Familiares e amigos protestam contra morte de jovem em ação da PM no Porto Meira

Passeata pedindo apuração rigorosa e justiça foi da Rua Ágata, onde Ismael Flores foi morto a tiros, até o batalhão policial; assista ao vídeo.

Aos 19 anos, Ismael Flores fazia planos para estudar o curso universitário de Ciência da Computação. O projeto de futuro do jovem, que trabalhava como atendente em um shopping, foi interrompido na noite de 27 de abril, às 23h30, a caminho de casa, onde morava com o seu companheiro.

Assista à reportagem em vídeo:


Desarmado, Ismael foi morto a tiros durante uma ação da Polícia Militar (PM). Para pedir apuração rigorosa e justiça, familiares e amigos do jovem protestaram nessa terça-feira, 2, em passeata da Rua Ágata, local da morte, até o 14.º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

Os participantes exibiam cartazes com fotos do jovem e repetiam que ele foi morto inocentemente, pedindo “justiça por Ismael”. O protesto passou pelas principais avenidas do Porto Meira, como a Safira e a General Meira, restringindo parcialmente o trânsito de veículos.

Participantes do ato público exibiam cartazes com fotos do jovem e repetiam que ele foi morto inocentemente – foto: Marcos Labanca


Na noite da última quinta-feira, policiais militares perseguiam dois suspeitos de roubo a uma residência na região do bairro Ouro Verde, os quais fugiam de motocicleta. Na abordagem, um deles se rendeu, e o outro teria corrido na direção para a qual Ismael seguia sozinho.

Na sequência, duas pessoas foram mortas a tiros, Ismael e João Carlos dos Santos, este que era perseguido pelos policiais, sem o momento ter sido captado pelas imagens publicadas. A família diz que o jovem voltava da casa da mãe e apresenta mensagens de celular para demonstrar o seu trajeto.

Registros de câmeras de comércios do bairro mostram Ismael caminhando normalmente pela calçada instantes antes de ser morto. A família garante que ele era um trabalhador e nada tinha a ver com as circunstâncias da abordagem.

Familiares e amigos confeccionaram os cartazes do protesto – foto: Marcos Labanca


A mãe de Ismael, Clair Alves Moray, relatou ao H2FOZ que está sendo difícil lidar com a perda do filho. “Nenhuma mãe está esperando, ainda mais um filho que nunca deu problema nem foi envolvido com nada de errado. De uma hora para outra, veio a notícia que ele foi assassinado”, expôs.

Segundo ela, o protesto foi organizado para ajudar a demonstrar a inocência do filho, que não tinha arma nem relação com qualquer crime, e para expor à sociedade o pedido de justiça. “Quero que os culpados que fizeram isso com Ismael sejam punidos”, disse Clair.

A mãe de Ismael, Clair Alves Moray, afirma querer que os “culpados sejam punidos” – foto: Marcos Labanca


Coração de ouro”

Presente à manifestação, a amiga de Ismael e colega de trabalho, por cerca de um ano, Tatiane da Silva, de 24 anos, contou que soube da morte pelas redes sociais. Relatou não ter conseguido acreditar na informação inicialmente.

“Era um menino muito doce e muito tranquilo”, descreveu. “Sempre que alguém precisasse de ajuda, ele estava à disposição para ajudar. Dava conselhos bons. O Ismael era um menino de coração de ouro mesmo”, declarou Tatiane, emocionada.

O que diz a polícia

O comando do 14.º BPM voltou a pronunciar-se sobre os óbitos no Porto Meira nessa terça-feira, 2, por meio de porta-voz. À imprensa, a corporação afirmou que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias das mortes, com prazo de 60 dias.

Sete policiais envolvidos na operação foram afastados das ruas e tiveram as armas apreendidas. O 14.º BPM informou ter encontrado apenas uma arma com o acusado que fugia de moto, o qual teria feito movimento para atirar contra os policiais, que dispararam. Não havia arma com Ismael.

Passeata teve início na Rua Ágata, onde o jovem morava e foi morto – foto: Marcos Labanca


A 6.ª Subdivisão de Polícia Civil (SDP) de Foz do Iguaçu também abriu investigação, que deve durar 30 dias, se não houver prorrogação do prazo. Agentes da Delegacia de Homicídios estiveram no local das mortes, acompanharam os trabalhos periciais e realizaram diligências iniciais.

“De acordo com o histórico de acionamento, houve um confronto armado com policiais militares, após uma situação de roubo a residência”, lê-se no comunicado da Polícia Civil. O órgão ouve testemunhas e analisa imagens das câmeras de segurança.

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