O pior é que até médicos divulgam dados falsos, atribuindo morte de pessoas às vacinas.
Segundo país da América do Sul com menor índice de vacinação contra a covid-19 (à frente só da Bolívia), o Paraguai ainda tem um movimento antivacinas que conta até com médicos de hospitais públicos.
O Ministério da Saúde do Paraguai analisa entrar na Justiça contra o médico Victor Villa Diaz, um dos ativistas antivacinas. Em seu perfil no Facebook, o médico chegou a publicar uma lista de pessoas que teriam morrido por supostas complicações provocadas pelas vacinas.
Em postagem no Facebook, o médico Victor Villa chegou a levantar a suspeita de que o jogador argentino Agüero, que passou mal quando jovava pelo Barcelona, na semana passada, tenha sido vítima de “efeitos adversos destas vacinas”.
Em outra postagem, ele critica – com palavrões – a presidente do Círculo Paraguaio de Médicos, Gloria Meza, por defender que só pessoas vacinadas possam ter acesso a eventos com grandes aglomerações.
“Esta pobre anciã (…), já caduca, pobrezinha, (quer) um carnê de vacinados”, diz o médico. E conclama: “Deixem livres quem não quer vacinar-se”. Aliás, ele chama vacina de kakuna, em tom de desprezo.
Aos médicos que o criticam, Victor Villa diz que são “geneflexados/vendidos às poderosas indústrias farmacèuticas”.
BAIXA PROCURA
Este movimento contra a imunização pode ser responsável pela redução do número de pessoas que procuram os postos de saúde em busca de vacinas.
Segundo o jornal La Nación, no início eram aplicadas 120 mil vacinas de primeira dose em um único dia. Hoje, somando a primeira, a segunda e a terceira doses, a soma não chega a 30 mil por dia.
MENTIRAS
Uma das últimas postagens do médico Victor Villa foi a gota d´água, para o Ministério da Saúde. Ele divulgou nomes de pacientes que, no entender dele, morreram por ter sido vacinados.
O ministro da Saúde, Julio Borba, disse à rádio Monumental que a ação contra o médico vai se basear nas mentiras dele e, ainda, por ferir a ética médica, ao divulgar os nomes.
“Neste caso não se deve mentir. Cada um está livre para determinar se quer ou não vacinar-se, mas dali a dar informações falsas é outra coisa”, disse o ministro.
Segundo ele, nos últimos dias morreram no Paraguai, por covid-19, seis pessoas, e nenhuma estava vacinada. Na sexta-feira da semana passada havia 31 pacientes em UTI, “dos quais 27 não estavam vacinados. Os números falam por si”.
O ministro destacou que sempre foi dada a informação de que a vacina não é uma proteção 100% eficaz contra o coronavírus, “mas sim que, em 85% dos casos, ajuda a evitar casos graves”.
“VACINA É VIDA”
A preocupação de Julio Borba é maior porque, de 4,5 milhões de paraguaios com mais de 18 anos, só 3 milhões se imunizaram contra a covid-19. O restante continua exposto ao vírus, “e portanto poderiam saturar o sistema de saúde’.
“Vacina é vida, esse deve ser o maior incentivo”, acrescentou.
Ele instou as pessoas que ainda não se imunizaram a procurar informação verdadeira e não se guiar por falsos dados que circulam nas redes sociais.
No informe desta quarta-feira, 10, o Ministério da Saúde do Paraguai registrou 54 casos novos de covid-19 e nenhuma morte.
Há 85 pessoas internadas, das quais 41 em UITs. Segundo a Saúde Pública, 70% dos pacientes internados são pessoas que não receberam nenhuma dose de vacina.
“É uma situação complicada, já que todos os óbitos (até agora) são de pacientes não vacinados, também, comentou a diretora de Serviços e Redes de Saúde, Leticia Pintos.
Desde o início da pandemia, o Paraguai registrou 461.520 casos e 16.272 mortes.
13 VEZES MAIS CHANCE DE MORRER
Um estudo recém-divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos é “a mais nova prova cabal do efeito positivos das vacinas contra a covid-19”, noticia a revista Exame (e outras publicações do mundo todo).
O estudo mostrou que “uma pessoa não vacinada tem um risco muito maior de se contaminar e, caso infectado, necessitar de internação hospitalar e mesmo morrer”.
A chance de alguém que contraiu o vírus morrer, sem estar imunizado, é 13 vezes maior do que a de alguém que contraiu a doença após receber as duas doses ou dose única de alguma vacina, comparou o estudo.
Além disso, “sempre comparando infectados sem vacina e com vacina, a chance de os primeiros necessitarem de internação é dez vezes maior que os já vacinados”.
E mais: quem não se vacinou tem cinco vezes mais chance de se contaminar do que alguém que já recebeu as duas doses ou dose única.
Como lembra a Exame, esses cenários levam em conta um contextoonde a variante Deltra é a predominante, como acontece nos Estados Unidos e em muitos estados brasileiros. Em locais onde a variante, que é mais contagiosa, ainda não chegou com força, uma pessoa não vacinada tem chance 11 vezes maior de se contaminar do que uma vacinada.
No Brasil, um dos países com mais mortes e casos registrados da pandemia (em números absolutos, só está atrás dos Estados Unidos, no ranking mundial, no total de óbitos), a situação mudou radicalmente depois que começaram a aplicação das doses anticovid.
Na semana até quarta-feira, 10, o Brasil aparece em 6º lugar no número absoluto de mortes, atrás de Rússia, Estados Unidos, Ucrânia, Romênia e Índia.
Em números proporcionais, isto é, mortes por milhão de habitantes, a posição brasileira é ainda melhor: 66º lugar. São 8 mortes por milhão de habitantes.
Bem melhor que a posição do total de mortes acumuladas até hoje por milhão de habitantes: 2.843 óbitos, o que deixa o Brasil em 9º lugar. A tendência é perder posições, principalmente para países do Leste europeu.
PARAGUAI
No ranking geral, o Paraguai, embora tenha pouco mais de 7 milhões de habitantes, aparece em 43º lugar no mundo em número de mortes, à frente de países maiores e mais populosos.
Já no ranking semanal, conforme o site Worldometers, está em 129º. A vacinação, mesmo a passos lentos, funcionou.
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