Resistência a vacinas: no Paraguai, aumenta número de mortes por covid-19

Governo já avalia se vai cancelar a importação de mais doses, já que com a baixa procura podem perder validade.

Governo já avalia se vai cancelar a importação de mais doses, já que com a baixa procura podem perder validade.

Mais casos e mais mortes. E procura por vacinação ainda em queda.

O movimento contra a vacina anticovid no Paraguai cresceu. E, com isso, aumentou também o número de casos e de mortes provocadas pela pandemia.

Na semana até este sábado, de acordo com o site Worldometers, o Paraguai registrou 20 mortes por covid, um aumento de 43% em relação à semana passada. Os casos subiram 14%, de 338 para 399 nesta última semana.

Só na sexta-feira, 12, houve cinco mortes, todas de pessoas que não haviam sido imunizadas. Uma delas tinha entre 20 e 39 anos, três tinham entre 40 e 59 anos e apenas uma delas era idosa com mais de 60 anos.

Desde o início da pandemia, o Paraguai soma 16.334 óbitos, incluídos 54 que não haviam sido computados inicialmente como decorrentes da covid-19.

Com o aumento das mortes na semana, o Paraguai subiu no ranking mundial do confortável 111º para o 94º lugar.

Na semana, também, o país teve um crescimento no índice de mortes por milhão de habitantes, de 2 para 3 óbitos.

BRASIL E ARGENTINA

Antes de mostrar o principal problema do Paraguai, que é a resistência à vacinação, vale lembrar que no Brasil também cresceu o número de casos e de mortes, na semana até este sábado, 13.

Os 79.514 casos foram 13% superiores aos registrados na semana passada. E a soma de 1.838 mortes foi 11% superior à da semana anterior.

Na Argentina, os casos também cresceram 13%, na semana (8.963), mas houve uma queda de 8% nas mortes (137, na semana).

O Brasil se mantém em 6º lugar em mortes na semana e em 10º em casos, no ranking mundial. A Argentina está em 45º lugar em óbitos.

Proporcionalmente à população, o Brasil ficou estável, com 9 mortes por milhão de habitantes, e está em 64º lugar no ranking mundial.

Com 3 mortes por milhão de habitantes, a Argentina aparece em 97º lugar (estava em 92º há duas semanas).

BAIXA PROCURA POR VACINA

No Brasil e na Argentina, índice de totalmente imunizados já supera o registrado nos Estados Unidos. Foto Bruno Esaki/Ag Saúde

Ao contrário do Brasil e da Argentina, o Paraguai tem um baixo índice de vacinação e, na América do Sul, está à frente apenas da Bolívia.

Esses números dão uma ideia: a Argentina já ministrou 137,69 vacinas a cada 100 habitantes; o Brasil, 137,49 vacinas a cada 100 brasileiros; e o Paraguai, apenas 79,59 a cada 100 habitantes.

Ou ainda: Brasil (59%) e Argentina (59,6%) já têm mais habitantes imunizados com duas doses ou dose única do que os Estados Unidos (57,5%), onde também há um forte movimento contra a vacina.

Já o Paraguai tem somente 34,7% de sua população totalmente imunizada, embora hoje o país tenha uma oferta de vacinas suficiente para atender suas necessidades.

Com um estoque de mais de 2 milhões de doses, o Ministério da Saúde teme que as vacinas vençam, ante a baixa procura pela população.

O Ministério estuda o cancelamento da compra de 3.019.200 vacinas da Sinovac, com entrega prevista para o final do ano. E já atrasou a chegada de uma doação de 500 mil doses, com metade prevista para ser entregue até 30 de novembro e a outra até 30 de dezembro.

“Faríamos mal em receber (as vacinas) se há outro país que pode necessitar”, disse o ministro da Saúde do Paraguai, Julio Borba.

Nesta semana, o Ministério da Saúde confirmou que o número de hospitalizados com covid-19 cresceu 37% e que cerca de 90% das pessoas internadas em UTI não foram imunizadas com nenhuma dose da vacina.

Vacinação no mundo: quanto mais escuro for a cor verde, maior o índice de habitantes totalmente imunizados. Fonte: Our World In Data

ANTIVACINAS

Entre 31 países pesquisados (todos desenvolvidos), a maior resistência contra a vacina anticovid-19 aparece nos Estados Unidos, onde 26% das pessoas já decidiram que não vão se vacinar. E outros 5,3%, não vacinados, ainda não sabem se vão se imunizar.

Em segundo lugar aparecem os alemães: 24% não vão se vacinar e 4,9% ainda vão decidir.

Percentuais acima de 20% da população que não vão se vacinar aparecem ainda no Reino Unido e na Holanda, ambos com 21%. Já na França, são 20% os que não querem a vacina.

Não há pesquisas na Argentina, Brasil e Paraguai. Nos dois primeiros, há quem não acredite na vacina, mas poucos se arriscam a não se imunizar. A maior resistência surge mesmo no Paraguai, onde até médicos fazem campanha contra a vacinação, com mentiras de que é a vacina que está matando pessoas, e não a doença.

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