
A Travessa dos Editores acaba de lançar o livro Descoberta de Foz do Iguaçu e Fundação da Colônia Militar, de José Maria de Brito. O livro foi escrito em 1938, e na sua reedição, prefaciada por Fábio Campana e Zé Beto Maciel, traz ainda um adendo sobre manuscritos do Ministério do Exército de 1907.
A Travessa dos Editores acaba de lançar o livro Descoberta de Foz do Iguaçu e Fundação da Colônia Militar, de José Maria de Brito. O livro foi escrito em 1938, e na sua reedição, prefaciada pelos iguaçuenses Fábio Campana e Zé Beto Maciel, traz ainda um adendo sobre manuscritos do Ministério do Exército de 1907.
O livro de 112 páginas pode ser encontrado em todas as livrarias e revistarias paranaenses a R$ 17,00 o exemplar. Pedidos podem ser feitos diretamente na Travessa dos Editores (rua Desembargador Hugo Simas, 107 – São Francisco, Curitiba, Paraná – CEP 80520-250 – telefone (41) 33389994 – www.travessadoseditores.com.br).
Leia a seguir o prefácio escrito por Zé Beto Maciel
O livro Descoberta de Foz do Iguassú – Fundação da Colônia Militar, e seu adendo (Manuscritos do Ministério do Exército de 1907) são muito mais do que uma simples narrativa e uma transcrição de ata militar.
Lá está parte da história de Foz do Iguaçu perdida pelos cantos, esquecida nas gavetas e que podem explicar muito do que a cidade é atualmente.
Seus registros e sua publicação são de tamanha importância porque contextualizam o começo da nossa história ocidental, aquela escrita em português castiço dos anos 10, 20, 30 e até servem como uma vendeta pessoal.
Foz deu salto entre os anos 70 e 80 que sufocou parte da minha história, da minha turma, aquela que eu encontrava todos os dias no colégio Bartolomeu Mitre, da minha rua simples de terra batida com uma valeta criadora de jacaré, saracura e chicória.
Tudo se foi tão rápido e sem registro até que me deparei com os relatos de José Maria Brito. Descoberta da Foz do Iguassú e a Fundação da Colônia Militar foi escrito pelo sargento da expedição militar que partiu em 1888 do Rio de Janeiro para este canto bravo do Rio Iguaçu.
Não sabia ele que faria história. Mal sabia ele, que depois de passar por vários ofícios, acabou como professor abandonado, doente, sem recursos, não lhe restando outra alternativa a não ser escrever um livro e contar a fantástica aventura de enfrentar a mata, rios, bichos (tigres) e uma bugrada até que mui amistosa.
O interessante de José Maria de Brito é que, antes de contar a aventurosa expedição, ele contextualiza o panorama histórico-político-social da época, reinado, exército, república, o que atrasou e porquê se atrasou a formação de uma expedição para a descoberta de Foz do Iguaçu.
Esse é o primeiro capítulo de três. O segundo narra a própria aventura sob o comando do capitão Bellarmino Augusto de Mendonça Lobo e do tenente José Joaquim Firmino.
Por occasião da descoberta da Foz do Iguassú o territorio brasileiro já era habitado. Existiam no mesmo 324 almas, assim descriptas: brasileiros, 9; francezes, 5; hespanhoes, 2; argentinos, 95; paraguayos, 212; inglez, 1, descreve José Maria de Brito, o que hoje se repete ad infinitun por todas referências históricas sem sequer citá-lo como fonte.
O terceiro capítulo, José Maria de Brito, trata da fundação da colônia militar. O sargento conta entre outras impressões mais vertidas que os militares tiveram sucesso na empreitada graças o apoio de dois casais – Izaias Penna (brasileiro) e Joanna Roza (uruguaia) e de Feliciano d’Araujo (brasileiro) e Andréa Vera (paraguaia) – o que mostra a importância dos mestiços para ocupação da região.
O mais interessante é que o próprio José Maria de Brito, nomeado chefe dos índios da região de Guarapuava e Catanduvas, casou com uma índia, fez família, ocupou vários cargos públicos até que se rendeu na função de professor rural em Foz do Iguaçu.
Cansado, doente e privado do mínimo para sua subsistência, José Maria de Brito debruçou-se em 1938 e escreveu a descoberta de Foz do Iguaçu. Morreu pouco tempo depois em 1942 num dos leitos da recém criada Santa Casa Monsenhor Guilherme. Morreu abandonado na companhia de uma filha e da enfermeira Irene Vera.
É por isso que ‘descoberta’ é um livro fundamental, escrito por um remediado, que se não fosse pelo abandono e pela falta de dinheiro, não deixaria uma obra, apesar de curta, tão singular.
Já ‘Manuscritos do Exército’ conheci através da historiadora Elaine Rocha que o consultou para sua tese -Ava-Guarani… Presente – escrita em 1991. O documento faz parte de relatórios do Ministério do Exército que se encontra no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
É a transcrição de uma espécie de ata de uma audiência feita pelo Exército em 22 de novembro de 1907 com os colonos de Foz.
Nela consta a seguinte denúncia: “Julio Gutierrez -colono matriculado, queixa-se de não poder cortar lenha nem fazer erva, quando os negociantes fortes o fazem seguidamente, taes como Jorge Schimmelpfeng, Fulgêncio (sobrenome ilegível) e Leôncio Alves.
Até hoje não lhe demarcaram o lote, o que lhe (ilegível) pelo resultado de seu trabalho. Cortava herva em terrenos de colônia, devidamente autorizado quando Jorge Schimmelpfeng tomou-lhe o terreno, peões e tudo o que tinha, pondo-o para fora do local, cobrando-lhe ainda 25 contos por cada 10 kM2 de herva. É fiscal dos ervaes o irmão de Jorge”.
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