A epidemia de dengue que assola Foz do Iguaçu tem uma notificação ou caso da doença para cada dez moradores. O comparativo considera a população oficial de 256.088 pessoas, aferida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo de 2010.
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São mais de 24 mil notificações e 1.663 casos confirmados da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti, totalizando 25.663. Os dados foram divulgados pela prefeitura nessa segunda-feira, 4, referentes ao período epidemiológico 2022–2023, iniciado em agosto do ano passado.
Transmitida pelo mesmo vetor, a febre chikungunya também preocupa. São 245 ocorrências confirmadas, das quais 76 se referem a pessoas residentes em Foz do Iguaçu; e 169, a não residentes. Ainda, são 520 notificações da arbovirose na cidade.
Epidemia em dose repetida
A epidemia atual é tão severa quanto à anterior, de 2019–2020. No momento, Foz do Iguaçu enfrenta lotação dos equipamentos de saúde e falta de leitos no Hospital Municipal. Quatro pessoas perderam a vida devido à doença entre fevereiro e março.
O adoecimento produz sofrimento humano e causa ausência no trabalho e nos estabelecimentos de ensino. As autoridades sanitárias afirmam que a doença recrudesceu, com mais casos evoluindo para a situação grave, elevando o risco e o tempo de internação e tratamento.
A prefeitura abriu vagas de leitos no hospital público e recorreu ao Governo do Estado para a contratação de 50 camas no Hospital Cataratas, exclusivas para pacientes com dengue. Entre as ações, tem alterado as estratégicas para o fluxo de atendimento na rede.
A partir do mapa de calor, que determina a região de maior infestação, a gestão municipal realizas mutirões de retirada de lixo e vistoria aos imóveis. A primeira foi feita no fim de fevereiro, na Região Sul, no final de fevereiro, e a mais recente, nessa segunda-feira, 3, no bairro Cidade Nova.
Na metade do mês de março, foi decretada situação de emergência. A medida, segundo a prefeitura, permite ações mais contundentes em propriedades nas quais não há o cuidado preconizado pela saúde pública e aplicação de multas que podem superar R$ 10 mil.
Mobilização e cobrança
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codefoz) adota duas linhas de atuação. Em uma delas, mobiliza a sociedade civil por ações que contribuam para o controle da doença. Em outra, requer do poder público medidas eficientes.
“A dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti são conhecidas. É inadmissível que estejamos vivendo mais uma epidemia, e grave”, frisa o presidente do Codefoz, Fernando Castro Alves. “Estamos agindo no hoje e vigilantes para que não tenhamos a reprise do quadro atual em 2024”, completa.
A população cobra agilidade no atendimento na rede de saúde e o fumacê, uso de inseticida que é fornecido pela administração estadual, enviado pelo Ministério da Saúde sob aplicação controlada e principalmente em áreas críticas. Estudos indicam que essa estratégia não é adequada nem faz surtir os efeitos de controle esperados.
Outra reclamação dos moradores é quanto ao mato que está espalhado por terrenos baldios, calçadas e praças públicas de Foz do Iguaçu em plena epidemia de dengue. Em alguns bairros, e mesmo no centro da cidade, não é difícil deparar-se com grama alta e matagal, que juntam lixo tornando-se potenciais criadouros do vetor da dengue.
Sobrecarga dos profissionais
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde em Foz do Iguaçu afirma que recebe denúncias relatando a sobrecarga dos profissionais e o “caos” vigente no setor devido à explosão da dengue. A entidade traz à memória o pico da pandemia de covid-19.
O sindicato afirma que as unidades de pronto atendimento (UPAs) estão “sucateadas, faltam leitos no Hospital Municipal e os equipamentos estão estragados e sem manutenção”, expõe. O “dia a dia dos trabalhadores tem sido um verdadeiro martírio”, completa, citando fata de profissionais nas redes pública e privada.
“Resta a lembrança da pandemia. É triste saber que Foz do Iguaçu não aprendeu nada com o caos enfrentado durante covid-19”, cobra o Sindicato de Empregados na Saúde. A entidade mencionou vídeo em que pacientes se aglomeram em busca de atendimento.
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