Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Na data de 04 de outubro é comemorado o Dia Mundial dos Animais e do seu padroeiro, São Francisco de Assis. Um jovem rico, nascido na Itália em 1182, que fez votos de pobreza e pregou o amor ao próximo e aos animais.
Os protetores de animais homenageiam São Francisco de Assis, compartilhando nas redes sociais seus ensinamentos e participando de celebrações de missas. Mas na vida real, há que se lembrar que mesmo sem desejar fazer votos de pobreza, muitos protetores de animais vivenciam perrengues financeiros.
A pessoa que é intitulada de protetor de animais tem uma carga muito pesada a carregar. Ela se sente pior se não socorrer um animal, mesmo sem condições financeiras ou psicológicas para isso. Não socorrer, não acolher. Muitas vezes não há esta opção. A pessoa vai lá e faz, e depois chegam as consequências.
Eu já discorri sobre essa assunto aqui, ao mencionar como o amor aos animais pode ser motivo de vários conflitos familiares. E se lá pelo ano de 1200, Pedro Bernardone, o pai de Francisco era inconformado de o filho investir suas riquezas para atender a pobres e doentes e pregar o amor a todas as criaturas, hoje há muita gente incomodada com as ações dos protetores.
As famílias ficam desconfortáveis porque é muito tempo, dinheiro, dedicação e estresse. Os gestores também se incomodam porque não aceitam as críticas, os problemas levantados por aqueles que usam sua voz em prol dos animais. Os vizinhos também reclamam, porque não querem perto de si pessoas tão próximas de cães, gatos, os animais domésticos mais comuns em nossa sociedade.
Por outra perspectiva, a atitude de resgatar um animal que precisa de socorro é digna, porém, para os gestores, isso é o ideal. Se todos resgatarem, o problema deixa de existir. Se não há demanda para dar melhores condições de vida aos animais, logicamente não haverá investimentos.
E nessa ânsia e imediatismo para salvar, os protetores acabam deixando para outro momento a ação em torno de se criar e exigir políticas públicas para garantir os direitos dos animais. Afinal, todo e qualquer avanço e resultado conquistado foi por conta de muita articulação e luta da sociedade, dos movimentos organizados, seja em qual área for.
De outro modo, em contraste com a simplicidade e amor verdadeiro destes protetores, em nome dos animais, da causa animal, muita gente vai ganhando visibilidade e começa a pegar gosto pela coisa. E já usa o contexto como trampolim político. E sem real envolvimento, os benefícios giram somente em causa própria.
A causa animal é muito maior que uma plataforma política. Quem realmente gosta de animais, independente de credo religioso, os tratam sim como irmãos. Conheço centenas de protetores, protetoras que deixam de comer para dividir com os animais do convívio. Pessoas simples, que aumentam uma diária na semana para pagar a ração dos animais que alimentam nas ruas.
Elas se despem do orgulho, do acúmulo de riquezas materiais porque querem tão somente ajudar os animais. Todo mundo já ouviu falar de alguém que ama os animais: ‘Se eu tivesse dinheiro, comprava uma fazenda e levava os animais para lá!”. Que tal começarmos a cobrar que os municípios, que tanto cobram nossos impostos, passem a vislumbrar essa ideia? Por qual motivo animais, como os cães, precisam ficar enjaulados em canis, com tanto campo para correr? Por que os gatos sofrem tanto pelas ruas, com a ausência de castração em massa, por exemplo, enquanto nossos impostos só aumentam?
Precisamos usar nosso amor pelos animais como combustível para exigir que o poder público cumpra com suas obrigações. Aliás, o poder público, não é nada nada franciscano, não faz nada gratuitamente. É tudo subsidiado por nossos impostos. Que eles também sejam canalizados aos animais, que não acumulam fortunas, e nos ensinam todos os dias sobre o verdadeiro valor da vida.
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Parabéns Aida pelo texto maravilhoso compartilhado, sou expressar muito bem o nosso dilema o dilema do protetor.