Tem um ditado que diz que de noite todos os gatos são pardos. Mas não precisa esperar chegar a noite não, de dia, com o sol raiando, eles, de todas as cores, estão espalhados pelas cidades. E não estão sós, há os cães também. E para tratar desse tema, ficou agendando para o dia 10 de agosto, um evento presencial com transmissão via Zoom, para debater a questão, entre 08:30 e 17:30. É o Seminário do Programa Nacional de Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos, realizado em Brasília.
“O Departamento de Proteção, Defesa e Direito dos Animais, da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, iniciará uma série de diálogos com a sociedade civil, conselhos profissionais, estados, municípios, Judiciário, Ministério Público e todos os atores que atuam direta ou indiretamente na proteção animal. O objetivo é amadurecer a construção de um Programa Nacional de Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos”, diz o comunicado.
A data não foi escolhida por acaso, na ocasião comemora-se o Dia do Protetor e somente quem está na luta diária sabe o quanto o Brasil precisa avançar em políticas públicas em torno da causa animal.
Segundo o último índice do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2019, as populações de cães e gatos eram de 54 milhões e 24 milhões, respectivamente. Sem uma política pública efetiva para o manejo populacional, estima-se que esses números possam chegar a 71 milhões de cães e 41,5 milhões de gatos em 10 anos. Com esses números, também aumentam o número de animais abandonados, os casos de maus-tratos, a acumulação, a superlotação de abrigos e a exaustão dos protetores que tentam resolver sozinhos um problema que é responsabilidade de todos. (Departamento de Proteção, Defesa e Direito dos Animais)
É muito animal e quanto mais quantidade, pior a qualidade dos cuidados a eles dedicados. Até porque muita gente confunde animal com objeto e objeto de moda, símbolo de status. Quase um fast fashion em que o descarte é normalizado.
Ao chamar a sociedade para o debate, o Governo Federal coloca a mão em um vespeiro, que precisa ser encarado de frente. Como o próprio texto do convite do evento diz, “O manejo populacional é um conceito mais amplo do que a mera castração. Ele envolve critérios científicos, censo animal, diagnóstico, elaboração de um plano, implementação de leis, combate aos maus-tratos, educação para guarda responsável, identificação do animal, saúde animal e muito mais.”.
Socorrer um animal é essencial, isso faz diferença para a vida dele. Lembram da história do menino e a estrela-do-mar? Que o garoto saia pela praia tentando salvar as estrelas levadas pelas ondas? E que ao ser confrontado com a realidade de que não conseguiria salvar todas elas, apenas respondeu ao lançar mais uma ao mar: para essa eu fiz a diferença… Mas precisamos ir além, precisamos construir políticas públicas.
Políticas públicas são essenciais para assegurar que mesmo que alguém que esteja à frente daquela pasta, deteste animais e esteja ali só por ter o famoso QI (Quem Indica), terá de cumprir o mínimo em prol dos animais. Que as ações não se fixem apenas no marketing, mas no mundo real que envolve a cidade, com seus problemas, suas demandas.
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