O Parque Nacional Iguazú, na Argentina, passará a abrir todos os dias, a partir deste sábado, 19 (com exceção do dia 25, Natal, e de 1º de janeiro). Podem comprar ingressos visitantes de todo o país, e não apenas os da província de Misiones.
Mas, para vir a Misiones, os argentinos de outras localidades terão que portar atestado negativo para covid-19 ou fazer o teste no aeroporto de Puerto Iguazú, ao custo de 2 mil pesos (R$ 123, ao câmbio de hoje).
Até o final de semana passado, a entrada era gratuita no parque, que oferecia 500 ingressos no sábado e 500 no domingo. Mesmo assim, a cota nunca chegou a ser preenchida, talvez porque só era possível fazer um circuito, na chamada “caminhada recreativa”.
Agora, com todos os circuitos e passeios liberados (exceto o Circuito inferior e o Sendero Macuco, nesta primeira fase), o argentino de outras localidades pagará 530 pesos pelo ingresso (R$ 33). Para quem mora em Misiones o preço é bem mais baixo (R$ 6,00). Os ingressos são vendidos apenas pela Internet.
Pra completar, quando a Argentina reabrir as fronteiras, moradores do Mercosul vão pagar 1.200 pesos (R$ 74); para turistas de outros países, entrada será de 2 mil pesos (R$ 123).
Há ainda um custo extra de 150 pesos para pagamento de um guia (menos de R$ 10).
A retomada do turismo em Puerto Iguazú se dá de forma muito lenta. Em julho, o parque reabriu para moradores de Puerto Iguazú e, posteriormente, de Misiones, mas apenas nos finais de semana.
No fim de semana passado, começaram a chegar visitantes de outras regiões do país, mas o movimento nos hotéis foi pouco expressivo e os restaurantes praticamente continuaram às moscas.
REABERTURA DA FRONTEIRA
Há boa expectativa de que a situação comece a mudar a partir de agora, mas a grande expectativa é a reabertura da fronteira com o Brasil. São os brasileiros que movimentam o comércio e os restaurantes de Puerto Iguazú.
O jornal La Nación diz que as autoridades de Misiones – que até agora nada fizeram, a gente acrescenta – sabem que a abertura da Ponte Tancredo Neves traria não só turistas para visitar o lado argentino das Cataratas, como compradores brasileiros e paraguaios, atraídos pela desvalorização do peso.
De outro lado, argentinos de Misiones precisam que seja reaberta a fronteira porque utilizam o aeroporto de Foz do Iguaçu para viajar ao Rio de Janeiro e outros destinos no Brasil, já que a distância é bem menor do que ir ao aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires.
O La Nación lembra que as Cataratas da Argentina receberam, no ano passado, um número recorde de 1.635.237 visitantes. Em janeiro, já começou com recorde de 200 mil turistas e com o aeroporto, depois de reformado, funcionando normalmente, o que atrairia ainda mais visitantes.
Mas, com a vinda do coronavírus, fechará 2020 com a maior queda de sua história. Puerto Iguazú foi uma das cidades mais castigadas economicamente pelo coronavírus, porque depende em grande medida da atividade turística, conclui La Nación.
ARRECADAÇÃO DE MISIONES
Se Puerto Iguazú sofreu com o fechamento da fronteira, não se pode dizer o mesmo da província à qual pertence, Misiones. A arrecadação da província, de janeiro a novembro, foi de 30,3 bilhões de pesos (cerca de R$ 1,8 bilhão), 76,9% a mais do que no mesmo período do ano passado.
O motivo desse crescimento, que foi no sentido oposto ao das demais províncias argentinas, foi o fechamento da fronteira com o Paraguai, para onde iam os moradores da província fazer compras diariamente.
O governo da província disse, nos últimos meses, que com a fronteira fechada cerca de 10 bilhões de pesos (cerca de R$ 620 milhões), deixaram de ser gastos no Paraguai, injetando os recursos no comércio local.
Misiones já superou sua meta orçamentária para o ano, que era de 19,1 bilhões de pesos, e a arrecadação deste ano já é a melhor dos últimos seis anos.
Nenhuma província argentina teve um resultado tão bom. A que ficou mais perto foi Córdoba, com um aumento de 31,9% na arrecadação, 45 pontos percentuais a menos que Misiones.
PRA ENTENDER
São esses dados que fazem o governador Oscar Herrera Ahuad não batalhar pela reabertura da Ponte Tancredo Neves, que para Puerto Iguazú e Misiones seria benéfica, já que aumentaria o ingresso de recursos vindos do turismo brasileiro e dos compradores da fronteira.
O problema é que pegaria muito mal reabrir aqui e manter fechada a fronteira com o Paraguai, apesar dos insistentes apelos do país vizinho.
Por enquanto, a desculpa que ainda cola é o recrudescimento dos casos de covid-19 tanto na própria província quanto no lado paraguaio e em Foz do Iguaçu. Mas, certamente, esta não é a maior preocupação do governo de Misiones.
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