Desde que a fronteira foi fechada, o turismo em Puerto Iguazú – altamente dependente do Brasil – se esvaziou.
E tudo piorou quando o Parque Nacional Iguazú começou a ser fechado. É o quarto final de semana em que isso acontece.
No setor de hotelaria, este ano, um hotel fechou e o dono foi se dedicar à agricultura.
Mais recentemente, dois grandes hotéis – um deles de luxo – decidiram encerrar atividades durante o mês de junho, já que, sem movimento, os custos para manter abertos os estabelecimentos significam prejuízo.
E o comércio “está agonizando”, como disse o presidente da Câmara de Comércio de Puerto Iguazú, Joaquín Barreto.
Cerca de 90% das lojas da cidade vivem do turismo e do tráfico vicinal fronteiriço. O último não existe; o turismo vai a passos de moribundo.
Das 2.500 lojas contabilizadas pelo censo de 2018, 30% fecharam após a pandemia, com mil demissões no setor.
Que se somam às demissões no setor gastronômico e também no hoteleiro.
E A RECUPERAÇÃO?
Quando houver vacinas suficientes pra todo mundo, Foz do Iguaçu deve se recuperar rapidamente. Mas Puerto Iguazú vai demorar mais.
Em Foz, a ideia foi manter os atrativos turísticos abertos, mantendo os cuidados necessários.
Mesmo com queda no número de visitantes, essa medida permite que haja uma sobrevida ao setor, à espera de melhores dias.
Puerto Iguazú não teve e não tem esta sorte.
CASOS E MORTES
Embora com todas as restrições vigentes, para evitar que a pandemia se alastre ainda mais, a situação da Argentina é uma das piores do mundo, nas últimas semanas.
O país registrou 172.123 casos na última semana. Ficou em 4º lugar no mundo, atrás apenas de Índia, Brasil e Colômbia, conforme o Worldometers.
No mesmo período, esse total representou 3.776 casos por 1 milhão de habitantes. A Argentina ficou na frente de Índia, Brasil e Colômbia, mas está em 5º lugar (Uruguai está em 2º). O Brasil, em 15º, registrou 2.194 por milhão (e é muito!).
MORTES POR MILHÃO
Já no índice de mortes por milhão de habitantes, a Argentina permanece pela segunda semana seguida no 3º lugar, com o índice de 92 óbitos, atrás de Paraguai e Uruguai.
Em números absolutos, com 4.208 óbitos na semana, a Argentina ficou em 3º lugar, atrás de Índia (23.634) e Brasil (13.729).
A tradução desses índices negativos da Argentina, apesar de todas as restrições, é: a população não segue as medidas de controle da pandemia.
O governo insiste, mas se não há adesão da população, nada vai resolver.
Uma situação que se repete em qualquer país da América do Sul, onde há mais gente em bares e restaurantes do que nos países que já imunizaram grande parte da população.
Outra tradução que se pode fazer é que o governo argentino não conseguiu conciliar a questão econômica (leia-se empregos) com o combate à pandemia.
EM 24 HORAS E TOTAL
No sábado, 12, a Argentina contabilizou 18.057 casos e 447 óbitos. O total de mortes subiu para 85.075, enquanto o de casos passou a 4.111.147.
O lado positivo é que o país acelerou o plano de vacinação, com quase 2,4 milhões de doses aplicadas na última semana.
Segundo o site Our World in Data, proporcionalmente à população a Argentina superou o Brasil em vacinação.
Foram imunizadas com pelo menos uma dose 28,1% dos argentinos. No Brasil, foram 25%.
Mas há mais brasileiros que já tomaram as duas doses (11%) ante 7,1% dos argentinos.
Isto é, ambos estão atrasados em relação a países europeus.
Curiosamente, tanto o Brasil como a Argentina não aceitaram, no ano passado, os termos propostos pela Pfizer pra vender as vacinas. Poderia ser diferente?
ATRASO GERAL
Mas o ritmo na Europa ainda está distante do que se imaginava.
Depois do Reino Unido, onde 60% já receberam ao menos uma dose, só a Hungria imunizou pouco mais de 50% dos moradores.
Na América do Sul, estão bem o Chile e o Uruguai.
O Chile está em 3º lugar no mundo, com 61% de imunizados (uma ou duas doses), enquanto o Uruguai está em 5º, com 60% de vacinados.
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