O custo da reforma da UPA do Morumbi ficou pelo menos 70% mais caro ao erário, passando dos R$ 558,8 mil iniciais para mais de R$ 950 mil, valores informados pela prefeitura, antes e depois da obra, respectivamente. A unidade foi reaberta nessa segunda-feira, 5, após cerimônia entre agentes públicos dois dias antes.
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A reportagem questionou a administração sobre o porquê do valor mais alto – diferença de quase R$ 400 mil em uma reforma. E perguntou, sem obter resposta, o custo exato pago pelo serviço, já que anteriormente a gestão municipal reportou outro valor ao H2FOZ: mais de R$ 1 milhão.
Sustenta a prefeitura que na fase de demolição foram detectados problemas estruturais no telhado (cobertura), incluindo serviços que precisaram ser abordados no projeto. Também foi necessário revisar e substituir completamente os sistemas de gases medicinais e lógica.
Quanto ao telhado, porém, a municipalidade já previa a sua troca. “A unidade passará por uma substituição da cobertura que deverá sanar os problemas de goteiras e infiltrações; e ainda por uma restauração de todos os tetos, forros, pisos e paredes que hoje se encontram degradados”, informou, em novembro, antes da reforma.
Atraso na obra
Em um primeiro questionamento, a prefeitura relatou ao H2FOZ que a reforma seria concluída na segunda quinzena de fevereiro, o que resultaria em um prazo de quase o dobro do previsto. Em seguida, vereadores e gestores vistoriaram a obra e anunciaram a reabertura na segunda-feira (5).
Com efeito, o atraso foi de cerca de um mês, período em que a população precisou recorrer ao atendimento na UPA João Samek, que muitas vezes ficou superlotada. Ainda assim, o prefeito Chico Brasileiro (PSD) se vangloriou dos prazos.
“Muita gente dizia que a UPA não iria reabrir, que não conseguiríamos concluir os trabalhos, e estamos entregando as obras em tempo recorde”, declarou no evento de inauguração da reforma. Ele emendou afirmando que sua gestão “coloca a saúde e a vida da população acima de tudo”.
Unidade reabre sem raio-X funcionando
Ao ser reaberta pela prefeitura, nessa segunda-feira, a unidade de pronto atendimento não dispunha do raio-X para exames, equipamento básico para esse nível de atendimento. Pacientes eram encaminhados à UPA João Samek, em outra região.
Em nota da assessoria, a administração relatou que a unidade de saúde estava operacional, porém enfrentando “contratempos com o equipamento de raio-x”. Informou que trabalha para corrigir o problema, sem dar prazo.
“Durante esse período, a Secretaria de Saúde adotará as medidas necessárias, direcionando os pacientes que necessitarem de exames desse porte para a UPA João Samek e o Hospital Municipal”, reportou a prefeitura.
Promotoria irá acompanhar
A reforma da UPA do Morumbi decorre da intervenção do Ministério Público do Paraná, com o qual a prefeitura assinou um termo de ajustamento de conduta (TAC). Além das condições estruturais, a gestão municipal deve assegurar o fluxo adequado de atendimento às pessoas.
Em nota, a prefeitura diz ter cumprido os termos estipulados no TAC e que irá informar o MPPR sobre a conclusão da obra. “Fica a critério do Ministério Público realizar a vistoria correspondente para verificar o cumprimento efetivo das cláusulas”, cita.
A reportagem requereu o posicionamento do promotor Luís Marcelo Mafra, responsável pela intervenção. Ele realçou que irá solicitar da prefeitura todas as licenças competentes, incluindo as dos órgãos sanitários.
Quanto ao atendimento, o promotor mencionou que manteve duas reuniões com o prefeito e gestores da Secretaria Municipal de Saúde e do Hospital Municipal. É na casa hospitalar que recai parte dos atendimentos iniciados nas UPAs, conforme o estado do paciente.
“Condicionei o funcionamento ao preconizado às UPAs. Caso haja inconformidades, já avisei que tomarei providências”, ressaltou o promotor Mafra. A administração deverá comprovar o adequado fluxo de atendimento formalmente, na ação civil pública, explicou.
Melhorias
A unidade, anunciou a prefeitura, foi reestruturada, incluindo melhorias como:
- substituição da cobertura;
- restauração de todos os forros, pisos e paredes;
- nova sala de medicação, com aproximadamente 45 metros quadrados;
- ampliação de uma sala de classificação de risco; e
- um consultório indiferenciado.
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