Saúde precisa ampliar número de leitos, afirma diretor do Hospital Municipal

André Di Buriasco fez um balanço da sua gestão, abordou sobre a dívida do hospital, problemas e desafios; assista à entrevista.

Oito meses após ter assumido o cargo de diretor-presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), André Di Buriasco faz um balanço da sua gestão e aborda problemas e desafios do Hospital Municipal Padre Germano Lauck, no programa Marco Zero. A unidade hospitalar é gerida pela entidade, com recursos públicos.

Assista à entrevista:


O cirurgião-dentista, que presidia o Conselho Municipal de Saúde (Comus) até fevereiro deste ano, ao ser empossado à frente da FMS, cobra cofinanciamento mais equânime do setor entre os três entes, que são a cidade, o estado e o governo federal. Elenca o que chama de duas grandes problemáticas da saúde pública iguaçuense, sendo:

  • filas de especialistas e cirurgias eletivas – são 17 mil pessoas à espera de cirurgia; e
  • demanda nas unidades de pronto-atendimento, as UPAs.

“Por que isso se acumulou ao longo de décadas? Porque a Fundação de Saúde não tem capacidade para atender toda essa demanda, pois ela é dedicada de 70% a 80% a traumas, de toda a região”, expõe. Com efeito, “são necessários hospitais parceiros ou o Universitário, que parte de 500 leitos em sua implantação”, defende.

A lotação das UPAs, avalia, deve-se à falta de leitos no Hospital Municipal, devido a receber pacientes das cidades da região e do Paraguai. Conforme André, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza três leitos hospitalares para cada mil habitantes. O hospital iguaçuense possui hoje 280 leitos, com limitação da estrutura para ampliação.

“Hoje temos um hospital de atendimento regional e internacional, mantido com recursos municipais, que arca com cerca de 70% do montante”, informa. “O Hospital Municipal não comporta toda a demanda que recebe, precisaríamos de 900 leitos, o que acaba não permitindo a agilidade para recebermos os encaminhamentos das UPAs”, revela André Di Buriasco.

Ao afirmar que Foz do Iguaçu destina 36% do orçamento à saúde, entende que o erário local não comporta essa despesa. Aponta para a necessidade de maior ingresso de outras fontes, estaduais e federais, e sugere que os legisladores encontrem dispositivos legais para complementar e garantir contrapartidas de financiamento, afastando a cobrança de serviços a particulares.

“Nós temos que criar mais leitos na região”, declara. “Isso está acontecendo agora, da parte do Governo do Estado, com os hospitais de São Miguel do Iguaçu e Toledo”, contextualiza. “E vamos ter o mutirão de cirurgias eletivas que o estado vai bancar. Além da discussão pelo Hospital Universitário em Foz do Iguaçu, que está avançando e será um salto muito grande”, pondera.

Dívida do Municipal

Questionado sobre a dívida do Hospital Municipal, André Di Buriasco não apresenta um valor total, citando que os débitos incluem pendências judicializadas, as quais podem ser confirmadas ou não, trabalhistas, em precatórios e com fornecedor. Para ele, são essas últimas que preocupam, pois podem afetar diretamente a assistência.

“O que nos preocupa muito é a inadimplência com fornecedores, que está em torno de R$ 19 milhões”, calcula. A direção da FMS, segundo ele, apresentou um protocolo que organiza a sequência de pagamento e negociação, que é um caminho para o prefeito Chico Brasileiro poder chegar ao final do seu mandato quitando todas as dívidas com fornecedores, salienta.

Caso Viviane Jara

Durante o Marco Zero, André Di Buriasco responde sobre os procedimentos quanto à morte da professora Viviane Jara Benítez, que faleceu aos 39 anos, em 26 de fevereiro de 2023, no Hospital Municipal, após ter realizado uma cirurgia. A família acusa erro médico e cobra a responsabilização dos profissionais envolvidos.

“Nós já tomamos a nossa decisão administrativa. Não temos a expertise suficiente para dizer se foi erro médico, isso é o Conselho Federal de Medicina que deve dizer, ou se houve crime, que é a polícia que deve apurar”, frisa. Conforme o diretor do Hospital Municipal, toda a documentação foi enviada aos órgãos responsáveis pela fiscalização.

“Administrativamente, já apuramos. Realmente teve uma falha dele [do médico], principalmente quando ele não voltou para reabordar a Viviane. Tomamos a atitude de demiti-lo e encerrar o contrato”, realça. “Ele não presta serviços e nem vai prestar. E isso estamos fazendo em várias situações, já desligamos vários profissionais”, conclui André.

Outros assuntos

Na entrevista, o presidente da Fundação Municipal de Saúde ainda foi indagado sobre recente representação da promotoria junto ao Tribunal de Contas do Estado. A manifestação do Ministério Público questiona se está sendo assegurado o “princípio da eficiência” e pede providências para assegurar o funcionamento integral do hospital.

André Di Buriasco também responde sobre a denúncia feita, em dezembro do ano passado, pelo Observatório Social e o Comus, que constatou que dois equipamentos adquiridos pelo Hospital Municipal em 2021 estavam encaixotados e outro não havia sido entregue pelo fornecedor. São mamógrafo, aparelho de hemodinâmica e de ressonância magnética, adquiridos ao custo de aproximadamente R$ 8 milhões. O gestor afirma que os aparelhos serão postos em uso.

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