A limpeza da cidade reflete na saúde coletiva

Prefeitura deve ser mais ágil em resolver casos de despejo clandestino de lixo e entulho. Educando e fiscalizando.

Apoie! Siga-nos no Google News


Aida Franco de Lima – OPINIÃO

No quadro É da Vida, que mostra as belezas e fascínios da natureza de Foz do Iguaçu, Francisco Amarilla, desta vez, mostrou o acúmulo de lixo e entulho na região do Maracanã, próximo ao Rio Boicy. A dois passos da calçada, o ambientalista encontrou, em meio à vegetação, embalagens plásticas e um pneu. “Metros acima, o apresentador visualiza uma pilha de entulhos ao lado de um parquinho infantil, o que traz riscos às crianças que frequentam o local. Você acha que isso é correto?”, questiona.


Não é correto e vai contra a lei. Acontece que, desde dezembro do ano 2000, Foz do Iguaçu tem a Lei Nº 2.356 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a coleta seletiva dos resíduos sólidos, assim como a Lei Nº 4.756 de julho de 2019, que diz respeito sobre o descarte de resíduos sólidos urbanos nos logradouros públicos.

Porém, nota-se que as normas precisam ser colocadas em prática. As leis são capengas, pois dizem que vão fazer educação ambiental junto à comunidade escolar, envolvendo o ensino público e particular, mas não fala em chegar ao público que está fora dos espaços formais de educação.


Muito se fala em educação ambiental, e essa é normalmente direcionada às crianças. Porém, na rede escolar, os professores já o fazem muito bem. Contudo, temos de lembrar que a geração que hoje está na fase adulta, que joga o entulho bem próximo do parquinho, do rio ou onde mais quiser, precisa ser orientada. Temos aí uma geração que escutou a ênfase da proteção ambiental por meio das mídias e dos filhos, que nos espaços formais de educação, há algumas décadas, a ênfase não existia.


Mesmo que você não goste de ambientalista e ache todo eles “ecochatos”, talvez você ache importante sua saúde. Acúmulo de lixo é um prato cheio para o mosquito da dengue. Somente neste ano, foram oito mortes por dengue de acordo com matéria deste H2FOZ. “Boletim epidemiológico desta terça-feira mostra que são 9.801 casos de dengue no município e 27.658 notificações. Em 960 pacientes, houve manifestação da doença com sinais de alarme, e 26 pessoas contraíram a forma grave.”

O trabalho que Amarilla faz e que este H2FOZ divulga deveria ser rastreado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu; e as devidas medidas, tomadas imediatamente.


Não há como esperar apenas que a comunidade se conscientize se o município não realiza um plano efetivo de educação ambiental e de fiscalização a fim de garantir que os cidadãos realmente respeitem a legislação ambiental.

Tão logo tenha sido registrado e divulgado o despejo de entulho no local, o órgão responsável da prefeitura deveria agir. Deveria ir ao local, providenciar o imediato recolhimento, um trabalho efetivo de educação ambiental na comunidade e tomar medidas preventivas para que o gesto não volte a ocorrer – seja instalando câmeras de vigilância no local ou mesmo com fiscal à paisana monitorando. A comunicação boca a boca nesse momento é muito eficaz. Basta alguém comunicar que foi multado, que outros serão “conscientizados”.


Mas a limpeza da cidade deve envolver diversas secretarias: Obras, Meio Ambiente, Saúde, Ação Social, Fazenda… Não é admissível que o lixo faça parte de nosso cenário com tanta naturalidade.

A área que Amarilla mostra, onde há entulho jogado, se for de particular, conforme o Código de Postura, deveria estar cercada e ter o espaço do passeio com concreto ou calçada ecológica. E se for área pública, o problema é mais grave ainda, revelando que o proprietário, seja em que nível for (federal, estadual ou municipal), não faz seu dever de casa. Quem não está fazendo sua parte? E onde está a Câmara de Vereadores para fiscalizar e exigir que as leis que a Casa cria também sejam cumpridas?


Um relevante trabalho tem sido prestado pelo Observatório Educador Ambiental Moema Viezzer, que incentiva a comunidade a ajudar no mapeamento dos descartes irregulares de resíduos, por meio de aplicativo, de modo georreferenciado.

Isso significa que não há mais desculpa para o município dizer que não sabe dos problemas. Eles estão aí, a olhos vistos! Fotografados, mapeados. Que mais precisa para uma providência efetiva ser tomada?
Além do mais, vale lembrar, os resíduos, se separados, podem ser transformados em dinheiro. O material orgânico vira adubo, o resíduo de construções pode ser reaproveitado para baratear as obras, e os demais materiais, como sabemos, reaproveitados pela indústria. Uma fração mínima que realmente não teria proveito e deveria ir para o aterro.


Precisamos de gestores que andem pelos bairros e compreendam que as respostas dos problemas estão a um palmo do nariz ou dos dedos deles e que precisam ser postas em prática, que não sejam somente promessas eleitorais.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

Quer divulgar a sua opinião. Envie o seu artigo para o e-mail portal@h2foz.com.br

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.