Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Mais um caso de violência contra animais ganhou destaque na mídia e redes sociais. O fato envolveu o cachorrinho Fox, da raça spitz alemão ou lulu da pomerania, aqueles fofinhos que parecem um bolinha de pelo, e foi denunciado por sua tutora, a enfermeira Sofia Albuquerque. Fox morreu depois que o vizinho, tutor de um bull terrier, levou o cachorro até as grades da garagem onde os spitz estava e instigou o ataque. O caso aconteceu no dia 09 de outubro, em São José dos Campos. Sofia contou que o vizinho não gostava dos latidos de Fox.
Sofia criou o perfil Fox Guerreiro para denunciar o ocorrido e pedir ajuda para custear o tratamento. Fox perdeu o focinho, seu quadro se agravou e no dia 25 ele não resistiu. Diante da repercussão do caso, a prefeitura de São José dos Campos anunciou que o tutor do bull terrier foi notificado pelo fato de o animal não usar focinheira e o responsável não ter socorrido o cachorrinho atacado.
A Polícia Civil divulgou a foto de Umberto Vieira Ghilarducci, de 43 anos, , que está foragido e é denunciado também por maltratar o bul terrier que matou Fox. “A Polícia Civil comprovou que o investigado é pessoa extremamente agressiva e fazia uso do próprio cão, também vítima de maus tratos, para atacar outras pessoas e cães”, informou a Polícia.
Após a morte de Fox, em muitos cidades brasileiras, assim como em Foz do Iguaçu, aconteceram manifestos, intitulados “Não vamos parar de latir” para exigir justiça, além de alteração na legislação a fim de endurecer as penas a quem comete maus-tratos a animais. Com apoio do delegado Bruno Lima, os deputados federais Fred Costa, Matheus Laiola e Marcelo Queiroz, protocolaram um PL – Projeto de Lei a fim de aumentar a pena, proibir a guarda de animais bravios por condenados pela Lei Maria da Penha e instituir regime fechado para quem utilizar animais como arma.
Um abaixo-assinado também foi criado para apoiar o Projeto de Lei, que defende: – aumentar a multa a tutores que não utilizam as devidas cautelas (focinheiras, por exemplo) para até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); proibir que condenados por crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha), sejam tutores de animais considerados ferozes; – Aumentar a pena para quem pratica perseguição, quando utilizado animal para o cometimento do crime.
O que houve com Fox é mais uma triste constatação e um alerta para as autoridades, políticas e policiais, do quanto os maus-tratos a animais está vinculado com a violência social e como isso precisa ser coibido. Seja em compaixão ao animal, seja em vista da proteção humana. Quem é agressivo com animal é com pessoas também. É fato. Crueldade com animais é indício de psicopatia e é essencial rastrear esses casos como prevenção de violência social.
Animais bravios, com exceções, são bastante usados como objetos de proteção e ostentação de status, armas de ataque. Inclusive há, com exceções bom lembrar, funcionários públicos encarregados de fiscalizar casos de maus-tratos, que não o fazem justamente por medo de se depararem com pessoas com histórico de violência. Isso significa que coibir e fiscalizar crueldade com animais tem que ser com equipe especializada, treinada para combater crimes. Tem que ter participação direta da polícia.
O trabalho que as ONGs – Organizações Não Governamentais e protetores independentes, assim como órgãos governamentais, realizam diante de denúncias de maus-tratos precisa ser integrado a um banco de dados das polícias para que as informações sejam cruzadas. Na pista de quem bate em mulher, há um espancador de animais. Quem saca uma arma, instiga também um animal ao ataque. Quem trafica animais, também é cruel com pessoas. Devíamos ter uma lista suja nacional com os nomes de quem maltrata animais, como já defendi no artigo: ‘Procão, SPgato’: que tal serviços de proteção aos animais?
É preciso, ainda, facilitar as denúncias. As pessoas ficam com medo de denunciarem vizinhos ou gente considerada ‘barra pesada’. Denunciar maus-tratos a animais é uma benfeitoria à prevenção da violência na sociedade. O denunciante tem que se sentir seguro e saber que sua denuncia foi levada adiante e não foi engavetada por medo ou falta de interesse. Que a violência que Fox sofreu, e tantos outros que não ganham visibilidade, sirva de alerta e traga mudanças. Os inocentes não devem pagar pela fúria de psicopatas.
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