Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Esta é uma das épocas do ano mais difíceis para os animais, em todos os sentidos. É a matança generalizada, para a indústria alimentícia; a venda de filhotes que vão ser usados como presentes e sabe-se o destino de cada um; o abandono de quem quer viajar e não quer preocupação e a fuga por causa do fogos de artifício.
Estes são apenas alguns dos principais problemas relacionados à causa animal que agravam-se nas festas de final e início de ano. Porque, para ajudar nisso tudo, há pela frente semanas de recesso de órgãos públicos que são concebidos para proteger os animais. Se o fazem, de fato, já é outra história.
Ocorre que não há férias quando se trata da questão animal. Na verdade, como já frisei, neste período é quando mais precisam de socorro. E aí a responsabilidade fica para as pessoas voluntárias, que se sacrificam o ano todo e nestas horas também.
Na maioria das cidades simplesmente não há um serviço público para pedir socorro a animais nem mesmo nos dias comuns, não festivos. Em outras há até uma estrutura bem montada, com secretários, chefes, assessores, todos com salários robustos. Porém, o trabalho fica mais no mundo virtual. No mundo real, nos diversos cantos das cidades, nas periferias, nos distritos, esse braço do poder público nem sempre alcança.
2024 é ano eleitoral e se antes era praxe que os candidatos aparecessem comendo um pastel na feira e em fotografias beijando crianças, agora o pet é a bola da vez. Vai um candidato fazer algo negativo para um animalzinho e deixa cair ne internet, para ver se ele não coloca em risco a eleição… Dificilmente algum político vai ser tão mal assessorado para dar essa bola fora.
Se tais deslizes são evitados durante o período eleitoral e, pelo contrário, falar de animal é atingir um público cada vez mais crescente, há falhas graves que acontecem ao término da campanha eleitoral e desenvolvimento do mandato. É quando um político usa animais para sua campanha eleitoral e fica omisso nos outros 4 anos. Isso não é raro e acontece muito.
A causa animal ainda não recebeu a atenção necessária. Até porque, como qualquer outra bandeira, é um movimento que exige a criação de políticas públicas, o fortalecimento através das leis. Mas, muitas vezes, os protetores focam no socorro imediato e, sem tempo ou informação, acabam sem vez nas bancadas, nos ‘lobbies’ que tanto influenciam nas decisões políticas.
Precisamos de políticas públicas que retornem nossos impostos, de forma efetiva na causa animal. E também precisamos de um olhar mais cuidadoso no momento de selecionar aqueles que vão decidir sobre o destino dos mesmos, com contratos muito bem pagos! Quer um exemplo? Processo de licitação para definir quem vai gerencial algum serviço público existente, nos moldes de canil ou gatil, que até hoje são definidos pelo menor preço. Quem oferta o menor preço pra cuidar de um animal oferecer o melhor cuidado?
Também é bastante comum que o trabalho das protetoras independentes seja anulado, ignorado. E se se trata de pessoas com posicionamento crítico, ficam ainda mais de escanteio. A preferência é por um perfil de protetor governamental, aquele tipo que passa pano e atesta que está tudo indo a mil maravilhas.
Nem todo mundo que gosta de animais quer levantar bandeiras, mas ao menos deveria exigir que as políticas públicas realmente aconteçam. Muitas pessoas adoecem, tentando abraçar o mundo, tentando frear tanto sofrimento. Há inúmeros conflitos familiares e já falei sobre isso aqui. Do mesmo modo que uns não dão a mínima importância a animais, outros dedicam suas vidas a eles.
Não deveria ser um peso. Cuidar e estar com animais, é uma dádiva. Mas para tanto, os órgãos que são criados e as pessoas que são pagas para isso, deviam fazer sua parte e planejar um modo para que na época que os animais mais precisem, as portas não estejam fechadas. Porque o sofrimento não tira férias, fica de plantão o tempo todo…
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