O juiz Hugo Michelini Júnior marcou para o próximo dia 7 de dezembro, às 8h30, o Tribunal do Júri para o julgamento do policial penal Jorge Guaranho. O bolsonarista atirou e matou o servidor público e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Marcelo Arruda, em 9 de julho de 2022.
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A vítima celebrava o aniversário de 50 anos com familiares e amigos, em um clube privado que fica na região da Vila A, em Foz do Iguaçu. A decoração do evento homenageava o PT e o líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje é presidente da República.
Guaranho invadiu o local, com a mulher e o filho ainda bebê. Discutiu com algumas pessoas presentes à festa e saiu com o seu carro. Cerca de onze minutos depois, retornou e efetuou os disparos que mataram Marcelo, que reagiu em legítima defesa, já baleado e caído, conforme a promotoria.
O juiz afirmou que o processo seguiu os ritos da norma e convocou o júri. “Reconheceu este juízo a existência de prova da materialidade dos fatos e indícios suficientes da autoria, a justificar a pronúncia do acusado”, despachou Hugo Michelini Júnior.
O policial penal será julgado por homicídio qualificado. Na denúncia à Justiça, o Ministério Público do Paraná enfatizou que “salta aos olhos a motivação política”, entendendo o assassinato por diferença político-partidária, ainda que a legislação não tipifique como “crime político”.
“Ele foi pronunciado e será julgado nos exatos termos da acusação: homicídio qualificado por motivo torpe e perigo comum”, explicou ao H2FOZ o advogado Paulo Henrique Zuchoski, o PH. Ele atendeu a família de Marcelo Arruda no processo.
A defesa de Jorge Guaranho desistiu de atuar para evitar o júri. Depois, chegou a ingressar com recurso junto ao Tribunal de Justiça para afastar a qualificadora de perigo comum, mas também abriu mão desse expediente. A reportagem apurou que as penas têm potencial de chegar a 30 anos, em caso de condenação.
Outro lado
Em uma das audiências do caso, a mãe de Jorge Guaranho, Dalvalice Rocha, afirmou que o filho não é assassino e o que houve foi uma tragédia. “Tudo começou porque ele passou com a música do mito, o rapaz se alterou e jogou pedras”, declarou. Afirmou, também, na época, que o filho não se lembra dos fatos, só que estava no carro.
Dez testemunhas e 7 jurados
O juiz Hugo Michelini Júnior determinou a realização do sorteio dos jurados do caso para 20 de novembro, com a seleção de 21 pessoas, das quais sete formarão o Conselho de Sentença. O júri não será conduzido, necessariamente, pelo magistrado que o marcou.
Na sessão, serão ouvidas 10 testemunhas já indicadas na fase processual, divididas de forma igualitária. Além disso, defesa e acusação poderão indicar peritos, que são profissionais que poderão discorrer tecnicamente sobre circunstâncias e provas.
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