O monumento de São Francisco de Assis, erguido em praça pública na Avenida Mário Filho, no bairro Morumbi, foi revitalizado e está pronto para ser entregue para a comunidade. Coube ao escultor Giovanni Vissotto, autor da obra, sua restauração completa.
A imagem do santo considerado protetor dos animais e do meio ambiente ficou nova, depois de ser reformada por dentro e por fora. Foram 30 dias de trabalho do artista Giovanni Vissotto e sua equipe para devolver a São Francisco de Assis sua expressão original.
“Conseguir revitalizar esse monumento é uma alegria muito grande, é um prazer enorme para mim como artista”, conta Giovanni. “Parei aqui várias vezes, vi esse patrimônio, que foi feito para a comunidade, todo quebrado. Foi de entristecer. Chorei por isso”, revela.
Conforme o escultor, que assina diversos trabalhos artísticos na cidade, além de retomar a originalidade, o monumento recebeu reparos que permitirão maior resistência às intempéries da natureza, como sol e chuva. Também resistirá melhor a trepidações decorrentes do trânsito da avenida.
“A escultura é oca. Então, dentro dela fizemos a correção da dilatação e das colunas com cimento elástico, que é um material novo e dará maior durabilidade”, explica. “Retiramos toda a massa de escultura, que estava comprometida, e recobrimos novamente, esculpindo a obra”, relatou Giovanni.
O artista explicou que o São Francisco, do Morumbi, recebeu vitrificação química, o que dá mais vida às cores da estátua e a protege melhor. Também foram feitos reparos e troca da estrutura com vergalhões, para que a estátua absorva a movimentação causada por veículos que passam na via ao lado.
A restauração do monumento de São Francisco de Assis custou R$ 86 mil ao município, por meio de emenda impositiva do vereador Edson Narizão. O trabalho de restauração, conforme Giovanni Vissotto, será concluído nesta terça-feira, 24. A prefeitura fará intervenções urbanísticas e outras melhorias no local antes de reinaugurar o monumento.
A imagem tem sete metros de altura e está sobre uma base de três metros. São Francisco de Assis tem nas mãos duas pombas brancas, símbolos da paz. Junto ao santo católico estão um veado e um quati, que remetem à fauna do Parque Nacional do Iguaçu e às Cataratas do Iguaçu, respectivamente, segundo o autor da obra.
Essa é a única revitalização da escultura, que foi inaugurada no ano 2000 para contemplação e que tinha a proposta de ser transformada em um ponto de visitação turística. O patrimônio foi vandalizado e não recebeu a manutenção necessária durante anos.
Em matéria de 2018, o H2FOZ abordou a dilapidação do patrimônio público (clique aqui para ler o texto e assistir ao vídeo). À época, a prefeitura afirmara que a manutenção seria responsabilidade da igreja. Já a Paróquia São Francisco de Assis disse que a conservação cabia ao poder público.
Ponto turístico e mais segurança
Morador do bairro Morumbi há mais de 40 anos, o carpinteiro Célio da Rocha lembra quando a estátua foi inaugurada, há quase duas décadas, “com uma grande festa”. Ele disse que ficava indignado com o abandono do espaço público. Está feliz pela revitalização, mas espera investimentos para a segurança do monumento.
“Essa estátua é o cartão-postal de nosso bairro e ficou muito bonita com a restauração. Vai atrair muita gente novamente. Mas precisamos ter segurança para cuidar da obra e evitar que vândalos a destruam mais uma vez”, afirmou o morador, de 70 anos de idade.
“Veja a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que fica em Itaipulândia, cidade aqui perto. Recebe pessoas que vêm de longe e até romarias. Nosso São Francisco de Assis também tem tudo para se tornar um ponto turístico”, apontou Célio Rocha.
De José a Francisco
Ao lembrar-se de quando esculpiu a estátua, Giovanni Vissotto recorda que não seguiu a ilustração que recebeu de um religioso porque era muito distante da realidade do “povo trabalhador e humilde” do bairro Morumbi. Essa região, uma das mais populosas da cidade, já foi chamada de Rincão São Francisco.
“Estava em bar aqui perto da estátua e avistei o seu José, que se parecia muito com São Francisco, mas tinha a fisionomia da gente daqui”, rememora. “Não titubeei, paguei uma pinga a ele e o retratei ali mesmo, no bar”, resgata Giovanni.
O artista conta que José foi um pioneiro do lugar e trabalha na capina de lotes da vizinhança. “Tinha mãos e pés grandes, calçava chinelas e tinha barba. Vi nele São Francisco de Assis e assim retratei um ‘santo vivo’, identificado com o povo que mora no bairro”, lembra Giovanni Vissotto.
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