Será aplicada em dez capitais do Brasil, neste domingo (17), a primeira edição de 2024 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida).
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O exame é composto por questões objetivas e discursivas. Os aprovados na primeira fase participarão, posteriormente, de um teste prático.
As provas deste fim de semana serão aplicadas em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Na região de fronteira, o Revalida tem especial relevância, uma vez que é grande a quantidade de brasileiros graduados em Medicina em instituições de ensino do Paraguai.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), que tem sede em Foz do Iguaçu, são pelo menos 16 cursos em municípios como Ciudad del Este e Pedro Juan Caballero, com predomínio de estudantes brasileiros.
“Antes, era mais comum observar brasileiros dirigirem-se para países como Argentina, Bolívia e Cuba para estudar Medicina. Entretanto, o Paraguai viu uma oportunidade de atrair mais brasileiros, com valores de mensalidades mais acessíveis e algo que é muito comum, o estudante residir no Brasil e estudar no país vizinho”, observa Luciano Stremel Barros, presidente do IDESF.
Estimativas publicadas pela imprensa do Paraguai dão conta de que até 45 mil brasileiros estejam matriculados em cursos na área da saúde no país. O fenômeno começou no início dos anos 2000, mas ganhou maior dimensão na última década.
“Também precisamos pensar nos aspectos inovativos em relação à temática: o diálogo e a cooperação entre os dois países para intercambiar conhecimentos. Haveria ganhos para ambos, por exemplo, na criação de hospitais e demais serviços médicos ou o próprio atendimento destes estudantes por um período específico em regiões do Brasil que não têm acesso a atendimento médico”, avalia Barros.
Integração
Já Camila Escudero, coordenadora da Plataforma Brasileiros no Exterior e pesquisadora do tema, cita pontos como a fragilidade dos processos migratórios e a falta de políticas públicas que deem conta das demandas da população que chega à fronteira, de diferentes estados do Brasil, para estudar no país vizinho.
Segundo Escudero, há questões que demandam soluções do próprio Paraguai, como a verificação dos currículos e da estrutura dos cursos, mas o Brasil precisa avaliar os fatores que dão origem à demanda por estudar no exterior, como o alto custo das mensalidades e a forte concorrência no vestibular.
A pesquisadora cita também “a invisibilidade desse grupo, ainda que haja demanda por profissionais de Medicina no Brasil”, e o surgimento de “questões de preconceito de classe, xenofobia, racismo e estereótipos sociais envolvendo os dois países”, que exigem um olhar mais atento em busca de soluções.
(Com informações do IDESF)
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