Não deu outra: vieram só 4 mil vacinas, que poderão imunizar apenas 2 mil profissionais de saúde com atuação direta nas UTIs. Mas uma das primeiras vacinadas foi uma nutricionista que trabalha no Hospital Geral San Lorenzo, encarregada da alimentação enteral e parenteral dos internados com covid-19.
O Hospital Nacional, O Instituto Nacional de Enfermidades Respiratórias e do Ambiente e o Instituto de Previdência Social informaram ao jornal ABC Color que em nenhuma de suas listas dos profissionais escalados para receber as (escassas) doses tem algum especialista em nutrição, já que nutricionista não necessita entrar nas salas de terapias intensiva.
Ah, sim, a nutricionista se chama Rossana Caballero e é nora do ex-presidente paraguaio Federico Franco e esposa de Freddy Franco, vereador e candidato a prefeito de San Lorenzo, cidade a 9 km de Assunção, com 288 mil habitantes.
Segundo o ABC Color, o diretor de Redes e Serviços de Saúde, Hernán Martínez, afirmou que “pode-se dizer que foi um erro involuntário, que se irá corrigindo conforme avançamos”. E garantiu que, no Ministério de Saúde Pública, se desconhecia por completo o parentesco político da nutricionista.
O jornal abre o texto sobre esse assunto dizendo que “a vacinação contra a covid-19, que começou na segunda-feira, não apenas gera mal-estar pelas poucas doses que chegaram ao país para imunizar exclusivamente os profissionais de terapias e o pessoal de contingência, mas também pela imunização de pessoal considerado como ‘privilegiado'”.
Foi assim na Argentina, onde o número de doses que chegaram, mesmo proporcionalmente, é muitas vezes superior às que vieram ao Paraguai, mas ainda assim mal e mal atendem grupos prioritários e idosos.
Lá, o ministro de Saúde foi defenestrado do cargo porque descobriu-se a existência de “vacinados VIP!”, personalidades que eram convidadas a receber a imunização dentro de salas do próprio ministério.
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