Moradora da Vila B, a aposentada Eliza Gomes Nunes confirma faltar energia com muita frequência no bairro, especialmente quando o tempo fecha ou há ameaça de vendaval. “Deu temporal, na Vila B falta luz.”
Ela conta que sempre liga para o Copel, entretanto o atendimento é demorado, principalmente quando há queda de árvores na Avenida Tancredo Neves, o que acarreta falta de luz. Eliza salienta que o serviço da empresa precisa melhorar, até porque o consumidor paga pela energia.
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“Eu acho que o atendimento da Copel é bem precário, não se tem um retorno rápido até para conseguir contato.” Anos atrás, de acordo com ela, não havia tanto problema com a distribuidora como agora.
Morador do Jardim Duarte, na região da Vila A, Paulo Brumatti revela conviver com oscilações de energia o tempo todo. “Ultimamente caiu umas três vezes em questão de minutos.” Meses atrás, segundo ele, a situação estava pior, com a energia caindo quase todos os dias, principalmente à noite, duas ou mais vezes.
O serviço prestado pela Copel é fiscalizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme a agência, as reclamações estão em escala crescente no Paraná. Em 2022, foram 720 queixas; já em 2023, o total chegou a 1.230, das quais 66% a partir de setembro.
Embora o período de privatização coincida com o aumento das reclamações, a Copel descarta tal relação. A empresa sustenta que os problemas se devem à ocorrência de chuvas e ventos no estado, principalmente entre setembro e fevereiro.
Em informações divulgadas à imprensa, a Copel alega que os problemas são decorrentes dos contínuos temporais que atingem a região. A empresa ainda informa que está investindo cerca de R$ 7 milhões para ampliar e modernizar a rede elétrica da cidade, incluindo substituição de transformadores.
Serviços sucateados
Nesse período de constantes quedas de energia, a distribuidora deu várias explicações aos consumidores. Em um dos episódios, ocorrido em 16 de janeiro, a companhia alegou que um gambá entrou em um equipamento da subestação da Vila Yolanda, ocasionou um curto-circuito e deixou cerca de 50 mil consumidores sem luz.
Mesmo a empresa não estabelecendo relação entre o aumento das reclamações e a privatização, as queixas crescentes de consumidores coincidem com a venda, anunciada em agosto de 2023, mediante comunicado aos acionistas e ao mercado. A mudança fez com que a Copel deixasse de seguir a Lei das Estatais.
Apesar de oficializado em 2023, para Zuchoski o processo de privatização começou há tempos com a redução de postos de trabalho e terceirizações. “A Copel vinha se preparando para isso há quatro, cinco anos. A empresa chegou a ter 11 mil trabalhadores e hoje conta com cerca de cinco mil”, informa.
Em Foz do Iguaçu, diz Zuchoski, havia pelo menos cinco ou seis equipes próprias de eletricistas da empresa. Hoje, ela trabalha basicamente com terceirizados. Na avaliação dele, a Copel sempre teve um quadro de funcionários bem preparados e investia muito em treinamento.
Com a terceirização, a empresa conseguiu reduzir os custos de mão de obra, contudo o serviço perdeu a qualidade. “A própria Copel identificou mais de cem trabalhadores terceirizados analfabetos. Não é nada contra, mas, com todo respeito, como o analfabeto vai fazer o serviço se ele precisa ler?”
No próprio site, a distribuidora divulga que hoje tem 5.832 funcionários, dos quais 3.783 são de nível médio ou técnicos de nível médio.
Aparelhos queimados
Nas quedas e oscilações de energia é muito comum que alguns aparelhos domésticos estraguem. Mas é obrigação da Copel, por lei, fazer o ressarcimento desde que haja um laudo indicando o dano no momento da falha de fornecimento, explica o professor Braga.
Para obter o laudo, o consumidor deve levar o equipamento a uma eletrônica. Sem o registro de reclamação na Copel, não é possível reparar o dano material.
Caso o consumidor não queira correr o risco de ter o aparelho danificado, a sugestão é tirá-lo da tomada.
Serviço:
Link para reclamar dos serviçosConsumidor govBr — Agência Nacional de Energia Elétrica (www.gov.br)
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