Marco das Três Fronteiras sedia ação trinacional de prevenção ao suicídio

Programação neste domingo, às 9h, integra a campanha Setembro Amarelo; ato para a comunidade será simultâneo na Argentina, Brasil e Paraguai; assista.

A campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, contará com ação trinacional neste domingo, 10, simultaneamente nos três marcos da Argentina, Brasil e Paraguai. Em Foz do Iguaçu, a iniciativa aberta para a comunidade será realizada das 9h às 10h30, com diálogos, orientações e outras atividades.

O tema foi abordado no programa Marco Zero pelo diretor da Saúde Mental e Residência Multiprofissional de Foz do Iguaçu, Antônio Batista Santa Junior. Ele também preside o Comud (Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas) e coordena a Câmara Técnica da Rede de Atenção Psicossocial.

Assista à entrevista (a partir do trecho 49 minuto).

Neste ano, o Setembro Amarelo enfoca principalmente adolescentes e jovens. A meta é realizar rodas de conversas com 2.500 alunos do ensino médio da rede estadual – hoje, já são 157 atividades agendadas, restando 90 turmas. O bate-papo de orientação, escuta e acolhimento é conduzido por profissionais voluntários.

Os dados referendam a importância da abordagem do tema com o público jovem. O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil mostra que foram notificados e atendidos pelo equipamento 34 crianças e adolescentes em risco de suicídio em 2017. Esse número passou para 270 casos em 2021 (aumento de mais de 800%) e chegou a 305 adolescentes em 2022.

Antônio Santa Junior: “De cada cinco jovens acolhidos, ao menos três são pacientes com transtornos de humor, ansiedade ou depressão” – foto: Alexandre Palmar


Os indicadores também apontam que 21% dos alunos da rede estadual de ensino já pensaram em suicídio, informou Antônio Batista Santa Junior. “De cada cinco jovens acolhidos, novos no equipamento, ao menos três são pacientes com transtornos de humor, ansiedade ou depressão, e muitos com risco para suicídio”, realçou.

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Ele frisou a importância da comunicação mais efetiva na família e do olhar para sinais que possam surgir dentro de casa da parte dos jovens. E a escola também deve estar preparada para identificar comportamentos de risco de suicídio, reforçou Antônio, no programa Marco Zero.

Indicadores preocupantes

Em relação à adolescência, o problema envolve muitas variáveis, analisa. A juventude está mais vulnerável a problemas de saúde mental e a sociedade vive um momento de adoecimento social. Isso pode levar à falta de manejo dos conflitos interpessoais e frustrações, e a falta de limites também contribui.

“Isso projeta os jovens para muitos comportamentos de riscos, seja para questão de uso de drogas, que não deixa de ser um comportamento autodestrutivo, uma fuga de determinado sofrimento, seja o pensamento suicida”, ponderou Antônio. “Ambos os casos envolvem dificuldades de lidar com os conflitos”, completou. Por isso a importância da comunicação na família e a rede de apoio, reforça.

Campanha trinacional

Conforme o presidente do Comud, o motivador da campanha trinacional de prevenção do suicídio se deve ao fato de serem três cidades-gêmeas: Ciudad del Este, Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú. Há um grande trânsito de jovens, com efeito, para estudar ou trabalhar.

Dia Mundial da Prevenção do Suicídio mobiliza as Três Fronteiras neste domingo, 10 – foto: Reprodução


“Entendemos ser pertinente os três países alinharem o manejo e forma com que as pessoas possam acessar os serviços de apoio”, pontuou Antônio Batista Santa Junior. A intenção é tornar visível esse atendimento para brasileiros que estão nos países vizinhos e para os argentinos e paraguaios que estão no Brasil, complementou.

Dia Mundial

O 10 de setembro marca o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio , organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A data reflete a responsabilidade global para a atenção à prevenção do suicídio.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 700 mil vidas são perdidas por problemas de saúde mental: uma morte a cada 100 registros. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio ocupa o 4.º lugar como causa mais frequente de óbito, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, doenças e violência.

O poder público deve manter políticas efetivas em todos os níveis de governança. Familiares, amigos, colegas de trabalho, membros da comunidade, educadores, profissionais de saúde, devem engajar-se em medidas para prevenir o suicídio nos respectivos locais de convivência e atuação.

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