Silvio Almeida: humanidade e esperança!

O servidor Waldson de Almeida Dias fala sobre o Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.

Por Waldson de Almeida Dias | OPINIÃO 

Precisamos renascer! Todos precisamos renascer! 

 O verbo intransitivo, renascer, nos remete a ação de nascermos novamente. Algo até o presente momento aludido como impossível para qualquer ser humano. Mas, a propostas não é retornarmos da morte e sim de evitarmos a morte.  

Basta vermos os noticiários nacionais e internacionais para percebermos que tem algo de muito errado com e no mundo em que vivemos. Essa ideia de humanidade precisa ser pensada e repensada. A solução? Claro que eu não tenho! E o fato de não ter uma visão ou uma opinião de qual caminho seguir para que possamos ter um futuro onde a humanidade possa ser chamada verdadeiramente de humana, abre um vazio e uma desesperança gigantesca.  

Mas, eis que tal o pássaro fênix, tenho o dom de renascer, principalmente quando me dizem para ter esperança.  E ele me disse: “tenhamos esperança!”, foi uma injeção de energias na veia, vida nova a correr junto com o ancestral sangue que nos faz viver. 

Ele, um homem em forma de esperança! Primeiramente pensei que ele estava sozinho, mas ele chegou acompanhado e em um átimo de segundo vi que eram muitos! Ele chegou calmamente, passos lentos, voz calma, pausada e sabia. Sua estatura gigante! Não pensei que fosse tão alto. E quanto mais eu o olhava mais alto ficava, foi quando percebi que ele não era único e sim uma unidade de bilhões. Não era um só homem negro, mas uma unidade de bilhões e ao falar, todos falavam, ao se expressar todos se expressavam em uníssono. E vi em sua face todos os escravizados negros advindos do continente chamado África! Vi em sua face todos os indígenas que desapareceram em nome de uma humanidade que se achava melhor e discriminava as demais. 

Naquele momento ímpar, eu vi nele o Exu que matou um pássaro ontem, com a pedra que ainda estava na minha mão, e que eu ainda nem tinha pensado em jogar… 

O Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, estava na minha frente e ele veio para trazer esperança! Esperança de vida! Esperança de futuro! 

E a esperança aconteceu em palestra memorável  proferida pelo Ministro. Inicialmente pensei que meus olhos me traiam e que o orador se tratava de Luiz Gama, tal a energia ancestral que senti no local. Lembrei da celebre frase proferida por Sir Isaac Newton: “Se vi mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes”; nesse caso eram muitos os gigantes presentes personificados em um só homem. 

Eu vi mais longe, em um primeiro momento retornei ao passado quando Silvio Almeida, tal qual Sankofa , nos apresentou brilhantemente um histórico da trajetória humana através dos tempos. Revisitou o passado, nos mostrou onde erramos e o porquê chegamos no momento presente com tanto ódio, racismo, ceticismo, intolerância e todos os males que assolam o planeta. 

Nos mostrou que “é a natureza que determina aquilo que as pessoas são! E nossa interação com a natureza é que vai nos dizer quem somos. De maneira que a gente se integra ao todo da natureza”; claramente mostrou que “o modelo de humanidade que temos é o modelo do homem que nos tornamos”.  

E então nos conclamou a renascer: “O renascimento é a retomada do pensamento antigo para nos livrarmos justamente dessa imposição da religião, da divindade. É um processo inicial de autonomização do ser humano diante da natureza em geral, ainda que o ser humano pertença a essa natureza”, ou seja, “O renascimento propunha um retorno ao humano”. E é certo que temos deixado muito a desejar em nos afirmarmos como seres verdadeiramente humanos. Necessitamos de uma humanidade apartada da ideia de que o divino é que impera, em nome do divino através dos tempos tem se cometido as maiores atrocidades. 

Silvio Almeida nos chamou a usar a famosa frase de René Descartes: “Cogito, ergo sum” , está na hora de pensarmos, algo que não temos efetuado de maneira profícua nos últimos tempos. Nos lembrou que: “cultivar qualquer tipo de humanidade é criar possibilidade de a gente deixar um mundo possível. Um mundo que não seja de destruição, que não seja de violência para aqueles que vem depois de nós.” 

“Meu grande objetivo na vida é que outras pessoas possam lembrar de mim! E lembrar de mim como alguém que deu possibilidades para surgimento das novas gerações.” 

(Silvio Almeida) 

Se utilizando da magia Sankofa, “lembrou que nossos ancestrais foram escravizados, vieram acorrentados e que de alguma maneira nós somos a prova de que é possível ter um projeto que vá além de nós, pois apesar de todas as condições e dificuldades nós estamos aqui e somos a materialização dos sonhos de nossos ancestrais”. 

Solicitou que começássemos a pensar em retornar ao humano! e lançou um projeto de Humanidade: “A Construção de um novo tipo de humanidade. Um projeto que torne possível deixar para os nossos filhos e netos, para aqueles que não são nossos filhos e netos, mas são filhos e netos de outros, deixarmos um mundo decente.” 

Lembrou que talvez tenhamos que fazer o que o grande líder indígena Ailton Krenak falou: “Que talvez a nossa grande tarefa histórica seja adiar o final do mundo. Para que possamos dar a possibilidade que venha uma geração melhor do que a nossa. Esse é o projeto, abrir caminho, abrir espaço para que venham outras pessoas, outras gerações melhores que a nossa. Que possam cuidar do planeta, que possam cuidar uns dos outros, que possam eliminar o racismo, o ceticismo e fazer com que as diferenças sejam prospectivas, que possam inventar formas de produzir que não destruam uns aos outros, nem a natureza”. 

Finalizou dizendo, “Que está na hora de resgatarmos o pensamento utópico como parte fundamental de nossa humanidade, de apostar no futuro, não o futuro das máquinas, mas um futuro que nem nós ainda conseguimos vislumbrar, um futuro que vai ser construído pelas pessoas que nós venhamos a permitir que vivam, devido ao fato de nós termos tomado consciência. De termos sido decentes.” 

Nesse momento, enquanto as plateias o aplaudiam, sim as plateias, a presente e a ancestral, eu entendia a frase lida no livro os Miseráveis, de Victor Hugo: “há momentos em que, seja qual for a posição do corpo, a alma está, sempre, de joelhos”. Não me ajoelhei, mas aplaudi em agradecimento em poder habitar o mesmo tempo e espaço que um ser humano gigante. 

E decidi que eu também quero ser lembrado! Quero ser lembrado como alguém que se empenhou para adiar o fim do mundo e que dei possibilidades para o surgimento de novas e melhores gerações. 

1 O Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, esteve em Foz do Iguaçu proferindo palestra de abertura do XVI Congresso de Direito do Centro Universitário UDC.

2 Sankofa (Sanko=voltar; fa= buscar, trazer) língua Akan da África Ocidental, provérbio que significa, “retornar ao passado e buscar o que lá foi esquecido”.  
3 Penso, logo existo! 

* Waldson de Almeida Dias é servidor público municipal em Foz do Iguaçu. 

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Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ. 

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4 Comentários
  1. Herika Quinaglia Diz

    Incrível ???

  2. Rafael Sanches Diz

    Não podemos perder as esperanças!
    Parabéns pelo conteúdo!

  3. Ana Diz

    Parabens!!

  4. Ana Paula Diz

    Perfeita!!!
    E vou usar a citação pra dizer o que achei…..
    “Há momentos em que seja qual for a posição do corpo, a alma está Sempre se joelhos”, assim estou aplaudindo.
    E agradeço por vc compartilhar um momento como este, e nos permitir pelo seu relato, sentir a grandeza que foi.

Comentários estão fechados.