É nos shows, bares e baladas. A fumaça do cigarro eletrônico se espalha livremente por todas as partes. O contrabando do produto proibido no Brasil aumentou 22,6% nos cinco primeiros meses deste ano em relação aos 12 meses de 2021 na fronteira de Foz do Iguaçu e contribui para a escalada da livre comercialização.
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O aquecimento do comércio ilegal se reflete no aumento da procura pelo produto. Dados do Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria indicam que no Paraná o consumo do cigarro eletrônico subiu de 0,9% para 3,4% entre 2018 e 2022.
Conforme os dados, em todo o país, um total de 2,2 milhões de adultos (1,4%) afirmam ter consumido cigarros eletrônicos até 30 dias antes de responder à pesquisa. Em 2018, primeiro ano em que o levantamento foi feito, o número era de 0,3% na população adulta, com menos de 500 mil consumidores.
Delegado da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Paulo Bini diz que as apreensões dos cigarros eletrônicos começaram a crescer antes mesmo da proibição, em 2009.
O contrabando, explica, segue a lógica de outros produtos. O cigarro passa pelo Rio Paraná ou é trazido para Foz do Iguaçu em veículos, motos ou até mesmo por laranjas, a pé.
O método mais usual é o contrabando “formiguinha”, revela Bini, ou seja, o produto é transportado aos poucos para um local até ser carregado em ônibus e carros e seguir viagem. Alguns lotes são apreendidos pelos fiscais até mesmo nos Correios e no comércio local, informa o delegado.
Nas ruas
Comprar cigarro eletrônico em Foz do Iguaçu é tarefa fácil. As tabacarias da cidade estão inundadas com o produto, que também está disponível em lojas virtuais e nas redes sociais.
De acordo com a Resolução 46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 28 de agosto de 2009, a comercialização, a importação e a propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil.
Também conhecido por vape ou pod, o cigarro eletrônico é considerado porta de entrada para o cigarro comum. Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), publicado em 2021, aponta que o uso do dispositivo aumenta em quase três vezes o risco de a pessoa experimentar o cigarro comum.
Na primeira versão, o cigarro eletrônico foi criado pelo farmacêutico chinês Hon Lik, há 20 anos, para ajudar fumantes a abandonarem o vício gradualmente. No entanto, não foi isso que ocorreu.
No ano passado, um relatório da Anvisa manteve a proibição do cigarro e indicou que o produto causa dependência por ter nicotina nos líquidos que abastecem os dispositivos. Os cigarros liberam aerossol a partir do aquecimento de um líquido com nicotina, solventes, aromatizantes e outras substâncias químicas.
Riscos
Conforme pesquisadores da Fiocruz, o uso do cigarro eletrônico expõe o organismo a vários elementos químicos, incluindo nanopartículas de metal do próprio dispositivo, nicotina e propilenoglico – líquido usado para diluir a nicotina que ao ser aquecido se transforma em formaldeído, substância cancerígena.
A nicotina, por exemplo, predispõe o fumante a doenças cardiovasculares, respiratórias, dependência química e câncer.
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