Em 2023, o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu recebeu 1,9 milhão de passageiros. Em 2019, no período pré-pandemia, foram 2,3 milhões. Ou seja, em cinco anos, o processo de recuperação desse fluxo de passageiros ainda não está completo. O terminal tem o sexto pior desempenho entre os 50 mais movimentados do Brasil.
Leia também:
Dos 50 maiores aeroportos do Brasil, Foz do Iguaçu tem o 6.º pior desempenho pós-pandemia
Aeroporto de Cascavel oferece passagens aéreas para SP até 87% mais baratas que Foz
Essa retomada passa por diversos fatores, incluindo a quantidade de voos ofertados. Nesse mesmo ranking dos 50 aeroportos com mais movimento no país, Foz aparece com o quinto pior desempenho nesse quesito, tendo recuperado 81% do número de pousos e decolagens registrado antes da pandemia (em 2023 foram 14 mil voos frente aos 17 mil de 2019).
Em relação às opções de rotas disponíveis, considerando pelo menos 200 passageiros por ano (o que exclui casos pontuais, como a passagem do avião da expedição NatGeo do ano passado), em 2023 foram oferecidas 18 conexões, sete a menos do que em 2019. Isso representa uma diminuição de 28%.
Durante o ano passado, destacaram-se as rotas para Florianópolis, com mais de 45 mil passageiros; Santiago/Chile, com mais de 40 mil; e Recife, com mais de 8 mil passageiros. No entanto, também é sentida a ausência de ligações importantes presentes em outros anos, como Lima (Peru), Campo Grande (MS) e Fortaleza (CE).
Entre os voos que continuaram sendo oferecidos durante todo esse período, alguns apresentaram queda no volume de passageiros transportados. Os viajantes do trecho Foz–Curitiba, por exemplo, que chegaram a somar 400 mil embarques/desembarques anuais entre 2011 e 2015, caíram para pouco mais de 200 mil no ano passado.
Conforme a Secretaria Municipal de Turismo e Projetos Estratégicos, essa redução específica é reflexo de uma combinação de fatores, como a inflação e a taxa cambial do dólar. “O preço médio das passagens de Curitiba para Foz do Iguaçu naquele ano foi de R$ 286,00 e 87% das passagens eram vendidas por até R$500. Enquanto em 2023, o preço médio do trecho era de R$ 475,00, e apenas 71% dos bilhetes foram vendidos por até R$ 500”, informa em nota.
Ainda segundo a secretaria, “a oferta de voos com origem em outros aeroportos regionais com destino à Curitiba, absorveu uma demanda que anteriormente poderia estar sendo escoada por Foz do Iguaçu”. E “o transporte rodoviário tem sido uma opção frequente para o viajante”.
A CCR, concessionária que assumiu a administração do Aeroporto de Foz do Iguaçu em 2022, até o fechamento desta reportagem (sábado, 17), não havia se pronunciado sobre as perguntas enviadas na quinta-feira (15). Em matéria divulgada na sexta-feira (16), o gerente do terminal, Wander Melo Jr., frisa que o aeroporto tem oferecido voos extras para a alta temporada, novas linhas fixas e opções internacionais. “Estamos no caminho certo e realizando cada vez mais”, afirma.
Voos internacionais e regionais
Uma opção que enche de nostalgia os iguaçuenses é o voo direto para a capital peruana, Lima, oferecido entre 2011 e 2019. A rota envolvia entre 40 mil e 70 mil passageiros todos anos. Ainda falando em destinos internacionais, somente em 2018 foram quase 60 mil pessoas nos voos diretos para a Argentina (a maioria para a capital, Buenos Aires, mas existiam opções diretas para outros destinos como Rosário e Salta).
Houve também o tempo dos voos diretos para Assunção, no Paraguai (com mais de 18 mil passageiros entre 2004 e 2005), e Montevidéu, no Uruguai (que entre 2010 e 2012 teve o registro superior a 30 mil pessoas). Se retrocedermos mais, em 2002, o Aeroporto de Foz do Iguaçu operou voos diretos para Paris (França) e Milão (Itália), envolvendo cerca de 1,5 mil viajantes.
Em relação a voos regionais, entre 2009 e 2011, a rota para Londrina (inativa desde 2019) atraiu mais de 20 mil passageiros, e a ligação com Maringá (inativa desde 2017) foi utilizada por mais de cinco mil passageiros de 2010 a 2012.
Sobre esse tema, a Secretaria Municipal de Turismo e Projetos Estratégicos informou que a oferta de voos pode variar de acordo com uma série de fatores, como ajustes em relação à demanda de passageiros, alianças comerciais, eficiência operacional, entre outros.
“No momento, os voos que chegam em Foz do Iguaçu operam com ocupação média de assentos de 77%, apenas 4% menor em relação a 2019”, explica. O órgão ainda menciona possuir um acervo de informações sobre o fluxo de viajantes e visitantes da cidade e trabalha para fomentar a demanda turística e estimular a implementação e/ou aumento de rotas junto às companhias aéreas.
Voo direto para os Estados Unidos
Em 2022, o Governo do Paraná chegou a ventilar a possibilidade de um voo conectando Foz do Iguaçu aos Estados Unidos, via Panamá, por meio de uma parceria entre a CCR e a Copa Airlines.
Conforme a Secretaria Municipal de Turismo e Projetos Estratégicos, essas negociações continuam ocorrendo, com a CCR encabeçando as tratativas com a companhia aérea, tendo o apoio do Governo do Estado, Prefeitura de Foz do Iguaçu, Visit Iguassu, Itaipu Binacional, trade turístico local e Embratur. Em nota, a secretaria relata que “foram realizadas diversas reuniões”, assim como “Foz do Iguaçu é um destino que está na lista da Copa para voos futuros e as instituições parceiras estão trabalhando para atender as demandas e dar os subsídios necessários para garantir a rota para o destino”.
Homologação da nova pista
Em abril de 2021, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, e o então presidente da República Jair Bolsonaro inauguraram a nova pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. A obra, que integrou um pacote de investimentos estratégicos da Itaipu Binacional, em parceria com o Governo do Estado, tinha como objetivo acelerar o desenvolvimento da região e transformar a cidade em um hub logístico na América Latina.
A pista ganhou 664 metros de extensão, passando de 2.194 metros para 2.858 metros, tornando-se a maior entre os aeroportos do Sul do Brasil. Essa ampliação – que teve 80% do investimento custeado pela Itaipu – permitiria um maior fluxo de voos internacionais, porém até hoje não foi homologada.
Em nota enviada ao H2FOZ neste sábado (17), a CCR Aeroportos informa que, diante da não conclusão da implantação da sinalização horizontal e equipamentos de auxílio à navegação aérea, entre outros elementos, por parte da Infraero, a Concessionária está empenhada na busca por soluções junto ao Poder Concedente e à própria Infraero, de forma a atender estes e outros pontos fundamentais à homologação da pista do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
Comentários estão fechados.