Paraná colhe segunda maior safra agrícola

O vice-governador do Paraná e secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, afirma que o estado está num momento limiar na produção de grãos – colhe a segunda maior safra da história, apesar da estiagem – e nas outras atividades ligadas ao campo, como agronegócio, agricultura familiar, pecuária, piscicultura e madeira. Lei entrevista concedida à Agência Front de Notícias.

O vice-governador do Paraná e secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, afirma que o estado está num momento limiar na produção de grãos – colhe a segunda maior safra da história, apesar da estiagem – e nas outras atividades ligadas ao campo, como agronegócio, agricultura familiar, pecuária, piscicultura e madeira.

“O agronegócio se consolidou a partir do momento em que indústrias de transformação agrícola se instalaram no Paraná. Temos o maior volume de esmagamento de grãos de soja, indústrias para beneficiar o algodão, o feijão, o arroz”, disse Pessuti em entrevista à Agência Front de Notícias.

Pessuti afirma que o Palácio Iguaçu tem uma série de programas; vai do Fundo Aval à melhoria das estradas rurais, que atendem todo a agricultura do estado. “Esperamos atender de 20 mil produtores em 2004 pelo menos elevar esse número para 60 mil, para 80 mil entre 2005 e 2006”, diz a respeito do Fundo Aval.

“O Paraná adotou uma postura de área livre de soja transgênica não por ser contra ou a favor dos transgênicos, mas por ser a favor da soja convencional que produzimos”, diz Pessuti. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

(Zé Beto Maciel e Ronildo Pimentel)
 
Front – Apesar da estiagem, o Paraná quebrou mais um recorde de safra agrícola?
Orlando Pessuti –
Estamos colhendo a segunda maior safra da história produtiva do Paraná. Só não é do tamanho da que colhemos em 2003 e isso em função da estiagem, que afetou drasticamente as lavouras do Noroeste, Oeste, Sudoeste, mas mesmo assim vamos colher mais de 27 milhões de toneladas de grãos e estaremos com uma safra recorde também para ser comemorada.
 
Front – O agronegócio se consolidou no Paraná? Quais as ações levadas para ampliar esse tipo de atividade?
Pessuti –
O agronegócio está consolidado no Paraná. Temos uma produção agrícola que é a maior do Brasil. O Paraná tem 2,3% do território brasileiro e produz 24% da produção agrícola, destacando-se na produção de soja, milho, trigo e feijão. O agronegócio se consolidou a partir do momento em que indústrias de transformação agrícola se instalaram no Paraná. Temos o maior volume de esmagamento de grãos de soja, indústrias para beneficiar o algodão, o feijão, o arroz, temos também um trabalho com o suco de laranja. Na pecuária, temos toda uma estrutura de transformação do leite, do frango, dos suínos e bovinos.
O agronegócio fechou muito bem no Paraná. Veja a questão da madeira que ocupa um espaço muito decisivo na exportação. O Paraná é um dos estados que mais produz e transforma madeira, o pinus e o eucalipto.
Temos programas como o biocombustível, o de irrigação da madrugada – para baratear o custo de energia, o fundo de aval para ajudar os pequenos agricultores que não têm acesso ao financiamento do Pronaf e do Banco do Brasil. Tem ainda o programa leite das crianças para ajudar diretamente a cadeia produtiva do leite.
O governo atua firme ainda na reconstrução de estradas. Nesses dois primeiros anos reconstruímos 1,5 mil quilômetros de estradas. O governador Requião está rediscutindo toda a questão da logística da Ferroeste, inclusive com a extensão dos trilhos para Foz do Iguaçu.
 
Front – Além do Pronaf e do Banco do Brasil, o governo estadual criou o fundo aval para apoiar a agricultura. Como funciona o fundo?
Pessuti –
O fundo de aval veio para apoiar a agricultura solidária necessária ao Pronaf e de outras linhas de financiamento que desenvolvem a propriedade rural. Muitos agricultores, meeiros, porcenteiros, arrendatários, assentados, ou mesmo agricultores tradicionais, podem não ter a garantia que o banco exige. Ele tem aquela terra recebida como herança do seu pai ou de sua mãe, cuja documentação não está por inteiro resolvida e não pode ofertar aquela propriedade como garantia do empréstimo.
No Paraná, temos 320 mil famílias consideradas em agricultura familiar e apenas 120 mil que acessam os créditos do Pronaf. Outros 60 a 80 mil poderiam acessar ao Pronaf, mas não têm as garantias exigidas. Por isso criamos o Fundo de Aval, que não financia, garante o financiamento. É um aval, não um empréstimo e esse aval é conseguido através da Agência de Fomentos do Paraná.
Esperamos atender de 20 mil produtores em 2004 pelo menos elevar esse número para 60 mil, para 80 mil entre 2005 e 2006, além de dar condições a esse grupo de 120 mil produtores, que tem acesso hoje ao Pronaf, passe para 180 a 200 mil, o que vai ser muito bom para a agricultura familiar em nosso estado.
 
Front – Programas como vale leite gera muitos empregos porque cria uma cadeia produtiva…
Pessuti –
O programa Leite das Crianças tem que ser encarado em diversos aspectos. Primeiro, de caráter social, porque atende às crianças das famílias pobres. Damos um litro de leite para as crianças pobres de seis meses a três anos de idade. Também como programa de saúde pública porque essas crianças são atendidas mais diretamente pelos programas de saúde tanto do município como do estado. Ainda como programa de mobilização educacional porque você leva essas crianças para dentro das escolas. E principalmente como um programa de organização da cadeia produtiva do leite. Então o Leite das Crianças contempla todas essas comunidades e o produtor de leite recebe assistência para melhorar o rebanho, pastagens e equipamentos, vender por um melhor preço na própria região. Esse produto vai ser industrializado por aqui mesmo. Então ocorre de organizar melhor a cadeia produtiva do leite e por isso que o programa Leite das Crianças tem dado certo em todos os lugares onde tem sido implantado. Nós já estamos em 271 municípios, onde entregamos todos os dias 100 mil litros de leite e durante o mês de maio, nos próximos 30, 40 dias, deveremos estar chegando em Foz do Iguaçu.
 
Front – O mesmo que acontece com o leite vai acontecer com o peixe na merenda escolar?
Pessuti –
Na merenda escolar, estamos trabalhando para o aproveitamento da polpa do peixe, para que essa polpa seja transformada em hamburguês ou tabletes para utilizar na merenda escolar. Por que? Porque o processo de filetagem de peixe faz com que tenha uma sobra grande de carne, polpa de peixe em meio aos espinhos. Você retira essa carne e transforma num tipo de hambúrguer, colocando na merenda escolar. Já estamos fazendo isso em alguns municípios e está dando muito certo.
 
Front – A Secretaria de Agricultura está dando apoio para aumentar a produção de peixes no Paraná?
Pessuti –
Temos belas parcerias. A Itaipu é parceira em alguns trabalhos, também temos parcerias com as universidades estaduais e a universidade federal. Temos um trabalho com a piscicultura, com aqüicultura no litoral do Paraná, nas baias de Guaratuba, Antonina, Paranaguá, Guaraqueçaba, Superagui. Queremos fazer um trabalho de repovoamento dos peixes, crustáceos, mexilhões, em todo litoral do Paraná. Queremos principalmente repovoar os rios e para isso contamos com fundo coordenado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná.
 
Front – O Paraná também está preocupado com o melhoramento genético do rebanho…
Pessuti –
O apoio dado ao pessoal do leite é estendido aos suinocultores, agricultores, criadores de gado de corte. Fazemos todo o um trabalho de defesa sanitária animal, de combate à febre aftosa, a tuberculose, vaca loca, contra doenças como peste suína, dos frangos, a gripe asiática. Temos todo um trabalho de apoio com os nossos técnicos da Emater e do Iapar para que os produtores possam se sentir assistidos, protegidos e com a condição de um trabalho cada vez melhor.
 
Front – A Secretaria de Agricultura agora está acompanhando a colheita de soja transgênica numa fazenda no interior do Paraná. Esse também é um marco da agricultura do Paraná, ser um território livre dos transgênicos?
Pessuti –
É um marco porque apenas o Paraná está fazendo isso. Os outros estados não estão dando bola alguma para a questão da presença de transgênicos. O Paraná adotou uma postura de área livre de soja transgênica não por ser contra ou a favor dos transgênicos, mas ser a favor da soja convencional que produzimos. Afinal de contas a grande maioria dos agricultores planta soja convencional e é do lado deles que temos ficar. E os transgênicos remetem ainda a algumas preocupações, precauções. Não temos ainda uma legislação de biossegurança definida. Não temos todas as informações quanto a possíveis problemas que os transgênicos possam apresentar ao meio ambiente, à saúde humana e saúde animal.
Temos algumas informações importantíssimas de restrições de comercialização de produtos transgênicos, da soja transgênica, no mercado internacional. Essas barreiras que ainda estão por serem resolvidas – seja do ponto de vista jurídico, ambiental, saúde humana, saúde animal, comercialização no exterior – faz com que tenhamos precaução nesse momento. Então nessa ordem, por uma questão de precaução, cuidado maior, o Paraná permanece a favor da soja convencional e solicitando aos produtores que não plantem produtos transgênicos.
 
FRASES 
“Vamos colher mais de 27 milhões de toneladas de grãos e estaremos com uma safra recorde também para ser comemorada”
 
“Temos o maior volume de esmagamento de grãos de soja, indústrias para beneficiar o algodão, o feijão, o arroz”
 
“Já estamos em 271 municípios, onde entregamos todos os dias 100 mil litros de leite e durante o mês de maio, nos próximos 30, 40 dias, deveremos estar chegando em Foz do Iguaçu”
 
“O apoio dado ao pessoal do leite é estendido aos suinocultores, agricultores, criadores de gado de corte”
 
“Temos informações importantíssimas de restrições de comercialização de produtos transgênicos, da soja transgênica, no mercado internacional”

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