Entre os impactos do uso de agrotóxicos, segundo o Plano de Vigilância de Atenção e Saúde à População Exposta aos Agrotóxicos, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa),estão danos à natureza, desequilíbrio e destruição da fauna e flora, poluição das águas, além do impacto à saúde do trabalhador e de toda a população.
Em todo o Paraná, a Região Oeste é a que mais consome agrotóxico em todo o estado. Estatísticas da Sesa indicam que Cascavel é a cidade onde há mais comercialização e aplicação do produto.
A preocupação com o impacto do defensivo levou técnicos a iniciarem um trabalho de sensibilização e capacitação de equipes de saúde em todo o estado, conta a médica da Vigilância em Saúde Lilimar Mori. Após a conclusão desta etapa, que ainda está vigente, a Sesa pretende colocar em prática o Plano Estadual de Combate aos Agrotóxicos.
Lilimar Mori afirma que o impacto do agrotóxico é causado principalmente pelo uso incorreto do produto, utilização excessiva e contrabando. Há vários produtos, explica Lilimar, que contêm substâncias proibidas em outros países por serem cancerígenas. “Temos visto o uso de produtos contrabandeados e o excesso de aplicação do produto”, informa.
A médica diz que mesmo quem não lida diretamente com o produto, a exemplo dos agricultores, também sofre o impacto do agrotóxico. Entre os sintomas da contaminação causada pelo defensivo estão irritação na pele e impacto hormonal. Algumas substâncias presentes em agroquímicos estão sendo associadas ao autismo, câncer, surdez e depressão.
O uso do agrotóxico está ligado a casos de câncer, e alguns estudos fazem relação com tentativas de suicídio. A média de mortes por suicídio no estado, de 2007 a 2016, é de 6,06 por 100 mil habitantes, de acordo com o Plano de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos do Estado do Paraná. Conforme está registrado no estudo, taxas superiores foram observadas em 236 (59,15%) municípios, com destaque para Sulina (20,75), Quatro Pontes (17,94), Pato Bragado (17,71), Cruz Machado (17,11) e São Pedro do Iguaçu (17).
A pulverização aérea é a responsável por grande parte da contaminação causada pelos agrotóxicos. Neste aspecto, a situação do Brasil preocupa porque o país tem a segunda maior frota de aviação agrícola do mundo, com 2.083 aviões e helicópteros agrícolas.
REPORTAGEM COMPLETA
Fronteira aberta para o contrabando de agrotóxico
Pesquisa relaciona uso de agrotóxico à malformação congênita, em Cascavel
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