Atlas da Violência: Foz do Iguaçu tem taxa de homicídios 83% maior que a média nacional

Conforme levantamento realizado pelo IPEA e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cidade apresenta o quarto pior índice do Paraná.

O Atlas da Violência 2024, divulgado nessa terça-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revela que Foz do Iguaçu possui uma taxa de homicídios 83,8% maior que a média nacional.

O levantamento, que tem como base o ano de 2022, mostra que o município registrou 111 homicídios naquele ano, o que representa uma taxa de 38,9 para cada cem mil habitantes. No Brasil, no mesmo período, houve 46.409 assassinatos, resultando em uma taxa de 21,7 por cem mil habitantes.

No ranking das 319 cidades com população superior a cem mil habitantes, Foz aparece na 71.ª posição. É a quarta do Paraná na lista, atrás apenas de Paranaguá (28.ª), Almirante Tamandaré (53.ª) e Piraquara (57.ª). A lista nacional é liderada por Santo Antônio de Jesus (BA), com 97 homicídios em uma população de 103.055 habitantes (taxa de 94,1 a cada cem mil moradores).

As cinco primeiras posições da lista são ocupadas por municípios baianos. Entre os dez primeiros, são oito do Nordeste, um do Norte e outro do Centro-Oeste. A cidade mais violenta do Sul é Paranaguá, no litoral do Paraná. Confira o ranking completo:

No trecho que mostra a situação do Paraná - que tem a sétima menor taxa de homicídios e registrou queda de 31% na taxa proporcional de homicídios entre 2012 (32,3 por 100 mil habitantes) e 2022 (22,3 por 100 mil habitantes) - o Atlas da Violência cita que, em Foz do Iguaçu, a motivação predominante dos crimes é atribuída à vingança, pelas vítimas terem praticado crimes anteriores, seja contra o patrimônio, dignidade ou contra a vida. “Além disso, tráfico de drogas, discussões e desentendimentos também compõem as circunstâncias da maioria dessas mortes”, conclui.

Em relação ao estado, o documento aponta que, considerando os municípios com mais de cem mil habitantes, os maiores índices foram identificados na região metropolitana de Curitiba (RMC), nos cidades de Paranaguá (52,8), Almirante Tamandaré (44,2), Piraquara (42,1) e Campo Largo (38,9), sendo este último descrito como uma rota estratégica para receber e traficar ilícitos, uma vez que liga as regiões Norte, Noroeste, Sudoeste e Central do estado.

Uma das conclusões do estudo é que os números podem estar subestimados, devido à grande quantidade de mortes violentas por causa indeterminada ocorridas no país. Os autores do estudo estimaram 52.391 homicídios em 2022, somando o total de casos oficialmente registrados com os que ficaram ocultos. No caso de Foz, são 109 homicídios contabilizados e outros dois ocultos.

Feminicídio

O Atlas da Violência 2024 não traz dados municipais sobre os crimes de feminicídio ocorridos no Brasil, mas revela que cerca de 48.200 mulheres foram assassinadas no país em dez anos. Só em 2022, houve 3.806 vítimas.

Nesse mesmo ano, cerca de 221 mil mulheres e meninas sofreram algum tipo de agressão, sendo 144 mil por violência doméstica. Dessas, 12 mil foram vítimas de algum tipo de abuso sexual. As agressões sexuais apareceram como o tipo de violência mais comum contra meninas de 10 a 14 anos no Brasil.

Outro estudo, o Mapa da Segurança Pública 2024, produzido com base no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), mostrou Foz do Iguaçu como uma das cidades que mais registraram feminicídio no Brasil em 2023. Sete mulheres perderam a vida em decorrência da violência doméstica e familiar, por menosprezo ou discriminação à condição do gênero feminino.

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