Uma pesquisa realizada com adolescentes de colégios estaduais em Foz do Iguaçu mostra que 19,8% de um universo de 987 entrevistados tem ou já teve pensamentos suicidas. O levantamento, feito pela Diretoria de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Foz, reforça a necessidade de ações e políticas públicas voltadas para essa faixa etária.
O coordenador dos equipamentos de saúde mental, Antônio Batista Santana Júnior, diz que é necessário dispensar mais atenção ao assunto. “Muitos desses jovens sofrem calados e só são reconhecidos quando já ocorre uma tentativa, e às vezes é tarde demais. Por isso a necessidade de tratar do assunto de forma contínua, assim como de manter o acesso facilitado aos equipamentos de saúde mental em parceria com os colégios.”
Conforme a psicóloga Luziânia Medeiros, é preciso levar em conta inúmeros fatores para explicar o quadro, incluindo o desenvolvimento do cérebro, que na fase da adolescência apresenta alterações na região responsável pela manifestação do prazer, o que explica o tédio sentido pelos jovens. “Como ele não colocou no lugar outras atividades que sente prazer, aparecem comportamentos de risco porque ele vai buscar ter um prazer mais intenso em função da mudança cerebral.” Os adolescentes também têm mudanças hormonais, necessidade extra de sono e tendência de ansiedade e impulsividade.
A psicóloga ainda pontua que o distanciamento social provocado pela pandemia trouxe prejuízos psicológicos, que se isolou de seus pares, ficou sendentário e aumentou significativamente o uso de telas, muitos desenvolvendo vícios.
Para enfrentar a pandemia da saúde mental é preciso investir na inteligência emocional e social, desenvolver habilidades para viver melhor consigo mesmo e com os outros, por exemplo, autocontrole, empatia, regulação emocional, capacidade de acalmar e de refletir, menciona Luziânia. “Todas essas habilidades funcionam como fatores de proteção para diminuir a chance de um desfecho como a ansiedade e depressão.”
Campanhas permanentes
A secretária municipal de Saúde, Jaquelini Tontini, ressalta a necessidade de campanhas permanentes, bem como de capacitação dos servidores da saúde, segurança e educação. Ela lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima um aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão em 2020, com a pandemia.
A pesquisa fez parte das ações do Setembro Amarelo, voltado para chamar atenção à saúde mental. No total, foram realizadas 127 rodas de conversa em 23 colégios estaduais, envolvendo cerca de 1.500 estudantes.
As equipes da saúde mental realizaram 148 ações no Setembro Amarelo, entre palestras, capacitações e rodas de conversa voltadas a alunos, professores e profissionais da saúde e forças de segurança.
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