Durante ato público na Praça da Paz, professores e agentes educacionais acenderam velas e apontaram a exposição à doença com as aulas presenciais.
Comoção e cobrança marcaram o ato público nessa quarta-feira, 7, na Praça da Paz, a partir das 18h30, em que educadores das redes estadual e municipal de Foz do Iguaçu homenagearam colegas que perderam a vida para a covid-19. O protesto pediu que sejam mantidas as aulas remotas como forma de prevenção da comunidade escolar ao risco da doença.
Com roupas de cor preta, os participantes acenderam velas na praça, simbolizando as mais de mil vidas perdidas em Foz do Iguaçu por causa da covid-19. Foram expostos cartazes com os nomes de 18 professores e agentes educacionais do município e do estado que faleceram com a doença, os quais foram lembrados e saudados individualmente.
Chamada de manifestação de luto e luta, a atividade foi organizada conjuntamente pela APP-Sindicato/Foz e pelo Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (Sinprefi). Também participaram integrantes de organizações sociais e populares.
Professora do ensino infantil, Sheila Rodrigues Vieira prestou homenagem à irmã, Vanessa Rodrigues Vieira, também docente do município e que faleceu aos 35 anos, devido à infecção pelo novo coronavírus. Presente ao ato público, Sheila disse que sua familiar não conseguiu vaga na UTI e precisou ser transferida para outra cidade.
“Minha irmã falou: nós vamos voltar [a realizar atividades educativas presenciais], mas com certeza vamos perder vidas”, relembrou Sheila do diálogo que manteve com a sua familiar. “Mal sabia que ela própria seria a primeira professora vítima de covid-19”, relatou, emocionada, de cartaz com o nome da irmã às mãos.
Vidas perdidas
O presidente da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez, responsabilizou os governos federal, estadual e municipal pelas mortes e o adoecimento de trabalhadores da educação. Na rede estadual, em Foz do Iguaçu e região, cinco educadores em atividade e dois professores aposentados perderam a vida para a covid-19.
“São vidas, pessoas que perdemos e que deixaram famílias, amigos e histórias. Essas mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos o direito de manter o isolamento, sem ter que voltar às aulas presencialmente antes do controle da pandemia”, asseverou. “Educadores, estudantes e as famílias seguem expostos à doença”, frisou Diego.
Os professores da rede pública municipal já perderam nove colegas da ativa. “Isso poderia ter sido evitado,” disse a presidente do Sinprefi, Marli M. de Queiroz. Segundo ela, o sindicato implorou por diversas vezes para que as aulas sejam mantidas de forma remota, mas não foi atendido. “Somos obrigados a trabalhar presencialmente e expor a comunidade escolar aos riscos dessa pandemia,” desabafou.
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