Por AIDA FRANCO DE LIMA | OPINIÃO
Quando um animal de estimação morre, ou some, fica um vazio tão grande e um silêncio tão assustador, que muitas vezes prometemos a nós mesmos que não vamos mais adotar nenhum. Que não queremos mais vivenciar essa dor.
A fase do luto, vale e como vale, também, para quem considera os animais como parte da família. Nos primeiros momentos, não adianta oferecer outro animal para quem perdeu um. Isso pode soar inclusive como uma falta de sensibilidade. Mas com o passar do tempo, essa ideia pode e deve ser trabalhada.
Há incontáveis outras vidas que precisam de um lar como o nosso, que oferecemos a única coisa que querem de nós, amor, em forma de cuidado e presença. Um animal, que acolhemos só tem a nós durante sua vida toda. Sua vida se resume ao nosso universo e quando partem, foi embora um pequeno pedaço do nosso universo também.
Algumas pessoas dizem que os animais nos protegem das coisas ruins, que se algo for pra se abater sobre nós, nos defendem como escudos. Eu não sei no que acredito, eu sei que eles nos proporcionam muito mais coisas boas do que podemos oferecer.
Dão trabalho? Sim. Exigem gasto de dinheiro? Sim. Fazem perder tempo, acordar de madrugada, suja a casa e o quintal? Sim. Faria tudo de novo por eles? Sim!
Um dia minha filha saiu triste da aula de catequese. E perguntei porque estava triste daquele jeito. Me disse que a professora substituta falou que os animais não vão para o céu. Então, perguntei à Gabi o que ela tinha dito para a professora, pois sabia que haveria algum argumento diante de tal fala: “Professora, como seremos felizes no céu, sem os animais?”. E então eu falei para minha filha sobre crenças, sobre amor aos animais e disse que aquela pessoa não sabia de nada!
Eu gostaria de saber mesmo, como é que vamos ser felizes sem os animais. Já tentaram imaginar um mundo sem animais? Melhor não. É esse vazio que fica na vida de quem se despede de um bichinho amado.
Sabemos de inúmeros relatos sobre a forma como eles interferem positivamente na vida das pessoas. De como eles conseguem entrar de mansinho no universo de quem sofre com depressão, ansiedade. Do modo como os animais podem perceber que uma pessoa vai entrar em crise epilética, por exemplo. Cães guias, animais de socorro, equoterapia. Animais tão incríveis, que só faltam falar. A nossa língua, porque eles procuram meios de se comunicar com a gente o tempo todo.
Dos milhares de relatos de pessoas conhecidas, ou não, que amavam um animal e fizeram de tudo por ele, surge a palavra eutanásia. A dolorida decisão que também é um gesto de amor. Muitas vezes, quem optou por essa árdua missão, carrega uma espécie de culpa. E se… Mas isso é apenas prolongar o sofrimento. Amar um animal é optar pelo fim de sua dor, também.
Não há receita mágica para sanar o vazio. Já passei por incontáveis experiências de perdas de animais e cada um teve sua história e depois de um veio outro, mas que nunca substituiu nenhum. Porém, quando abrimos as portas de nossa casa e vida para a entrada de um outro animal, uma nova história é construída.
E eles estão todos por aí, esperando que possamos dar essa chance. De preferência, adotando um que só precisa de uma oportunidade para ofertar a coisa mais preciosa que há: a vida.
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