Câmara aprova título de Cidadão Honorário ao ex-prefeito Dobrandino da Silva

Proposta foi assinada por todos os vereadores. Ao lado do irmão Altair Ferraz da Silva, o Zizo, e com a “velha guarda” do MDB, Dobrandino manteve um grupo político que dominou as disputas eleitorais em Foz por anos.

Proposta foi assinada por todos os vereadores. Ao lado do irmão Altair Ferraz da Silva, o Zizo, e com a “velha guarda” do MDB, Dobrandino manteve um grupo político que dominou as disputas eleitorais em Foz por anos.

Se quando atuava ativamente nos processos eleitorais de Foz do Iguaçu o ex-prefeito Dobrandino Gustavo da Silva dividia opiniões, pode-se dizer que hoje ele é unanimidade, pelo menos entre os atuais vereadores. O Legislativo aprovou, nessa terça-feira, 16, projeto de decreto legislativo que concede a ele o título de Cidadão Honorário, principal honraria do município.

A proposta é assinada por todos os 15 parlamentares iguaçuenses dessa legislatura e foi aprovada por unanimidade. Esse tipo de matéria é deliberada em único turno, sendo promulgada na sequência pela presidência do Legislativo, de acordo com o rito estabelecido no Regimento Interno da Câmara Municipal.

Eleito primeiro prefeito pelo voto direto em 1985 com o fim da ditadura civil-militar, Dobrandino da Silva é o político que soma o maior número de mandatos eletivos na cidade até o momento, sempre pelo MDB. Seu prestígio ajudou a eleger outros familiares, a exemplo do filho, Celso Sâmis da Silva, que foi prefeito de Foz do Iguaçu na gestão 2001–2004.

A legislação estabelece que o título de Cidadão Honorário pode ser entregue a pessoas “com reputação ilibada e conduta pessoal e profissional irrepreensíveis que tenham prestado relevantes serviços à cidade”. Também pode recebê-lo a pessoa que atuou “nos variados campos do conhecimento humano” e venha a merecê-lo como motivo de honra para a população.

Articulador da chancela a Dobrandino da Silva, o vereador Valdir de Souza “Maninho” (PSC), que se elegeu para o primeiro mandato participando do grupo político do ex-prefeito, no então PMDB, disse que o veterano político teve erros, porém maiores foram os acertos, em sua análise. Da tribuna, leu um histórico sobre a inserção do homenageado na vida pública iguaçuense.

“Em uma época em que não se tinha grandes planejamentos, mas era preciso ter atitudes, decisões, Dobrandino teve atitude e a sensibilidade para tomar decisões”, afirmou. “As pessoas mais humildades precisavam do apoio e do braço forte de um gestor. E isso aconteceu”, enfatizou o vereador Maninho.

No texto em que justificam o reconhecimento ao ex-gestor, os vereadores dizem que o título de Cidadão Honorário é “por seu histórico de vida pública, no qual se inclui a condição de primeiro prefeito de Foz do Iguaçu, eleito democraticamente pelo voto direto dos munícipes locais”. Para os edis, Dobrandino da Silva é um dos políticos mais importantes da história da cidade.

Dino, Zizo e a “velha guarda” do MDB

Prefeito por duas gestões, vereador e deputado estadual por três mandatos, sendo o último concluído em 2012, Dobrandino da Silva fez do MDB uma das principais forças políticas iguaçuenses durante a redemocratização. Esse processo foi marcado na cidade com a eleição direta para prefeito – vencida por ele em 1985 –, o que pôs fim à era dos interventores militares na administração municipal. Retornou ao comando da prefeitura em 1992.

Amado e odiado no meio político, de viés populista, junto com o irmão, Altair Ferraz da Silva, o Zizo, constituiu um consistente grupo partidário que dominou as disputas eleitorais iguaçuenses por anos. Processos na Justiça retiraram Dobrandino da Silva das urnas. A máquina política e eleitoral da família Silva, entre outros fatores, logrou eleger Sâmis, seu filho, ao cargo de prefeito em 2000.

O herdeiro eleitoral de Dobrandino foi derrotado quatro anos depois, ao buscar a reeleição, por Paulo Mac Donald Ghisi, o qual liderou até então uma inédita coligação de 17 partidos políticos, batizada de “Frentona”. Depois disso, Sâmis não voltaria a ocupar a principal cadeira do Palácio das Cataratas. Diante do enfraquecimento de seu grupo político, Dobrandino da Silva assistiu à filiação de Sâmis ao PSDB, partido com o qual rivalizava a cena iguaçuense desde a década de 1990, em uma tentativa de sobrevida eleitoral, sem sucesso.

Dobrandino também estabeleceu apoio com o antigo desafeto Chico Brasileiro, que concorreu pela primeira vez à prefeitura em 2012. Mais recentemente, o caudilho local viu, ainda, o “seu” PMDB mudar de mão, passando para o controle dos velhos adversários, entre eles aliados de Chico Brasileiro.

Honraria foi aprovada na Câmara de Vereadores por 15 votos a favor – Foto: Reprodução
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1 comentário
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