O Hospital Municipal Padre Germano Lauck realizou, na manhã desta sexta-feira (13), a primeira captação de órgãos do ano por meio da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da instituição, em parceria com a equipe do Hospital do Câncer de Cascavel- Uopeccan.
O procedimento foi feito no Centro Cirúrgico da unidade hospitalar após o consentimento da família. A morte encefálica do paciente foi confirmada por meio de exames que cumpriram uma série de protocolos descritos, bastante criteriosos.
A equipe da CIHDOTT, após a entrevista com a família, obteve a autorização para que fosse realizada a captação. Foi o primeiro procedimento do tipo este ano e demonstra a solidariedade das famílias que consentem em dizer o “sim”. “Nos causa muita emoção, pois essas famílias têm a consciência de que, apesar da perda, estarão transformando e dando esperanças à vida de outras pessoas”, destacou a secretária da Comissão, enfermeira Daiane Sosa.
Após a autorização é iniciado o protocolo junto à Central Estadual de Transplantes (CET/PR), que faz a busca do receptor compatível no estado, ou no país, caso não haja ninguém na fila no Paraná. Foram captados: rins, fígado e globo ocular.
Segundo a diretora técnica do Hospital Municipal, a médica Bárbara Castro, “o protocolo conta com um processo e atuação qualificada, envolvendo toda equipe multidisciplinar do hospital, porém nada seria possível sem a solidariedade da família dando alento a tantas outras pessoas que dependem de um transplante par viver”, pontuou a diretora.
Captações
Em 2022, o Hospital Municipal Padre Germano Lauck realizou 17 captações de múltiplos órgãos, que beneficiaram, e até mesmo garantiram, a vida de pessoas que estão na fila à espera de um transplante.
Em 2021, foram realizadas 12 captações. Atualmente, a maioria de pacientes em cadastro ativo na fila de transplante aguarda por um rim. Segundo o Sistema Estadual de Transplantes do Estado do Paraná (SET/PR), 1.450 pessoas estão na lista de espera.
A recusa familiar é o principal motivo que impede a doação de órgãos no Brasil, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada em 2021. Em 2022 mais de 59 mil pessoas estavam na fila esperando por um órgão. No mesmo ano, mais de 45% das famílias não concordaram com a doação.
Para ser um doador
No Brasil, para ser doador, não é preciso deixar nada por escrito, e sim comunicar o desejo à família pois somente os familiares podem autorizar a doação. Não há documentos em vida que permitam a captação de órgãos sem autorização dos familiares em caso de morte encefálica.
Há dois tipos de doador – o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial. Pessoas menores de 21 anos precisam de autorização dos responsáveis.
O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
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