Ativista de sofá: o clique que os animais precisam

Ativistas digitais impactam de modo significativo para custear despesas de voluntários que atuam em campo.

Aida Franco de Lima – ARTIGO

Você já ouviu o termo ‘ativista de sofá’? Ele tem relação com um modo de criticar quem não é muito visto nas ruas, em manifestos ou reuniões presenciais, mas tem atividade constante em redes sociais. Há muita gente que ainda pensa que ‘não adianta reclamar nas redes sociais.” Ah, adianta sim, e muito. Rede social é uma pedra no sapato de quem não quer ser cobrado por suas responsabilidades.

E se houver embasamento no que se diz, se houver honestidade em mostrar a realidade que nem sempre é bem-vinda, um ativista de rede social pode ser sim o calo de quem quer andar tranquilo pelo terreno da impunidade.

Há quem queira desqualificar as críticas apontadas através das redes sociais, como se o fato de a pessoa não estar presencialmente envolvida com o assunto, não pudesse opinar. Igual quando, por exemplo, um terceirizado de algum canil, que ganha bastante dinheiro público para fazer um bom serviço pelos animais, é negligente. E ele se sente incomodado com quem questiona a qualidade de vida dos animais. E aí tenta desqualificar quem levanta os problemas, em vez de resolvê-los.

Como quando uma pessoa responsável pela área de meio ambiente em uma cidade é negligente com as legislação ambiental que deveria ser sua bússola, mas joga as leis na lata do lixo. Gestor assim, não quer de jeito algum que as pessoas usem as redes sociais como canal de questionamento, de cobrança, como qualquer cidadão tem o direito de fazê-lo. Afinal, funcionário público representa o Estado e este tem obrigação de cuidar dos animais. Não é favor, é lei.

Por isso mesmo que tem gestor que ama uma rede social, para crescer e ganhar engajamento, e outros que se escondem. Não deixam rastro nenhum, porque não querem cobranças externas. Não querem ninguém marcando, comentando, invadindo seus álbuns de viagens para falar de buraco na rua.

Rede social é uma alternativa de furar a bolha de muitos veículos de mídia tradicionais que por um motivo ou outro  não pautam determinado assunto. Como por exemplo em pequenas cidades do interior, onde as verbas publicitárias distribuídas aos veículos funcionam como uma espécie de toma-lá, dá-cá. Toma sua ajuda de custo, me dê o seu silêncio. 

É por isso que é muito comum a população não se sentir representada nas pautas do noticiário. Os assuntos que incomodam a comunidade local acabam não sendo lembrados. É como se não houvessem problemas nas cidades.  

No caso dos animais, rede social é um grande alto-falante, que dá voz a quem normalmente não é escutado. E quem não consegue muitas vezes acolher um animal, seja por falta de tempo, espaço, de habilidade, pode ajudar outros ativistas na busca por adotantes, entre outros. 

Muita gente tem habilidade, tempo, pré-disposição, mas precisa de dinheiro para se manter e cuidar dos animais. Então aí, entram as famosas vaquinhas, as doações. Há uma quantidade enorme de ativistas que usam o poder da internet para conseguir pagar as despesas que não são poucas. E quem não pode doar, colabora dando visibilidade para os resgates e denúncias.

Um exemplo é o da ativista Érica Aparecida Pereira de Caria, do Ceará. Ela cuida de 65 jumentos, que viviam em situação de maus-tratos, e as despesas são pagas por doadores que assistem sua luta diária para cuidar do ‘Lar dos Pancinhas’.

E é nesta hora que a participação do ativista de sofá pode ajudar e muito. Além de contribuir com as vaquinhas, pode usar seu precioso tempo para pressionar as autoridades responsáveis a fazerem sua parte, mais exatamente os três poderes, executivo, legislativo e judiciário. Já falei dessa estratégia aqui, de levar o assunto até onde estes figuras estão, no caso, nas redes sociais.

Por qual motivo quando um animal precisa de socorro, são os cidadãos comuns que acabam acolhendo e não quem é remunerado com o dinheiro público, principalmente aos finais de semana, noite, dias festivos? Justamente porque muita gente já desanimou do Estado, algo que não deve acontecer. Afinal, os nossos impostos continuarão sendo cobrados.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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