Delegada analisa índice de homicídios em Foz do Iguaçu e anuncia ‘operação saturação’

Levantamento mostra queda de 52% nos assassinatos; pelo recorte populacional, cidade ainda tem números altos. Assista à entrevista.

Ranking de segurança nas cidades do país mostra que o número de assassinatos em Foz do Iguaçu caiu 52% na década 2012–2022. A delegada de Homicídios da Polícia Civil, Iane Cardoso do Nascimento, analisa o índice e aborda o trabalho policial e a prevenção no Marco Zero.

Assista à entrevista:

Para ela, é patente o decréscimo do número de crimes contra a vida na cidade aferido no estudo, ao citar como referência o ano de 2009, quando houve mais de 300 mortes. “Nos últimos três anos, tivemos 75 homicídios em 2020, 64 em 2021 e 78 no ano passado”, reportou.

A servidora pública compreende que a redução da criminalidade não tem um fator único. Cita a importância de condicionantes como investimento no turismo, que leva a uma maior empregabilidade, exemplifica, e a realização de políticas públicas, ações que, somadas, têm efeito em longo prazo.

“Mas nós temos a atuação mais imediata, que é o trabalho das forças de segurança”, pontuou a delegada, citando a integração entre as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal. “Esses órgãos, atuando integrados no combate à criminalidade, fazem reduzir o número de homicídio a curto e médio prazos”, analisou.

A delegada de Homicídios, Iane Cardoso do Nascimento, no Marco Zero, produção do H2FOZ e da Rádio Clube FM – foto: Moacir Junior


As motivações dos crimes no município são diversificadas, de vingança a briga em bar, reporta a delegada. São mortos predominantemente homens entre 18 e 39 anos – os mais jovens estão relacionados na maior parte a tráfico de drogas e contrabando –, por arma de fogo.

A profissional da segurança pública contextualiza os feminicídios, que são quatro em 2023. Ela reforça que as mulheres em situação de violência devem procurar apoio em Foz do Iguaçu, o que inclui acompanhamento e serviços gratuitos, e medidas legais protetivas para salvaguardar a vida.

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Elucidação

Conforme Iane, desde que assumiu a Delegacia de Homicídios, há cerca de três anos, o foco foi a elucidação dos crimes. “Trabalhar com a resposta, a responsabilização criminal daquele que praticar um delito”, afirmou na entrevista.

Como efeito, relata, o percentual de crimes elucidados nos anos recentes aumentou, variando entre 73% e 75%. “O que é uma resposta bastante expressiva nesse contexto. É tirar o indivíduo que praticou um crime das ruas”, frisou a delegada de Homicídios de Foz do Iguaçu.

Comparação com outras cidades

O mesmo Ranking das Cidades Mais Seguras, que revela a redução das mortes em Foz do Iguaçu, mostra que a cidade contabiliza 14,3 assassinatos a cada 100 mil habitantes em 2022. São números bem acima dos registrados em outras localidades, a partir do recorte populacional:

  • Jaraguá do Sul (SC): 2,3 homicídios para cada 100 mil habitantes;
  • Salto (SP): 3,1; e
  • Várzea Paulista (SP): 3,5.

Perguntada sobre essa diferença, a delegada Iane Cardoso do Nascimento realça que a elucidação é um dos elementos que contribuem para baixar a criminalidade e antecipa ações de prevenção em Foz do Iguaçu. Serão realizadas operações de saturação em regiões de maior índice de violência.

“Estamos focando em realizar trabalhos preventivos, em uma polícia mais preventiva e não apenas repressiva que investiga o crime e dá a resposta”, antecipou. “Vamos trabalhar na prevenção para que o homicídio não ocorra. É esse o objetivo”, disse a delegada durante o Marco Zero.

As intervenções começarão nas regiões de Três Lagoas, Morumbi e Porto Meira, que apresentam maior incidência criminal. Serão feitas abordagens a pessoas suspeitas, cumprimento de mandados e atividades da polícia judiciária, que é de investigação.

Ressocialização

Para a titular da Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu, a ressocialização de apenados é uma aliada da redução da criminalidade. “Quando esse indivíduo for posto em liberdade, precisa ter meios para não reincidir, não cometer novo crime. É importante inseri-lo novamente no meio social”, reiterou.

Contribuição da comunidade

Ao longo do Marco Zero, a delegada reforçou a importância da contribuição da comunidade em denúncias e depoimentos, que são totalmente sigilosos, os quais podem ajudar na resposta mais rápida para solucionar os delitos. A pessoa pode comparecer na Polícia Civil ou usar o Disque-Denúncia 181 (gratuito).

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