O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiu, nesta quinta-feira, 13, transferir o tribunal do júri do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho de Foz do Iguaçu para Curitiba. O chamado “desaforamento do julgamento” foi solicitado pela defesa do réu.
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O julgamento, após adiado, chegou a ter início no dia 2 de abril, no Fórum de Justiça iguaçuense, na cidade em que ocorreu o assassinato. A defesa do acusado abandonou a sessão, o que foi visto como manobra pelo corpo de acusação.
Guaranho será julgado pelo assassinato do então tesoureiro do Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, crime ocorrido em 2022. A defesa do réu pretendia mudar o julgamento para Cascavel, no Oeste, mas a decisão do TJ-PR foi pela capital do estado.
Agora, o processo será remetido para uma das duas varas do Tribunal do Júri de Curitiba. Não há data para o julgamento, porém o advogado Daniel Godoy Jr., da acusação, revela a expectativa de que o caso chegue agora a um desfecho.
“A demora traz prejuízos para todas as partes. Mas, principalmente, traz sofrimento para a família do Marcelo, que também é vítima desse crime brutal”, afirma. “Ele deixou viúva e quatro filhos, sendo que o mais novo só tinha 45 dias quando o pai foi assassinado”, completa o advogado.
Já a defesa de Jorge Guaranho argumenta que, entre os jurados sorteados, há funcionários da Itaipu Binacional e da prefeitura. Com efeito, são espaços que exerceriam influência favorável à tese da acusação, devido à trajetória de Marcelo Arruda e seus familiares.
“Tal decisão é fundamental para assegurar um júri equilibrado e imparcial, garantindo a lisura do processo e a efetivação do direito à ampla defesa, conforme preceituado na Constituição Federal”, expressou a banca de advogados de Jorge Guaranho. “A medida visa prevenir quaisquer influências externas que possam comprometer a equidade do julgamento.”
Parecer do Ministério Público Estadual pediu a manutenção do júri popular em Foz do Iguaçu. O procurador Paulo José Klesser argumentou que “a transferência do local de julgamento seria uma autêntica violação ao princípio do juiz natural, pois subtrair-se-ia da sociedade de Foz do Iguaçu o direito de julgar seu semelhante”.
A acusação sustenta que houve violência política como agravante no assassinato do petista Marcelo Arruda, o que poderá resultar em pena de 12 a 30 anos, aponta. A defesa refuta a alegação, afirmando ter havido um desentendimento entre réu e vítima.
Histórico
Marcelo Arruda comemorava 50 anos com a família e amigos, em uma festa privada, com decoração alusiva ao Partido dos Trabalhadores, do qual era tesoureiro municipal, e ao então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jorge Guaranho, que estava em outro clube perto, invadiu a confraternização.
Primeiro, conforme o Ministério Público, chegou acompanhado da esposa e do filho, um bebê.
Demonstrando estar armado, gritava “Bolsonaro” e “mito”. Após a discussão, deixou o local, retornando sozinho, depois, quando praticou os disparos contra Marcelo Arruda, que revidou já baleado e em legítima defesa, segundo a promotoria, atingindo Guaranho.
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