Desde o início da pandemia, mundo afora, já se tinha verificado maior mortalidade por covid-19 em homens do que em mulheres.
Numa proporção, digamos, de 25%, como foi várias vezes reportado, independentemente de país.
Mas em Foz a diferença é muito maior: 50% mais óbitos de homens do que de mulheres.
Em números: de janeiro deste ano até o dia 25 de junho, a covid-19 matou, em Foz do Iguaçu, 300 mulheres e 450 homens.
No Paraná, a diferença é menor, mas também é desfavorável aos homens.
Do total de óbitos de paranaenses, também até 25 de junho (30.212), 42% foram de mulheres (12.818) e 58% de homens (17.394).
MAIS CASOS ENTRE MULHERES
Curiosamente – e isso também já foi verificado no mundo inteiro, desde o início da pandemia -, as mulheres são as que mais contraem o vírus.
Nem Foz nem o Paraná fogem à regra: 53% dos casos confirmados no Estado (658.951) são de mulheres; e 48% (593.125) de homens.
Em Foz, é a mesma proporção, sem tirar nem pôr: 52% a 48%.
O QUE EXPLICA?
A busca por uma resposta a esta questão vem dos “primórdios” da pandemia.
Mas resposta conclusiva não existe. Matéria do jornal El País, de 22 de janeiro deste ano, traz boas pistas, como diz o próprio título:
“Novas pistas ajudam a esclarecer por que a covid-19 mata duas vezes mais homens que mulheres”.
Primeiro, uma explicação ao título do El País, que destoa dos números que apresentamos.
Essa frase “mata duas vezes mais homens que mulheres” é uma comparação na mortalidade entre os sexos de pessoas idosas.
Entre pessoas de todas as idades, os homens morrem mais, mas numa proporção de 25% ou perto disso.
MENINAS RESISTEM MAIS
De qualquer forma, o que explica, então, que um idoso e uma idosa contraiam covid-19 e a chance de o idoso masculino morrer seja tão mais elevada?
A resposta completa está na reportagem do El País, neste link
Mas, se você não quiser se aprofundar no tema, basta destacar dois pontos: a genética feminina oferece mais resistência imunológica.
Diz o texto do El País: “Desde os primeiros meses de vida (…), as meninas são muito mais resistentes do que os meninos a infecções, guerras, fome e outras calamidades”.
Ponto pra elas.
EXAGERO DISFUNCIONAL
Em relação à covid-19 (ainda como resumo da reportagem do El País), o que leva mais os homens à morte é uma reação disfuncional.
Há pessoas que, quando infectadas por um vírus (não apenas o coronavírus), produzem grandes quantidades de proteínas inflamatórias, uma forma de alertar o sistema imunológica.
Porém, se essa sobrecarga inflamatória for excessiva, ela vai colapsar as defesas e prejudicar o funcionamento dos pulmões.
Essas moléculas inflamatórias, que se chamam citocinas, podem provocar uma “tempestade” que pode agravar a doença e levar o paciente à morte.
O “xis” da questão: a produção de citocinas é muito mais comum nos homens do que nas mulheres, principalmente em idades avançadas.
Outro problema para o homem: quando idosos, geram menos linfócitos T capazes de identificar e destruir células infectadas.
E mais: “Há apenas alguns meses um estudo mostrou que alguns pacientes com covid geram anticorpos defeituosos que pioram seu estado e podem causar a morte. 95% dos casos conhecidos eram homens”.
O texto do El País faz a comparação entre óbitos de idosos e idosas.
Mas os números de Foz extrapolam as idades. E os homens continuam a perder.
MORTES EM JUNHO
De 1º a 5 de junho, morreram 19 mulheres acima de 60 anos. E 27 mulheres com menos de 60 anos.
Entre os homens, 37 dos que morreram no período tinham 60 anos ou mais. E 35 tinham menos de 60 anos.
EFEITO VACINA
Primeiro ponto a anotar: nos dois casos, óbitos de homens e de mulheres, nota-se que a proporção de idosos diminuiu.
No caso das mulheres, houve inclusive mais mortes de pessoas com menos de 60 anos do que de idosos.
Em relação aos homens, ainda prevalecem os óbitos de idosos. Mas com uma diferença muito pequena.
A explicação só pode ser o acesso às vacinas aos mais velhos, a maioria dos quais já imunizados com duas doses.
HOMENS E A COVID
Outro ponto a considerar: a diferença de mortalidade entre homens e mulheres, neste período de 1º a 5 de junho.
As 19 mortes de mulheres representam 34% do total de 56 mortes de idosos.
Já entre os 62 óbitos de pessoas com menos de 60 anos, as mortes de 27 mulheres chegam a 43,5% do total.
Conclusão: ao menos em Foz, e neste período de junho, continua a desigualdade a favor das mulheres.
Mas é menor quando não se trata de idosos.
De qualquer forma, conclui-se: a covid-19 tem preferência por elas, na hora do ataque. Mas, na hora H, ainda prefere os homens.
Solução? Vacinar-se, com duas doses. E, mesmo assim, se cuidar. Ainda mais se você for homem.
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