Com a presença dos presidentes do Brasil e do Paraguai, Luiz Inácio Lula da Silva e Mario Abdo Benítez, o economista Enio Verri assumiu, na manhã desta quinta-feira (16), o cargo de diretor-geral brasileiro de Itaipu. A cerimônia ocorreu no Cineteatro dos Barrageiros, localizado no antigo canteiro de obras da binacional.
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Para o evento, Lula veio à fronteira acompanhado por ministros como Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). O Paraná foi representado pelo vice-governador Darci Piana e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano.
Chico Brasileiro, prefeito de Foz do Iguaçu, foi uma das autoridades na tribuna, ao lado de parlamentares e convidados da comunidade local, como integrantes de comunidades indígenas, de pescadores, de trabalhadores e de projetos sociais, que entregaram a Lula um quadro da artista Dirceia Braga retratando a “Árvore da Vida”, da simbologia guarani.
Verri começou o discurso com um elogio ao antecessor no cargo, o almirante da Marinha Anatalicio Risden, nomeado em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro. “Quero fazer um elogio público à maneira elegante como ele trabalhou comigo na transição. Muito obrigado”, agradeceu o novo diretor.
“Quero expressar o quanto me sinto honrado pelo convite feito pelo presidente Lula para assumir o cargo”, frisou Verri. “A melhor forma de demonstrar minha gratidão pela confiança é assumir compromisso solene de dar o meu melhor, primando pelos interesses da população e pelos compromissos do governo.”
O novo diretor recordou que o irmão, Fernando, trabalhou como operário na construção da usina, na década de 1970. Dirigindo-se à primeira-dama Janja da Silva, que também atuou na hidrelétrica, disse que “Itaipu voltará a colaborar com o governo federal para fortalecer as políticas sociais de inclusão e combate a toda forma de desigualdade”.
Verri também citou os investimentos feitos em educação na região de fronteira durante os dois primeiros mandatos de Lula, com a criação do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e do campus de Foz do Iguaçu do Instituto Federal do Paraná (IFPR).
Segundo Verri, uma das prioridades do início de gestão é analisar a viabilidade de ampliar a atuação de Itaipu, reconstruindo redes de parceria e criando novas conexões. “O esforço para construir essa obra foi assumido por todos os consumidores, portanto acho justo que seja possível ampliar essa atuação”, afirmou.
Lula
Em seu discurso durante a cerimônia, o presidente Lula falou sobre os critérios para a escolha do novo diretor-geral brasileiro e brincou com a estatura de Enio Verri.
“Primeiro eu pensei em um grande homem, e não tinha ninguém maior que ele no PT. Aí pensei em alguém que conhecesse um pouco de administração pública e tivesse noção de economia, e o Enio é doutor em economia. Procurei também um companheiro doutor na compreensão dos problemas sociais que Itaipu precisa ajudar a resolver, e esse homem é o Enio”, declarou Lula.
“Nós não podemos colher os resultados só para Itaipu, quem está aqui tem responsabilidade como representante do Brasil e precisa ajudar a resolver os problemas. Itaipu pode contribuir com um grão dessa areia que está no fundo dessa represa para que a gente possa colher aquilo que foi um sonho quando foi assinado o tratado”, ponderou.
Ao considerar o Tratado de Itaipu como um exemplo de boas relações entre países vizinhos, Lula disse ao presidente Mario Abdo Benítez que a renegociação do Anexo C, que define as bases financeiras para o funcionamento da hidrelétrica e completa 50 anos em 2023, levará “muito em conta a realidade dos dois países e o respeito que o Brasil tem que ter pelo seu aliado, o nosso querido Paraguai”.
“Tenho recebido críticas de empresários de que o linhão de energia que a gente fez no Paraguai está levando empresas brasileiras para lá. Mas o Brasil, como irmão maior, tem responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam, para que a gente nunca mais tenha uma guerra entre irmãos, como já ocorreu entre Brasil e Paraguai”, mencionou o presidente, aplaudido pelos presentes.
Outro momento que arrancou aplausos foi a citação às obras inacabadas da Unila. “Eu fico com muita tristeza quando vejo, e eu passei de helicóptero na ida e vou passar ali de novo na volta, o prédio abandonado da Unila”, revelou. “Nosso compromisso com o povo brasileiro, primeiro, é que nós vamos reconstruir a Unila.”
No trecho final do discurso, Lula desejou sorte a Enio Verri e ressaltou que a atuação da empresa e do governo será sem levar em conta critérios como partidos políticos. “Não quero saber de que partido é o governador, o prefeito ou o vereador. […] Se o povo tiver necessidade, nós vamos fazer, independentemente de quem seja”, realçou.
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