Aida Franco de Lima – OPINIÃO
As fortes chuvas que atingiram Santa Catarina não pouparam nem mesmo o quartel do Corpo de Bombeiros da cidade de Governador Celso Ramos, na região de Florianópolis. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a força das águas derrubando a estrutura.
De acordo com a Defesa Civil, no último dia 16 de janeiro, um evento de chuva extrema provocou alagamentos generalizados, enxurradas e deslizamentos. O evento iniciou na madrugada e começo da manhã de quinta-feira,16, nas regiões entre Itajaí e Camboriú, e atingiu a Grande Florianópolis entre o final da manhã e início da tarde. Nesse curto período, de algumas horas, foram registrados, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), valores acima de 200mm, passando de 350mm em Tijucas e na Ilha, em Santo Antônio de Lisboa. Esses números representam quase o dobro da média esperada para janeiro.
As ferramentas de previsão meteorológica apontavam um índice máximo de 50mm a 70mm. Isso significa que até mesmo os meteorologistas foram pegos de surpresa pela intensidade das chuvas. E a população, principalmente a que reside em áreas mais propensas a alagamentos?
O restante da história já sabemos: desespero, vidas perdidas e imóveis completamente alagados. Parece apenas mais um filme que se repete. Mudam os personagens, mas o roteiro é o mesmo.
Estamos no início de 2025 e, literalmente, há muita água para rolar. E a pergunta é um pouco retórica. Afinal, o que tem sido feito para minimizar ou reverter essas mudanças bruscas no volume de água ou intensidade de calor, frio ou seca? Isso tem nome e sobrenome: mudanças climáticas extremas.
Só nega esse fato evidente quem ainda não o sentiu na pele. Notou como a intensidade dessas tragédias, como um filme da Sessão da Tarde, acaba repetindo-se?
Muitas cidades mudaram os gestores, os integrantes das Câmaras de Vereadores. Outras continuaram reelegendo aqueles que já estavam lá. Talvez por mostrarem bons resultados e terem a favor a máquina administrativa. Ou mesmo por falta de opção. Mas o que de fato os gestores estão fazendo para enfrentar essas situações?
Não vejo muita coisa. Para o bem da verdade, nada. Até o mínimo que poderiam fazer, que é uma tecla na qual já tenho batido aqui, como no caso das calçadas ecológicas, é ignorado inclusive pelas prefeituras. Em Cianorte, por exemplo, as praças, que eram tomadas por gramado, dão lugar ao concreto. As árvores frondosas são punidas com o corte brusco de suas galhadas. Os bueiros, com propagandas educativas, repetindo a frase: “O mas nasce aqui”, estão entupidos de lixo. A coleta seletiva de lixo é algo que faz somente quem tem o mínimo de consciência.
Cito Cianorte, porém poderia ser qualquer outra cidade. As secretarias de Meio Ambiente trabalham mais com perfumaria, com maquiagem das cidades, que buscando soluções eficazes. Quando essas não são a raiz do problema. Até quando? Ainda nesta semana falei dos incêndios na Califórnia, que não pouparam nem as mansões cinematográficas. Mas seja nos EUA ou Brasil, sabemos que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
Enchentes, incêndios, secas, vendavais cada vez mais intensos serão a tônica para o futuro, pois a humanidade pouco ou nada faz para reverter o quadro, ainda mais quando negacionistas climáticos estão no poder. O caminho para extinção da vida na Terra está sendo “muito bem” pavimentado.