explica.
E, mais uma vez, ponto para os sócios: alguns dos estrangeiros que procuram o Empório também querem conhecer a Casinha Laranja. Quase sempre, saem com algum trabalho debaixo do braço, seja do próprio restaurante, onde há dezenas de peças, ou da Casinha que abriga os artistas de Foz.
DEFINIÇÃO
Sobre a Casinha Laranja, a jornalista Patrícia Iunovich depôs, no Facebook:
A Casinha Laranja é um espécie de coração aberto para todo tipo de arte genuinamente iguaçuense. É uma extensão do Empório com Arte, que mescla história, cultura e arte a partir do resgate da própria memória do local. Ideia do proprietário Sérgio, mineiro de Ouro Preto, que deixou sua carreira de farmacêutico para abrir uma galeria de arte em uma das casas mais antigas da cidade. Alma restaurada, traz o aconchego e um tantinho de alegria no seu “memorial colorido” recheado de arte mineira e de Foz do Iguaçu. Um bar restaurante com pegada de centro cultural.
Agora, na Casinha Laranja, tudo junto e misturado é a receita de sucesso. Enquanto uma playlist abraça os visitantes com músicas da melhor qualidade, rola corte de cabelo, leitura de cartas e exposição de artistas de Foz. Por causa da pandemia, a entrada é restrita, mas logo esse projeto vai reverberar mundo afora. Sorte nossa. Sorte dos turistas que terão mais essa opção num dos roteiros gastronômicos mais charmosos de Foz. É a nossa Vila Madalena.
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