Foz tem 9 cemitérios, entre islâmico, indígena e comunitários

Lápides e túmulos dizem muito sobre a história e a memória da cidade

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As lápides e os túmulos dos cemitérios de Foz do Iguaçu revelam muito sobre a história e a memória da cidade. Pode não parecer, mas Foz tem nove cemitérios, incluindo um islâmico e um indígena, que ficava na área onde hoje é o aterro sanitário.

Há ainda um cemitério vizinho ao Parque Nacional do Iguaçu, campos-santos comunitários e um particular pertencente à Igreja Luterana.

Ao percorrer os cemitérios, é possível conhecer um pouco mais sobre o presente e o passado da cidade. Sobrenomes alemães, austríacos, poloneses, italianos, paraguaios e argentinos  dizem muito sobre os primeiros que chegaram. Há também aqueles bastante conhecidos, como Silva e Souza, e túmulos de pioneiros, a exemplo dos das famílias Basso, Kohlenberger e Schimelpfeng.

Túmulo Cemitério São João Batista
Jazigo da família Kohlenberg no Cemitério São João Batista. Foto: Marcos Labanca

Os muçulmanos têm um espaço próprio: um cemitério islâmico, ala situada dentro do Cemitério do Jardim São Paulo, na Avenida Felipe Wandscheer. Fundado em 1985, é destinado aos seguidores do islamismo, sejam xiitas ou sunitas.

Cemitério Islâmico Foz
O Cemitério Islâmico é destinado aos muçulmanos que vivem na fronteira. Foto: Marcos Labanca

Xeique da Sociedade Beneficente Islâmica, Mohamad Khalil explica que, pela lei islâmica, o morto deve ser enterrado diretamente na terra, com ou sem caixão. “A terra é a origem do corpo humano, e o corpo volta para a terra, e a alma volta à sua origem”, diz. Para os muçulmanos, a alma continua sua missão no céu.

Ao ser enterrado, o corpo é posicionado do lado direito, e o rosto fica em direção a Meca, cidade sagrada para os muçulmanos. Hoje, cerca de 200 pessoas estão sepultadas no cemitério islâmico. Cada jazigo é destinado a apenas um corpo.

Quando visitam os túmulos, os muçulmanos costumam recitar versículos do Alcorão, livro sagrado do Islã, para os mortos.

Os árabes cristãos ou aqueles que não seguem correntes religiosas são enterrados de modo convencional na cidade.  

Cemitério Jardim São Paulo
Cemitério do Jardim São Paulo será ampliado. Foto: Marcos Labanca

QR code conta história dos mortos

Cemitério mais antigo da cidade, o São João Batista, na Avenida Brasil, foi criado a partir da remoção de corpos de outro cemitério que ficava em frente à extinta Santa Casa de Misericórdia.

Túmulo José Maria de Brito
Por meio de QR Code é possível acessar história do militar. Foto: Marcos Labanca

Lá, um projeto inédito no Paraná começou a ser implantado para preservar a história de quem já se foi. A partir de um código QR instalado nos túmulos, é possível ao visitante ou familiar saber mais sobre o finado.

O piloto do projeto se deu no túmulo do militar José Maria de Brito. Ele participou da fundação da colônia militar que deu origem a Foz do Iguaçu e em 1938 publicou o livro Descoberta de Foz do Iguaçu e a Fundação da Colônia Militar.

Brito faleceu em 1946, mas agora sua história pode reavivada por meio do QR code. O link com uma minibiografia pode ser acesso aqui José Maria de Brito – CAMIS.

Fundado em 1947, o Cemitério São João Batista hoje é administrado pela empresa Camis, que também é responsável pelos cemitérios Jardim São Paulo, Vila Miranda e Parque Nacional.

Gerente da Camis, Amanda Caroline de Camargo informa que a ideia é começar a instalar os códigos QR nos túmulos de pioneiros para divulgar o projeto, no entanto qualquer família pode participar da iniciativa.

No link disponibilizado é possível acessar, além de texto, fotos e vídeos.

Gratuidade

Conforme estabelecido em contrato com a Camis, 30% dos sepultamentos realizados ao mês devem ser destinados a famílias sem condições financeiras de arcar com as despesas.

Esses enterros são feitos no Cemitério do Parque Nacional do Iguaçu e no Cemitério da Vila Miranda, em Três Lagoas. Passados três anos, os corpos são exumados, e os ossos, entregues às famílias – ou também podem ser encaminhados ao ossário. Esse procedimento ocorre para garantir a gratuidade.

Cemitério-parque

O Cemitério do Jardim São Paulo chama atenção por ser um cemitério-parque, sem jazigos em formas de capela e com gavetas horizontais. Recentemente, começaram a ser instaladas gavetas verticais sem contato com a terra.

Cemitério Jardim São Paulo
Cemitério do Jardim São Paulo é considerado Cemitério-Parque. Foto:Marcos Labanca

De acordo com a Camis, esse campo-santo será ampliado na parte dos fundos com mais de oito mil gavetas verticais, possibilitando também continuar atendendo à demanda gratuita.
Em toda cidade, há mais de 40 mil jazigos atualmente.

Cemitérios administrados pela Camis:

Cemitério São João Batista;
Cemitério Jardim São Paulo;
Cemitério da Vila Miranda; e
Cemitério do Parque Nacional.

Cemitérios Comunitários

Cemitério Três Lagoas antigo;
Cemitério Vasco da Gama;
Cemitério Alto da Boa Vista; e
Cemitério Indígena (preservado no aterro sanitário).

Cemitério particular

Cemitério Igreja Luterana (Três Lagoas).

Crematório

Um projeto para a instalação de um crematório em Foz do Iguaçu tramita pela Câmara de Vereadores. Ainda não há consenso no legislativo se o serviço seria uma concessão, que exigirá uma licitação para contratar uma empresa, ou se haverá liberação para qualquer empreender implantar o serviço.  

Se for seguir o trâmite dos cemitérios, o serviço deveria ser submetido a uma licitação, oferecendo 30% de gratuidade para pessoas que não podem arcar financeiramente com os custos. Este ano, houve pedidos para 24 cremações na cidade.

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