Por Waldson de Almeida Dias – OPINIÃO
SOU do tempo em que levar vantagem sobre os demais era algo positivo, assim falava o jogador de futebol tri campeão mundial com a seleção brasileira, Gerson ao fazer comercial de uma marca de cigarro denominada “Vila Rica”. “Leve vantagem você também” falava ele e assim foi criada a lei de Gérson, que de uma certa maneira ainda vigora neste país, principalmente entre alguns políticos.
Os comerciais de cigarro eram muito bem produzidos, com trilha musical de primeira e artistas e cantores famosos emprestando seus talentos interpretativos em troca de uma quantia considerável para levar os fumantes a adquirir determinada marca e aqueles ainda não fumantes a serem captados pelos melhores comerciais e as melhores frases de efeito: “leve vantagem você também!”; “mais tamanho, mais prazer”; “Hollywood o sucesso” e uma infinidade de marcas que somente trocavam de nome, mas o veneno era o mesmo e muita gente morreu vítima do cigarro.
A indústria cinematográfica fez filmes baseados em fatos reais em que as industrias de cigarro foram para no banco dos réus, processadas por pessoas que se sentiram vítimas do cigarro, sem falar na poluição que as fábricas efetuavam no entorno onde estava instalada.
Mas o slogan mais importante no Brasil surgiu no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso: “Cigarro faz mal até na propaganda”. Com esse slogan a propaganda de cigarro foi proibida no Brasil. O governo federal injetou uma campanha na ordem de 4,5 milhões de reais para conscientizar a população dos perigos causados pelo consumo do cigarro, do tabaco. O ministro da saúde à época, José Serra, recebeu o prêmio “Limpando o Ar” pela Organização Pan-Americana de Saúde, no ano de 2002.
Com isso, nós, os não fumantes começamos a ter um ar melhor para respirar e coube aos fumantes a salas restritas onde podiam e podem consumir seu vício e se intoxicar à vontade sem causar dano a saúde alheia.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – divulgou em 2013 que entre 1989 e 2010, 33% da população brasileira parou de fumar após as medidas governamentais e índice de câncer nos pulmões diminuiu sensivelmente.
Mas, contudo, todavia, entretanto, os assassinos proprietários das indústrias se reinventam e agora se utilizam da era eletrônica para inserir na sociedade uma droga deveras letal: o cigarro eletrônico! Também conhecidos como “vape”, “vaper”, “pod”, “e-cigarette”, “E-ciggy”, “e-pipe”, “e-cigar” e outros nomes, mas com um só conteúdo: tabaco aquecido! Cuja a emissão é extremamente nociva para quem faz uso quanto para quem é exposto aos aerossóis.
E os usuários, todos sem exceção tem algo em comum, são mal-educados e chatos, se utilizam dos locais públicos como se deles fossem e soltam a fumaça tóxica e fedida sem se preocupar com quem está por perto. A ignorância destas pessoas ainda é mais letal do que a ignorância que havia no tempo do cigarro de papel, pois a indústria do comercial, da mídia era muito forte e levava principalmente a juventude a adentrar no mundo do vício do cigarro.
Agora não há propaganda em televisão que estimule os idiotas a consumir o veneno eletrônico, me parece que o modismo pegou de vez e em quase todos os lugares em que frequentamos nos dias de hoje, eles estão, e colocam a fumaça tóxica no ar sem se preocupar com que está ao seu lado, muitas vezes crianças, grávidas, pessoas de idade como já presenciei e muitas destas pessoas tem um discurso bonito, de pessoas que lutam pela vida, pelo meio ambiente, contra a violência. Pessoas que entram em uma sala de aula para ensinar crianças, jovens. Pessoas cujo discurso é lindo e a prática se esvai na fumaça tóxica. Uma verdadeira Quadrilha da fumaça!
Recentemente tirei uns dias de férias e ao viajar eu os encontrei em todos os lugares, nos aeroportos, na beira da praia em frente ao mar, hotéis, pousadas, lugares turísticos. Quando você menos espera a fumaça começa, oh gente mais imbecil e sem noção. O cigarro eletrônico já invadiu as escolas, faculdades e nos bares e festas já faz parte do cotidiano. Nós que não consumimos é que temos que não frequentar estes lugares ou ter uma certa dose de paciência ou ignorância, tal qual a que tenho e pedir que deliguem e ou quem sabe fazer engolirem sem direito a copo de água para ajudar na descida.
Especialistas já consideram que o cigarro eletrônico virou “epidemia de nicotina”, principalmente entre os jovens. Para se tornar uma pandemia, se já, não é? É um pequeno passo, um passo fatal!
O Dr. Drauzio, um dos maiores especialistas no assunto afirma que “se está criando uma legião de dependentes de nicotina e de fumantes passivos, que ficarão com os pulmões doentes, agredidos pela fumaça dos que fumam os eletrônicos”.
“Estamos criando uma legião de dependentes de NICOTINA”
(Dr. Drauzio Varella)
Especialistas no assunto afirmam que os usuários dos cigarros eletrônicos possuem o aumento em 42% a chance de terem um infarto. Isso porque a nicotina é aquecida dentro do dispositivo eletrônico. Quando o usuário traga é formado o vapor, mas para que a formação do vapor aconteça, outras tantas substâncias escusas e que não existem no cigarro de papel, são utilizadas no meio eletrônico. A bomba está armada e a explosão acontece no interior da pessoa, mas ao expelir a fumaça fedida prejudica os pulmões de quem está próximo e prejudica o nosso ar já tão cheio de substâncias tóxicas que existem e que não precisa de mais veneno.
Tenho visto “moleques”, não mais que 14 ou 15 anos com essas porcarias na boca e se achando poderosos. Dias deste falei para um deles que ele estava consumindo algo prejudicial a sua saúde. Ele riu e disse que eu não tinha nada haver com isso. Refleti e concordei com ele, pedi desculpas por minha intromissão e desejei que ele tivesse uma morte bem dolorosa e que se lembrasse de mim a cada tossida. Tem horas e momentos que a minha tolerância com a ignorância é zero!
Aqui na província, Foz do Iguaçu, por estar na fronteira com o Paraguai, o consumo é muito maior, facilidade de adquirir os cigarros eletrônicos é muito fácil e não vejo por parte das autoridades nenhuma campanha de conscientização, pelo contrário, vejo autoridades e pessoas responsáveis por uma educação de qualidade fazendo parte da es ‘quadrilha” da fumaça, uma fumaça tóxica e que mata!
Ao usar o cigarro eletrônico você contribui com uma indústria que mata tanto quanto as bombas em uma guerra. Você é ao mesmo tempo um suicida e um assassino em potencial. Parabéns por ser mais um idiota a poluir nossa existência.
Waldson de Almeida Dias é servidor público municipal em Foz do Iguaçu.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.
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