O consumismo natalino e o meio ambiente

As luzes dos enfeites natalinos são inferiores à que as embalagens jogadas pelas vias.

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

O Natal, que na simbologia cristã é o renascimento, a nova vida, para o meio ambiente é uma tragédia. A época em que o consumismo reina e a poluição também. E se falar que, somado a isso, temos a Black Friday, a coisa fica ainda mais estarrecedora.

Quem é que não quer ganhar um presente ou presentear alguém? A tradição natalina de trocar presentes precisa incluir nisso tudo a logística reversa. E isso tem de partir das pequenas para as grandes cidades.

Já falamos aqui, a máxima da sustentabilidade é pensar globalmente e agir localmente. Porque de nada adianta nos preocuparmos com os problemas mundiais se não cuidamos nem do nosso quintal. E nesse caso estamos falando de todo o resíduo que produzimos e descartamos irregularmente.

Olhe para as ruas das cidades no final do dia. A maior parte suja de caixas, restos de embalagens e o temível isopor, que é muito útil antes de a embalagem ser aberta, mas que depois ninguém quer mais saber. Além de algumas crianças que adoram moer o isopor e felizes, em sua inocência, assistem aos pequenos pedaços voando com o vento e poluindo o ambiente.

A iniciativa em manter as cidades limpas é do poder público, porém este não costuma ir além de contratar empresas para retirar o lixo das portas das casas e dar uma varrida nos principais pontos da cidade. Não tem por hábito desenvolver uma campanha permanente de educação ambiental, de destino correto dos resíduos, reciclagem, reuso, entre outros.

Esporadicamente há uma campanha aqui e outra acolá. Mas nem o serviço público costuma fazer a lição de casa. Já vi Secretaria Municipal de Meio Ambiente autuada pelos agentes de combate a endemias porque tinha caçamba de entulho com lixo acumulando água. Na verdade, o nome completo é Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal. Talvez a ideia fosse mesmo proporcionar qualidade de vida aos mosquitos…

O consumo é necessário para girar a engrenagem da economia, mas já passou da hora de explorar e praticar a logística reversa. Fazer com que o produtor ou consumidor do isopor seja responsabilizado pelo seu retorno. Que o plástico-bolha, a garrafa plástica ou de vidro descartável sejam de fato retornáveis. 

Por enquanto, quem está fazendo esse papel basicamente são os coletadores de materiais recicláveis. Compete a eles vasculhar as ruas das cidades em busca de tirar seu sustento em cima daquilo que uma parte da sociedade apenas descartou.

São essas pessoas que estão freando a exploração desenfreada de nossos recursos naturais, que – diferentemente do que pode parecer – são esgotáveis. Muitas vezes, elas são exploradas de tal modo que precisam carregar toneladas semanais de recicláveis para receber uma ninharia.

Na esteira do espírito natalino, rever nossos conceitos. Afinal, se a perspectiva é sempre por dias melhores no ano novo, precisamos entrar com novos hábitos também. Nós, os cidadãos, e os agentes públicos.

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