Em 2019, o Paraguai somava uma população de 1.657.131 pessoas na linha de pobreza; no final de 2020, eram 1.921.721, 16% a mais. Esse total representa 26,9% da população do país. O aumento dos pobres é resultado dos efeitos da pandemia, que paralisou setores, desempregou milhares de paraguaios.
Os dados sobre a situação de 2020 foram apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no informe anual denominado “Pobreza monetária e distribuição de renda”.
Mas o que aconteceu no Paraguai, com a pandemia, se repetiu, em maior ou menor grau, no Brasil e na Argentina. A diferença é que a economia paraguaia estava em crescimento, no início de 2020, enquanto Brasil e Argentina vinham tentando sair de graves crises econômicas.
Uma rápida pincelada do que fez a pandemia nos três vizinhos, país por país.
NO BRASIL, MAIS DESEMPREGO E DESIGUALDADE
A queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, embora inferior à prevista por organismos internacionais (deveria chegar perto de 10%), agravou ainda mais a situação dos pobres. A pobreza extrema vinha aumentando nos últimos quatro anos, em função da falta de ganho real no salário mínimo, do aumento da informalidade e da subutilização no mercado de trabalho.
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, baseada em dados do IBGE, mostra que 12,8% da população brasileira, ou 39,9 milhões de pessoas, ficou abaixo da linha de pobreza extrema, no final de 2020. Pobreza extrema é quando uma família tem que sobreviver com apenas R$ 246 por mês. Ou R$ 8,20 por dia.
Mas, em meio à pandemia da covid-19, até agosto de 2020, 15 milhões de brasileiros tinham saído da linha de pobreza, uma queda de 23,7%. Sem milagre: foi com o dinheiro da ajuda emergencial do governo. Sem ela, a pobreza extrema voltou aos níveis “normais” e ainda aumentou.
Felizmente, a ajuda emergencial vai voltar, embora com valores menores, a partir de terça-feira, 6. A ajuda virá para trabalhadores informais de baixa renda e beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família.
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O desemprego também aumentou em 2020, para um índice histórico: 13,5%. Este percentual corresponde a cerca de 13,4 milhões de brasileiros na fila por emprego. Em 2019, o desemprego atingia 11,9%.
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Contraponto: felizmente, o PIB brasileiro vai crescer este ano. A projeção é de 3,7%. Infelizmente, não chega nem a repor as perdas de 2020.
NO PARAGUAI, 16% ENTRAM NA POBREZA
O mesmo fenômeno verificado no Brasil, de redução da pobreza extrema no Paraguai, em plena pandemia, verificou-se também no Paraguai. A ajuda emergencial do governo tirou 4.419 paraguaios desta categoria. Continuaram na pobreza extrema, no entanto, 3,9% da população.
O que aumentou foi o índice de pobreza, que passou para 26,9% dos paraguaios, ante 23,5% em 2019,l um acréscimo de 264.590 novos pobres.
A ajuda do governo foi providencial para que o índice não fosse ainda maior. Os programas de ajuda criados para mitigar a crise provocada pela pandemia evitaram que 233 mil pessoas caíssem na pobreza, ao mesmo tempo que impediram outras 183.936 paraguaios de despencar para a pobreza extrema, como publicou o jornal Última Hora.
O Instituto Nacional de Estatística considera que são pobres os que recebem menos de 712.618 guaranis (R$ 630) em áreas urbanas e menos de 506.200 guaranis (cerca de R$ 450) em zonas rurais. Este dinheiro cobriria ao menos o custo da cesta básica de consumo.
PANDEMIA AGRAVOU CRISE ARGENTINA
Como aconteceu no Brasil, a pandemia apenas agravou a crise que os argentinos já estavam vivenciando, até mais grave do que aqui.
Embora o índice de desemprego seja mais baixo que no Brasil, aumentou de 9,7% em 2019 para 11,7% em 2020. Mas é um número que, tal como no Brasil, não passa de “ficção”.
O portal argentino Agrositio cita a economista Natalia Motyl, da Fundação Liberdade e Progresso, segundo quem o índice real seria de quase 30%, se a a População Economicamente Ativa fosse de fato buscar emprego e não encontrasse. O índice de desemprego estimado por organismos oficiais não considera, segundo ela, os mais de 2,5 milhões de argentinos que decidiram não procurar trabalho.
A pobreza, enquanto isso, aumentou no terceiro trimestre do ano passado e atingiu 44,2% dos argentinos, ante 40,8% um ano antes.
As medidas adotadas pelo governo para conter a expansão do coronavírus tiveram impacto muito grande no mercado de trabalho. E o que é pior: a economia argentina encolheu 9,9% em 2020. Segundo previsão de economistas, o PIB argentino deve crescer entre 6,1% e 7% este ano.
Mas isso depende de muitas variáveis, até mesmo mais severas que no caso brasileiro. É que persistem as restrições e o fechamento de fronteiras, inclusive aéreas para vários países, e a vacinação continua em ritmo lento; o governo continua segurando as importações, por falta de dólares; e o investimento segue baixo. Sem contar o eterno monstro invencível, a inflação.
Sobre a foto de Puerto Iguazú que ilustra o texto, leia:
Cenas de miséria explícita em Puerto Iguazú, num país que vê a pobreza se multiplicar
CONCLUSÃO(?)
Se o governo paraguaio acertar a mão, ainda é o pais – dos três vizinhos – com as melhores perspectivas. O Produto Interno Bruto, em 2020, caiu apenas 1%. O guarani, ao contrário do peso e do real, se fortaleceu; e a previsão é de um crescimento de 3,3% do PIB em 2021, recuperando, portanto, o que perdeu em 2020, com sobra.
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