Sob ameaça, rede de extorsão em prisão de Ciudad del Este exigiu US$ 100 mil de brasileiro

Um colono brasileiro, que mora na região de San Alberto, a 60 quilômetros da fronteira, foi uma das vítimas de uma rede de extorsão que operava a partir da penitenciária de Ciudad del Este.

Com apoio de carcereiros e “agentes externos”, os presos exigiram do colono dinheiro para não sequestrar e assassinar ele e a família.

Nesta terça-feira, 15, promotores e policiais fizeram várias buscas simultâneas na prisão e em moradias de Ciudad del Este.

E, também, em comércios de Hernandarias, suspeitos de receber o dinheiro das vítimas de extorsões. Um deles é uma farmácia.

As buscas foram conduzidas pela promotora Zunilda Ocamos Marín, da Unidade Especializada Antissequestro, e pelo promotor adjunto Federico Delfino.

A ministra da Justiça, Cecilia Pérez Rivas, acompanhou os procedimentos, que contaram com apoio de agentes policiais Antissequestro, conforme o jornal ABC Color.

AMEAÇAS POR TELEFONE

De acordo com o colono brasileiro, no dia 10 de maio deste ano ele recebeu a primeira mensagem de extorsão, por meio de uma linha telefônica brasileira.

No dia seguinte, ele fez um depósito de 13 milhões de guaranis (R$ 10.400).

Mas continuou recebendo telefonemas, de números diferentes, de linhas do Paraguai.

Já no dia 12, o brasileiro denunciou o caso e o Departamento Antissequestro iniciou a investigação, pois o colono contou que eram ameaças de sequestro e morte, dele e de sua família.

US$ 100 MIL

Nova ameaça veio em 7 de junho, quando a vítima recebeu, inclusive, um vídeo feito nas imediações de sua moradia, onde aparecem vários homens armados.

Pelo telefone, a quantia de dinheiro exigida subiu para US$ 100 mil (mais de R$ 500 mil).

Data-limite para o pagamento: esta terça-feira, 15, até o pôr do sol. Foi o dia em que entraram em ação os promotores e a polícia, que já tinham pistas e suspeitas.

Depois das primeiras buscas nas celas da prisão, houve ainda outras nos locais onde a vítima fez pagamentos.

Cinco pessoas foram presas, entre elas dois carcereiros, a dona da farmácia que aceitava o pagamento da extorsão e um homem que fornecia informações sobre a vítima. Há pelo menos cinco presos envolvidos no esquema.

DETALHES

Promotores e a própria ministra da Justiça suspeitam que há mais vítimas e mais detentos envolvidos. Foto MP Paraguai
Pela página no Facebook, o Ministério Público do Paraguai informou que as ameaças ao colono eram feitas em português.
A vítima vinha recebendo mensagens de textos e áudios em português com ameaças de sequestro e assassinato de algum membro da família se não concordasse em atender o pedido de dinheiro.
A vítima, diz o Ministério Público, fez vários pagamentos a diferentes números de telefone.
O caso envolve internos da Penitenciária de Ciudad del Este .  O pagamento da extorsão foi feito numa farmácia de Hernandarias. A proprietária foi detida.

APREENSÕES

Na farmácia, houve apreensão de dinheiro em nome de um dos presos. Foto MP Paraguai

Na farmácia, foram apreendidos 18 milhões de guaranis (mais de R$ 14 mil), que estavam depositados em nome de um dos presos.

Foram também apreendidos quatro veículos, oito celulares, um DVR de armazenamento de imagens e uma agenda, além de outras evidências.

Na notícia do jornal Última Hora, há a informação prestada pelo promotor Delfino de que deve haver outras vítimas de extorsão pela quadrilha.

EM TODO O SISTEMA

Segundo o promotor, as redes sociais facilitam extorsões, porque contêm muitas informações pessoais.

A ministra da Justiça comentou, por sua vez, que há suspeitas de outros internos envolvidos, e por isso a investigação será ampliada.

“Temos esta situação em todos os centros penitenciários”, reconheceu.

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