
O Aeroporto de Foz do Iguaçu ainda não recuperou plenamente o volume de passageiros do período pré-pandemia. Em 2024, foram registrados dois milhões de embarques e desembarques, frente aos 2,3 milhões em 2019. A queda de 13,5% coloca o terminal na nona pior posição entre os 50 principais aeroportos do Brasil nessa comparação.
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Para entender os motivos que impediram uma recuperação completa, o H2FOZ buscou respostas e justificativas com o trade turístico. Veja o que a CCR, a Secretaria de Turismo, o Comtur e o Fundo Iguaçu disseram sobre o tema:
CCR: aposta na modernização
A CCR Aeroportos, concessionária que administra o terminal desde 2022, enviou uma nota ao H2FOZ reforçando o diálogo contínuo com as companhias aéreas para ampliar as opções de voos e rotas. No entanto, destacou que a decisão final cabe às próprias companhias, que avaliam a viabilidade com base em fatores estratégicos.
Conforme a CCR, igualar o total de passageiros atual com o registrado antes da pandemia é um desafio comum a aeroportos. A expectativa é de que o aeroporto de Foz siga em expansão. Para isso, a concessionária conta com a modernização do terminal de passageiros e a conclusão da homologação da extensão da pista. , somadas ao trabalho de promoção do destino realizado por instituições públicas e privadas da região com apoio da CCR.
Comtur: ampliar oferta de voos deve ser prioridade em Foz
O Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu (Comtur) cita alguns desafios específicos do aeroporto como a concorrência com outros destinos. Entre eles, cita a cotação do dólar e a alta nos preços das passagens aéreas, que impactam diretamente a decisão de viagem do turista. “Enquanto outros aeroportos passaram por expansões significativas em malha aérea e novas conexões, Foz do Iguaçu ainda busca ampliar sua oferta de voos, especialmente internacionais”, destaca a entidade, atualmente presidida por Diogo Marcel Araújo.
Para melhorar a situação, o Comtur tem trabalhado junto ao trade turístico, companhias aéreas e autoridades para fortalecer a conectividade do destino e reverter esse cenário. “O aeroporto, que já passou por melhorias na infraestrutura recentemente, segue sendo uma peça-chave na estratégia de crescimento do turismo na cidade. Seguimos confiantes na retomada do crescimento, com a ampliação da promoção do destino, investimentos e marketing, captação de novos voos e fortalecimento de Foz do Iguaçu como um hub turístico cada vez mais relevante no cenário nacional e internacional.”
O Comtur trata a retomada do crescimento do fluxo aéreo como uma prioridade e continua atuando junto ao setor aéreo e demais stakeholders para atrair novas operações e consolidar ainda mais o aeroporto de Foz como um dos mais importantes do Brasil.
Secretaria de Turismo: marketing e apoio do estado
O secretário municipal de Turismo de Foz do Iguaçu, Jin Petrycoski, que assumiu o cargo no começo deste ano, atribui a não recuperação plena do período pré-pandemia à ausência de uma estratégia para a manutenção dos voos nas gestões anteriores. Outra explicação, por exemplo, está nas empresas fabricantes de aeronaves, que não têm conseguido atender às demandas e pedidos das companhias aéreas. “Isso é fundamental para a criação de novas rotas e para que o fluxo seja melhorado.”
Jin lamenta os problemas existentes nas parcerias com as companhias aéreas e menciona, especificamente, a perda do voo Foz–Lima, operado pela Latam até 2020. “Esse voo era um portal de entrada para turistas da América do Norte e da Ásia”, explica.
Para atrair novos voos, a pasta planeja atuar fortemente em um marketing estratégico, com o apoio da CCR e do Governo do Estado do Paraná. “Se não melhorarmos a conectividade, o nosso turismo vai sofrer. Quanto mais voos, mais turistas e mais recursos para girar em nossa economia. Esse é um dos pilares de nossa gestão. Estamos buscando a contratação de uma consultoria especializada para nos fornecer um diagnóstico e orientar as ações técnicas que podemos implementar para fomentar isso em Foz.”
Além disso, o secretário também comentou que tem participado de importantes eventos de negócios na área e conversado com o Governo do Estado. A busca é pela viabilização de benefícios relacionados à alíquota de ICMS, com o objetivo de tornar os voos mais atrativos.
Fundo Iguaçu: força política é fundamental
Fernando Martin, atual presidente do Fundo Iguaçu e do Sindetur, além de empresário da área do turismo, relata que a situação não é exclusiva de Foz no Paraná. De fato, os aeroportos de Curitiba e Londrina também não recuperaram o fluxo pré-pandemia.
Entretanto, a expansão do movimento de passageiros, segundo ele, vai além das ‘forças humanas’. Por fim, ele afirma que “o que resta é rezar para que o governo leve o tema a sério e pare de pautar assuntos menos importantes para o turismo. Dizem que oferecem subsídios para as companhias aéreas, mas ninguém sabe quanto nem quais são as contrapartidas. As companhias aéreas afirmam que o que é oferecido é pouco, mas também não especificam o quanto necessitam. O que resta é esperar uma abertura de mercado para outras companhias aéreas e evitar o monopólio ou o cartel em forma de monopólio”, complementa.