Dados divulgados nessa quarta-feira (22), pelo Ministério Público do Paraná, indicam que Foz do Iguaçu registrou 15 confrontos policiais ao longo de 2024, posicionando-se como a terceira cidade do estado com mais ocorrências do tipo.
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No ranking estadual, Foz divide a posição com São José dos Pinhais e Colombo, ambas na região metropolitana de Curitiba, que também registraram 15 confrontos. Por outro lado, Curitiba lidera a lista, com 98 casos, seguida por Londrina, com 43 ocorrências registradas em 2024.
o Paraná alcançou 433 episódios de confrontos policiais ao longo do ano, 18,6% a mais do que em 2023. Esses incidentes resultaram em 413 mortes, mas o MPPR não detalhou o número de óbitos em Foz do Iguaçu.
Na série histórica, iniciada em 2017, a cidade registrou seu maior número de mortes em 2022, com 22 óbitos. Em 2023, foram 13.
Perfil das vítimas: quem são os mais impactados?
Entre as 413 mortes causadas por confrontos policiais em todo o estado, o estudo revelou disparidades alarmantes por gênero, idade e cor:
- gênero: apenas quatro vítimas eram mulheres – menos de 1%;
- idade: a faixa etária mais afetada foi de 30 a 34 anos, com 105 mortes (25,4%). Entretanto, também foram registrados 11 óbitos de adolescentes entre 12 e 17 anos (2,6%); e
- cor da pele: a maioria das vítimas era parda (46,5%), enquanto 38% eram brancas; 3,4%, pretas; e 1,2%, amarelas. A categorização de 10,9% das vítimas não foi informada.
Novo sistema e política de monitoramento
O Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ambos ligados ao Ministério Público do Paraná, elaboraram o levantamento em conjunto. A nova política institucional de monitoramento da letalidade policial, instituída em 2024 pela Resolução n.º 7552/2024 da Procuradoria-Geral de Justiça, guiou o levantamento. A política também segue diretrizes do Conselho Nacional do Ministério Público.
Essa nova abordagem se divide em dois eixos principais:
- prevenção: supervisão e tratamento sistemático dos dados sobre letalidade policial, sob responsabilidade do GAESP; e
- repressão: investigação e denúncia de casos concretos, conduzidas pelas promotorias de justiça em suas regiões e, em alguns contextos, pelo GAECO.
Colaboração interinstitucional
Para implementar essa estratégia, GAESP e GAECO trabalham com outras instituições de segurança pública, incluindo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP), as polícias Civil e Militar, e as Guardas Municipais. Juntas, essas entidades têm desenvolvido ações para gerar intervenções concretas baseadas em diagnósticos especializados.
Entre as ações em curso, destacam-se:
- aquisição de armamentos não letais: o uso de dispositivos como “tasers” (pistolas de choque elétrico) visa a complementar o arsenal tradicional e permitir uma aplicação proporcional da força em confrontos, reduzindo riscos letais tanto para suspeitos quanto para agentes de segurança; e
- planejamento estratégico: a partir de relatórios detalhados, o MPPR e seus parceiros têm discutido e implementado protocolos de abordagem mais seguros para evitar o agravamento desnecessário de situações de violência.