Você acorda um dia com alguns sintomas. Descobre que tem covid-19, da forma mais leve. Um mês depois, ainda não sabe qual era mesmo o sabor do café. E até o cheiro é outro, se é que você ainda tem algum olfato. Às vezes, esquece coisas óbvias, dá uma delirada noturna. E sente um ou outro mal-estar físico se manifestar com frequência.
Pois é, nem mesmo os médicos sabem tudo o que o vírus pode fazer ao organismo. A cada dia uma surpresa, pro paciente e pra medicina.
É esta a doença que enfrentamos. O mundo ainda está longe de conseguir o “efeito manada”, com imunização de pelo menos 70% dos habitantes.
Vamos então a um balanço da situação da covid-19 aqui na fronteira, no Paraná, no Brasil e no mundo. Com pinceladas adicionais sobre a quantas anda a vacinação, única esperança de um dia voltarmos à vida normal.
FOZ COM MÉDIA MÓVEL EM ALTA E LEITOS LOTADOS
Já não é novidade que os leitos de UTI, no Hospital Municipal Padre Germano Lauck, estão lotados. No total, a ocupação – incluindo o Hospital Costa Cavalcanti – chega a 76%. Situação obviamente preocupante.
Ainda mais porque os casos estão em elevação. Nos sete dias até quarta-feira, 10, a média diária foi de 129,57, superior à de 14 dias atrás.
A regional de Saúde de Foz permanece em 1º lugar no ranking paranaense em casos e mortes proporcionalmente à população.
São 8.714 casos a cada 100 mil habitantes, na regional. Mas o índice de Foz é ainda mais alto: 9.212 casos, ante a média paranaense de 4.979.
A regional de Foz também está em 1º lugar em mortes. São 112,6 a cada 100 mil habitantes. A média paranaense é de 91,1 a cada 100 mil.
Sem contar os outros oito municípios da regional, Foz do Iguaçu acumulava, até quarta, 23.694 casos e 357 óbitos. Há 72 pacientes internados em leitos de UTI.
VACINAÇÃO DE IDOSOS
A Secretaria Municipal de Saúde prossegue a vacinação de idosos, por enquanto atendendo aqueles com 90 anos ou mais.
Segundo a Secretaria, a cidade tem cerca de 850 idosos com mais de 90 anos. Depois, progressivamente, à medida que mais doses cheguem, começarão a ser atendidas outras faixas de idosos.
Na segunda-feira, 8, chegaram mais 1.460 doses da CoronaVac, somando até agora 11.466 doses de imunizante contra a covid-19. Do total, 3.193 são para os que já receberam a primeira dose. O intervalo entre as doses, conforme orientação da Secretaria Estadual de Saúde, é de 25 dias.
PARANÁ SOBE NO RANKING BRASILEIRO DE CASOS E MORTES
O Paraná já esteve em situação relativamente privilegiada no ranking brasileiro da covid-19. Mas a doença avançou, mês a mês, e hoje o Estado está em 5º lugar no País. Com 573.431 casos, está atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina.
Os 10.489 óbitos deixam o Paraná em 6º lugar. À frente, estão São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará.
Pelos dados de quarta-feira, 10, a média móvel de casos está em queda de 40,3% em comparação com 14 dias atrás, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Mas é alta: 1.819 casos por dia, na última semana.
Os óbitos também estão em queda. A média móvel teve um decréscimo, até terça-feira (9), de 43,1% na comparação com 14 dias atrás. Mesmo assim, está em 28 mortes por dia.
A letalidade da doença (mortes em relação aos casos) está agora em 2%. O índice manteve-se por vários meses inferior a esse valor.
Há 1.349 pacientes internados, dos quais 655 estão em unidades de terapia intensiva.
VACINAÇÃO
O governo do Estado recebeu do Ministério da Saúde, até agora, 538.900 doses de vacinas. Até quarta-feira, 10, haviam sido imunizadas 225.044 pessoas dos grupos preferenciais.
BRASIL NÃO BAIXA DE 1.000 MORTES POR DIA
Já são 9.599.565 casos de covid-19 no Brasil. E nada menos que 233.520 brasileiros perderam a luta contra a doença, até esta quarta-feira, 10.
Já faz semanas que a média diária de mortes supera 1.000 por dia. Não foi diferente de terça para quarta-feira: 1.350 óbitos.
VACINAÇÃO
Em relação à imunização contra a covid-19, o Brasil não está bem. Em números absolutos, ocupa a quinta posição entre os que mais aplicam vacinas. Mas, quando considerado o percentual da população que recebeu ao menos uma dose, o índice é de apenas 1,94% dos brasileiros, segundo balanço do Our World in Data, de quarta-feira, 10.
PARAGUAI COM NÚMEROS QUE NÃO BAIXAM. E NÃO SOBEM
O país vizinho registra até quarta-feira 140.797 contágios pelo novo coronavírus e 2.879 mortes. Há 757 pessoas internadas, das quais 230 em terapia intensiva.
Por dia, o número de contágios mantém-se perto de 1.000. E o de mortes sempre acima de 10 por dia.
A situação do Paraguai parece relativamente tranquila, na comparação com os vizinhos Brasil e Argentina. Mesmo assim, o país teve uma grave piora em relação aos meses anteriores da pandemia, subindo no ranking mundial.
Em 28 de julho de 2020, o Paraguai estava apenas no 100º lugar no ranking mundial de países, em casos; e em 123º em óbitos. Nesta quarta, aparece em 74º pelos casos e em 67º pelos óbitos.
Tem mais mortes que dezenas de países, como Costa Rica, Dinamarca, El Salvador, Coreia do Sul, Venezuela, Uruguai, Cuba e Nicarágua,
Vale lembrar que, nos primeiros meses da pandemia, o Paraguai era o penúltimo na América Latina em casos e mortes, à frente só da Guiana. Estava melhor que o Uruguai, por exemplo, e bem melhor que a Venezuela.
O Uruguai, que já chegou a ser exemplo mundial, também perdeu a liderança. Com 516 mortes, está agora à frente de Cuba, Guiana e Nicarágua, países que superou nos últimos dois meses.
VACINAÇÃO
Um dos problemas que o Paraguai enfrenta atualmente é para conseguir imunizantes. “As vacinas contra a covid-19 se converteram, nos últimos meses, em um oásis no deserto, uma esperança ou luz no final do túnel escuro”, diz o jornal Última Hora.
O Paraguai, lembra o jornal, apostou fortemente em associar-se ao mecanismo Covax, um instrumento financeiro criado pela Organização Mundial da Saúde para garantir que a vacina seja segura, eficaz e que todos tenham acesso equitativo às doses.
No entanto, os trâmites burocráticos do sistema internacional atrasaram o acesso às vacinas. Tanto que a previsão do Ministério de Saúde Pública do Paraguai era de que, na segunda quinzena de fevereiro, chegariam as primeiras 300 mil doses. “No entanto, esta informação foi se diluindo até o ponto de ficar novamente só a incerteza”, diz Última Hora.
“Esta é uma negociação que supera o tamanho do bolso. Inclusive, países menos desenvolvidos, que têm menos que nós (Paraguai), já têm (a vacina). São outras coisas que se negociam. Os contratos, realmente, são leoninos. A negociação se dá a esse nível, não são dinheiro nem recursos. Estão em outra base, praticamente”, chegou a dizer Guillermo Sequera, diretor de Vigilância da Saúde.
Na América do Sul, lembra Última Hora, os países que já começaram a vacinar são Chile, Brasil, Argentina, Bolívia e Equador. O Uruguai anunciou que fará isso a partir de março e já adquiriu grandes freezers para abrigar as vacinas da Pfizer, que exigem refrigeração de 70 graus abaixo de zero.
De qualquer forma, o Paraguai espera contar com 7,3 milhões de vacinas, dos quais 3 milhões por compra direta e 4,3 milhões pelo fundo Covax. Quando, ainda não se sabe oficialmente.
ARGENTINA: MAIS DE 2 MILHÕES DE INFECTADOS E QUASE 50 MIL MORTOS
Com 2.001.034 casos e 49.674 óbitos, a Argentina mantém uma estabilidade complicada. Como nos países europeus o ritmo da pandemia está em crescimento, o país vizinho se mantém em 12º em casos e em 13º em mortes. Já esteve à frente da Alemanha, Irã e Colômbia, em óbitos, mas esses países viram a doença avançar mais rapidamente.
O número de mortes proporcionalmente à população, na Argentina, é muito alto: são 1.079,8 óbitos a cada 1 milhão de habitantes. Já foi bem mais alto que o índice brasileiro. Mas, aqui, as mais de mil mortes por dia reverteram e pioraram a situação, comparativamente à Argentina: agora, são 1.107,7 óbitos por 1 milhão de habitantes, no Brasil.
Os indicadores brasileiro e argentino obviamente assustam. Mas na Europa ficou pior, bem pior: o Reino Unido tem 1.726,4 óbitos a cada 1 milhão de habitantes; na Itália, são 1.529,7 a cada 1 milhão. E há outros em situação ainda mais grave.
VACINAÇÃO
Na quarta-feira à noite, um voo da Aerolíneas Argentinas seguiu rumo a Moscou, para trazer uma nova partida de vacinas Sputnik V.
A Argentina, de acordo com o World in Data, imunizou até agora apenas 1,18% da sua população. Menos que o Brasil, mas, estranhamente, mais que a Rússia (0,69%), país de onde provêm as vacinas utilizadas pelos argentinos.
OS QUE MAIS VACINARAM NO MUNDO
O quadro mostra que poucos países estão com um percentual expressivo de habitantes imunizados. A maioria está apenas no início do processo.
O World in Data mostra que o país que mais vacinou até agora foi Israel (69,46% do total de habitantes), seguido dos Emirados Árabes Unidos (47,37%). A seguir, vêm Reino Unido (20%), Estados Unidos (13,39%), Bahrein (12,91%, Sérvia (9,41%), Dinamarca (6,14%), Chile (5,58%), Islândia (5,17%) e Romênia (5,05%).
Os demais do ranking estão todos abaixo de 5%, inclusive Espanha (4,78%), Itália (4,58%), Alemanha (4,19%), França (3,47%) e China (2,82%).
Aliás, também causa estranheza a China ter um índice tão baixo: é de lá que vêm vacinas e insumos ao Brasil, por exemplo. Mas isso se explica: a China tem 1,4 bilhão de habitantes, 6,6 vezes mais que o número de brasileiros.
Isso apenas mostra que não será fácil imunizar a população mundial. Até quarta-feira, haviam sido aplicadas cerca de 150 milhões de doses, uma média de 4 milhões por dia desde o final de janeiro.
Até terça-feira, o total de aplicações representava apenas 1,89 dose para cada 100 pessoas no planeta e indica que 0,9% da população mundial recebeu ao menos uma dose.
NÃO DISPENSA CUIDADOS NUNCA!
O mundo tem 7,8 bilhões de habitantes. Digamos que será preciso vacinar 70% da população – cerca de 5,5 bilhões – pra garantir imunidade de rebanho e dar fim ao vírus. Serão necessárias, portanto, 11 bilhões de doses de imunizantes.
O laboratório que produz a CoronaVac, por exemplo, diz que com um segundo laboratório em operação poderá produzir, por ano, 1 bilhão de doses. Isto é, serão imunizadas 500 milhões de pessoas.
O mundo produz anualmente, entre 3 e 5 bilhões de doses de vacinas por ano, para as várias doenças (excluindo as gripes sazonais). Será preciso manter esta produção e ainda garantir linhas específicas para a covid-19. A produção total terá que chegar a 17 bilhões de doses, pelo menos.
Não dá pra deixar de sonhar com o mundo livre do vírus. Mas já se viu que mesmo nos países europeus há dificuldade de obter imunizantes. Vai demorar, por certo.
Resumindo: não saia de casa sem máscara de proteção. Lave as mãos. Mantenha distância. Tente se livrar de contrair este vírus maldito. Tenha certeza: vale a pena tomar esses cuidados.
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