Copel: a festa das quedas de energia

Após privatização o desempenho da Copel despenca.

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Se no Paraná a tarifa da eletricidade caísse, como costuma ocorrer com a energia, seria uma festa! Não é coincidência, mas é fato. Governo do Paraná privatizou a Copel e hoje os resultados estão aí. Vendeu a galinha de ouro e agora a população precisa contentar-se com os ovos chocos.

Para quem é muito jovenzinho, houve um tempo em que a sociedade paranaense se mobilizou para assegurar que a Copel continuasse sendo um bem coletivo e não apenas de investidores. Foi no ano de 2001. Estava tudo certo para a venda. Mas, naquela época, inúmeras entidades se uniram para impedir que a galinha dos ovos de ouro fosse depenada.

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Porém, em 2023, o atual governador, o Ratinho, decidiu que ia vender, e ponto-final. E aí está o resultado! Uma empresa que estimulou a demissão dos funcionários mais antigos, com salários melhores, que prioriza o lucro. E não há para onde correr. Não há concorrência. Não é igual ao sabão em pó – que, se não entrega o que promete, você troca de marca.

O que levou a essa facilidade para privatizar a Copel tem relação com a cultura que foi implantada em tempos de redes sociais, com o conceito de que sindicato apenas suga o dinheiro do trabalhador, que organizações sociais são comunistas. Em 2023, não houve a união que aconteceu em 2001 e impediu a venda da Copel para acionistas que já davam como certa a negociação.

Em 15 de agosto de 2001, centenas de entidades e populares não se conformaram em assistir à votação pela autorização da venda de seu grande patrimônio e ocuparam a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Poucos dias depois, uma grande manifestação tomou as ruas da capital. O impacto da movimentação popular amedrontou os investidores, receosos da segurança jurídica em depositar dinheiro em algo de que não sabiam se poderiam realmente apossar-se.

A Copel estava pronta para ser vendida, mas a população do Paraná não estava pronta para entregá-la. Negociaram com os políticos, contudo não combinaram com o povo.

E, voltando aos dias atuais, está aí o resultado: Copel privatizada, com o governo tendo menor parte que os acionistas, por R$ 5,2 bilhões. Somente em 2024, o lucro da Copel foi de R$ 2,8 bilhões. A conta é tão simples que parece fake news. Ou seja, a empresa que garante energia aos paranaenses foi vendida para antecipar dois anos de seus lucros.

No mapeamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 31 empresas, a Copel está na posição 29 entre as com melhor desempenho. Um péssimo resultado para a mesma empresa que antes era muito bem avaliada. Entretanto, o importante é que ela gere lucros para seu acionistas – e a população que lute!

Os apagões tomam as mais variadas regiões do Paraná. E não é preciso falar dos prejuízos. O assunto foi levado à ALEP, a mesma que aprovou a privatização. O que farão? Quase nada. Afinal, o que fazer além de chorar pela energia privatizada?

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