Presidente do Paraguai não tem mais a “bênção” de Horacio Cartes

O ex-presidente chamou o atual de “hipócrita”, porque ele apoiou a reeleição do presidente do Senado, o que disse que não faria.

Não convidem para a mesma mesa o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e o ex-presidente Horacio Cartes.

Eles estão politicamente “de mal”.

Tudo porque Abdo ajudou a reeleger o presidente do Senado, Oscar Salomón. A eleição foi na terça-feira, 22.

Quase imediatamente, Cartes divulgou uma nota à imprensa, com críticas ao eleito e à “ingerência” do presidente, como divulgou o jornal Última Hora.

“Lamentamos a triste e hipócrita atuação do titular do Poder Executivo, cuja ingerência, mais uma vez, está enfocada em debilitar e não em fortalecer o núcleo político que o consagrou à presidência da República.”

A nota é assinada pelo ex-presidente, pelos senadores Sergio Godoy e Antonio Barrios e ainda pelos deputados Pedro Alliana e Basilio Núñez.

Horacio Cartes, a partir de agora, não abençoa mais a gestão de Mario Abdo. Foto Marcello Camargo/Ag. Brasil

BRONCA COM A ESQUERDA

O grupo de políticos ligados a Cartes, que faz parte do movimento Honor Colorado, condenou a reeleição de Salomón por ele ter se aliado com “a extrema esquerda”.

Salomón foi reeleito com 25 votos, contra 15 dados ao senador Ramón Ayala. Houve uma abstenção e quatro ausências.

Como vice-presidente do Senado, foi eleito Sixto Pereira, do partido Frente Guasú, e como vice-presidente foi eleita a liberal Hermelinda Alvarenga.

Ambos não seguiram a orientação de seus grupos políticos.

POSIÇÃO ANUNCIADA DE ABDO

Em coletiva, o presidente disse que não se envolveria na disputa. Foto Agência IP

Um dia antes da eleição no Senado, o presidente Mario Abdo Benítez tinha dito que “não se envolveria muito nas questões político-partidárias”, como noticiou a Agência IP.

“Minha prioridade continuará sendo melhorar nosso sistema de saúde e atender as necessidades que hoje requerem a atenção de um presidente”, afirmou.

E A CRÍTICA POSTERIOR

O senador cartista Sergio Godoy criticou a postura do presidente.

“Ele disse ‘não vou me meter’, mas na hora da verdade o que fez foi se alinhar com os senadores que o seguem e terminaram aprovando este tipo de questões.”

Godoy, quando fala em “questões”, refere-se a alguns projetos em tramitação, que seu grupo condena.

“Não dá para se unir a tipos que apresentam (projetos) para que não se punam as invasões, que se possa entrar em propriedade e queimar sem que aconteça nada, que se desmatem as florestas e depois se blanqueie (legalize), coisas de sua agenda”, disse ainda o senador.

“HIPÓCRITAS OU COVARDES”

Hipocrisia foi também a palavra usada por um senador que votou em Salomón, contra os acusadores.

O senador colorado Enrique Riera disse que ele e seus colegas têm “mais testemunhos de luta em defesa da liberdade, da propriedade privada e do estado do direito do que muitos daqueles que hoje – hipócritas ou covardes – se assustam por votar em um colorado”.

Segundo o jornal Última Hora, todas as bancadas do Senado, com exceção do Partido Democrático Progressista, votaram de forma dividida.

“TRAIÇÕES”

O presidente reeleito do Senado ladeado pelos vices, Sixto Pereira e Hermelinda Alvarenga, que votaram diferentemente de seus grupos. Foto Senado do Paraguai

Nem a Frente Guasú se salvou, e por isso Sixto Pereira ganhou a vice-presidência.

Mesma atitude da líder da bancada llanista, que preferiu votar em Salomón e ficou como vice-presidente.

O próprio Blas Llano considerou que a senadora cometeu uma traição.

A ala de oposição, formada por liberais, luguistas (seguidores do ex-presidente e atual senador Fernando Lugo) e do partido Patria Querida, promoveu a candidatura de Eusebio Ramón Ayala.

Ele só teve 15 votos.

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